“Israel e Hamas são faces da mesma moeda”, diz deputado italiano que presenciou bloqueio de ajuda em Gaza 

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Angelo Bonelli fala com exclusividade ao GGN sobre a situação em Gaza, o impacto da fala de Lula e inércia no plano internacional

Deputado italiano Angelo Bonelli ganhou as redes sociais por denunciar que a ajuda humanitária brasileira foi impedida pelas forças israelenses de entrar em Gaza. | Imagem: Reprodução/Youtube/TVGGN

O deputado italiano Angelo Bonelli, que esteve na passagem de Rafah, na fronteira do Egito com a Faixa de Gaza, nesta semana, afirmou em entrevista exclusiva que a política militar do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu coloca Israel na mesma posição criminosa que o Hamas. A declaração foi dada em entrevista ao jornalista Luís Nassif, no programa TVGGN 20 Horas, na noite de quarta (6).

Há uma grande responsabilidade do governo de Netanyahu [sobre a situação de Gaza], como também há responsabilidade da organização terrorista do Hamas. Ambos são face de uma mesma moeda”, declarou o italiano.

Para Bonelli, o Hamas é em sua origem uma organização terrorista, mas a condução da guerra por Israel é um claro ato de genocídio contra o povo palestino.

O Hamas não está ajudando o povo palestino, mas o grande problema é que Netanyahu é também um criminoso e a estratégia política militar do governo israelense é expulsar o povo palestino de Gaza, determinar uma ocupação permanente do território, sem os palestinos, e é por isso que há ato de genocídio”, disse o parlamentar. 

Bonelli foi questionado sobre a o impacto da declaração do presidente Lula, que classificou a ação de Israel em Gaza justamente como ato genocídio.

Há uma classificação jurídica da terminologia de genocídio. A Convenção de Genebra que vai determinar o que são atos de genocídios. Quando pessoas não têm nada para comer e tudo isso é planejado, aí vamos começar a falar sobre genocídio. Acho que o presidente Lula tem razão em sua fala”, afirmou.

O parlamentar italiano reiterou ainda sua perspectiva sobre a atuação do Hamas, que tem sido levantada como “resistência” por alguns intelectuais. Segundo ele, “quando pessoas são mortas em suas próprias casas como aconteceu em 7 de outubro, isso é terrorismo”. 

A Autoridade Palestina tem problemas com o Hamas, assim como a Liga de Países Árabes. Hamas é uma organização de estado, também uma organização política e também uma organização terrorista”, pontou.

Inércia internacional

Além da responsabilidade dos envolvidos no conflito, Bonelli criticou ainda a “falta de iniciativa diplomática” internacional diante da barbárie, que deixa “o povo palestino isolado.”

Trinta mil civis morreram e tem um problema para trazer ajuda humanitária a Gaza. Por que não pode entrar ajuda? Por que Europa, Estados Unidos não podem fazer nada? É preciso falar: ‘pare, Netanyahu!’ E vamos fazer entrar ajuda humanitária. Esse é o grande problema que está determinando a desestabilidade do Oriente Médio”, analisou.

Eu fico muito preocupado. O candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump falou que a estratégia de guerra de Israel é boa. Se vencer, ele vai continuar apoiando essa estratégia. Além do problema da Europa, que tem uma falta de iniciativa política diplomática pela paz”, acrescentou.

Nesse cenário, Bonelli comentou sobre a dificuldade da Organização das Nações Unidas (ONU) em mediar um acordo pela paz.

“A ONU não está funcionando e todo mundo sabe. O objetivo é dois estados e dois povos, mas o governo de Netanyahu é o pior inimigo da paz. Talvez, quanto mais rápido o governo de Netanyahu cair, mais rápido podemos falar de um processo de paz“.

“Gente morre de fome e tem 1500 caminhões bloqueados”

Antes da entrevista, Bonelli ganhou as redes sociais por denunciar que ajuda humanitária brasileira foi impedida pelas forças israelenses de entrar em Gaza. Ele contou o que viu durante a viagem ao território, junto com uma comitiva de parlamentares europeus.

“Quando eu cheguei na Cruz Vermelha, questionei o chefe da entidade: porque todos esses produtos estão aqui e não em Gaza? E ele me falou que ficava ali porque o exército brasileiro disse que o exército de Israel barrou por questões de segurança. Mas como pode ser que um purificador de água pode apresentar um problema a segurança?

São30 caixas da ajuda Brasil bloqueadas, mas tem outras da Alemanha, Espanha, Singapura, França, caixas de medicamentos, incubadoras para bebês recém nascidos. Como pode ser que incubadoras apresente problemas contra a segurança? Isso é uma loucura, inaceitável!

Tem gente que morre de fome e tem 1500 caminhões bloqueados. Isso que é um crime (…) Conversei com o chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos, a UNRWA, e ele afirmou que a a situação de Gaza é trágica, especialmente a situação de crianças, que não tem nem água para beber.

Gaza não tem estrutura sanitária de saúde, 24 dos 36 hospitais estão destruídos. Mais de 80% das residências de civis foram destruídas pelos bombardeios de Israel. Tem uma coisa horrível acontecendo no silêncio geral“.

Assista a entrevista na íntegra:

Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

1 Comentário

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  1. O holocausto foi uma página trágica na história da humanidade e o extermínio de mais de cinco milhões de judeus não “legaliza”, não torna o estado de Israel com o direito de praticar o genocídio de um povo como está fazendo agora. Isto só mostra que Netanyahu aprendeu muito bem com Hitler.

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