Os EUA e a questão da Crimeia

Por Jorge Nogueira Rebolla

Do Vermelhos não

O americanismo cara de pau

O presidente americano declarou que um referendo para os habitantes da Crimeia decidirem o seu destino viola a constituição ucraniana e as leis internacionais. Tem algo estranho nessa história. Por quê agora é ilegal e há seis anos atrás não?

Em 17 de fevereiro de 2008 a região autônoma de Kosovo, parte integrante da Sérvia, status semelhante ao da Crimeia em relação à Ucrânia, declarou unilateralmente a sua independência. Quais foram os primeiros países do mundo a reconhecerem o novo Estado? Os EUA e 22 membros da União Europeia. Detalhe: lá sequer houve uma consulta popular para decidir a separação. Foi uma decisão conjunta EUA-UE, impondo a sua vontade sobre a fragilizada Sérvia.

A questão não é se a Rússia e o presidente Putin representam ou não o nosso ideal de democracia, mas sim a tirania existente entre as nações do mundo. Como justificar que os aliados dos Estados Unidos podem e os demais não? Seria uma pureza inata que sempre busca a justiça e a liberdade? A continuidade dos ideais do fundadores da república americana intactos por mais de dois séculos?

Absolutamente não! O mais influente político kosovar após a declaração da independência e atual primeiro-ministro possui uma extensa folha corrida de crimes de guerra: sequestros, torturas, execuções sumárias, etc. Apesar das inúmeras denúncias contra Hashim Tachi, o Tribunal Penal Internacional até o momento não considerou a possibilidade da abertura de um processo. Nem mesmo do período no qual era um dos comandantes do Exército de Libertação do Kosovo, KLA na sigla em inglês. A principal fonte de recursos para o financiamento deste grupo terrorista durante a guerra dos balcãs foi o tráfico de drogas. A situação em torno do personagem aliado dos países ocidentais é sombria, até mesmo rumores de tráfico de órgãos retirados das vítimas do grupo foram notícia em jornais de primeira linha na Europa.
Existe uma passionalidade entre os defensores dos dois lados na crise ucraniana. Os alinhados com o ocidente veem a tentativa de trazer a Ucrânia para o lado dos bons e dos justos. Um enclave democrático no leste europeu. Uma emulação da terra da liberdade e das oportunidades. Os rivais, em sua maioria até hoje descontentes com o desaparecimento da URSS, consideram que uma Ucrânia de costas para a Rússia fortaleceria o imperialismo yankee e fortaleceria o seu domínio sobre o planeta.

A coisa não é uma disputa entre os adeptos da democracia e os agentes de uma conspiraçãofascio-bolchevique eurasiana idealizada pelo professor Aleksandr Dugin. Um dos lados atualmente está muito distante do regime democrático clássico, Ato Patriota, espionagem ilimitada da população e ordens executivas secretas, e o outro não corresponde exatamente ao esmagamento de uma liberdade que não existe mais, até porque o antigo liberalismo político ocidental jamais penetrou nas autocracias russa e chinesa. Morreu aqui antes de ter a oportunidade de florescer lá.

Para nós periféricos o que interessa é o reflexo que isso pode ter aqui. Simplesmente não podemos tolerar que um país considere sua prerrogativa a jurisdição mundial. Dizer quem e como deve fazer política. Isto serve tanto para uma disputa territorial quanto cultural. Até um mês atrás qual era o principal motivo das críticas à Rússia?

Nós que somos adversários da esquerda o que tememos? No meu caso, acima de tudo, a intromissão estatal na vida privada. Quase no mesmo patamar o ataque constante contra as nossas tradições morais, culturais e religiosas. Inclusive com a criminalização das questões de foro íntimo. No Brasil atual de onde vêm as maiores pressões para uma nova forma de organização social? A família enfraquecida, a relativização do direito à propriedade frente as demandas dos movimentos ditos sociais, a fragmentação étnica da sociedade e outros assuntos afins? Para não me alongar muito basta pesquisar quem são os financiadores e promotores dessa mobilização política. Os nomes que sempre aparecerão serão Ford, Soros, Rockefeller, Gates, Kellog, Skoll e para os interessados por genealogia Windsor, Orange, Bernadotte, etc. Sem falar dos governos dos EUA, França, Inglaterra, Holanda, Alemanha e outros mais fracos.

O temor que alguns sentem de uma pequena aristocracia sino-russa ditando como deveremos viver já é uma realidade aqui, sem a presença dos russos e dos chineses, basta constatar as reivindicações vitoriosas dos grupos minoritários ideologicamente motivados em detrimento do conjunto da população. Vivemos num país onde a igualdade de todos os homens se tornou letra morta, caso contrário como justificar as cotas raciais? Isto não ocorre apenas no embate com os poderes da república, principalmente no Executivo e no Judiciário, com este último referendando automaticamente todas as medidas tomadas pelo governo federal baseadas na agendaprogressista, e quem a banca? Sequer é preciso ir longe para ver os efeitos ou realizar extensas pesquisas, basta ficar frente à TV.

Quando muitos se deparam com as decisões tomadas e sacramentadas lembram-se do seu viés socialista, mas quase sempre se esquecem que os militantes que levaram estas causas adiante foram financiados pelas grandes fundações criadas pelas corporações capitalistas e apoiados por membros da realeza europeia.

Então o que deveremos ter em mente não é quem será o “vitorioso” pelo controle da Ucrânia, mas sim que após o seu desfecho os tentáculos que podem nos sufocar ainda mais sejam mantidos os menores possíveis. Uma possibilidade remota seria rompermos o cerco político-midiático e elegermos um governo conservador, não apenas adversário dentro do mesmo espectro ideológico do PT, como Neves, Campos ou a Musa do Mogno, quanto tempo para eclodir uma revolução colorida seria necessário? Principalmente se as decisões governamentais fossem de encontro aos ditames da ONU e dos financiadores das ONGs.

P.S. Não vou linkar nomes ou fatos. Basta deixar a preguiça de lado é ir ao Google.

Redação

13 Comentários

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  1. > O presidente americano

    > O presidente americano declarou que (…)

    Já tô chegando naquele ponto em que discordo daquilo que Obama “declara” sem nem mesmo saber o que foi declarado. Os EUA sobreviveram a Bush Jr. e vão sobreviver a Obama. Será que sobreviverão a um terceiro desastre políico de iguais proporções?

    1. Nós Estados Unidos,

      Nós Estados Unidos, Presidente eh pau mandado do esquemao militar e financeiro que domina há muito tempo. Político metido a forte, como os dois Kennedys, não sobrevivem. Quem quer a pose de manda-chuva, engole o orgulho e vira representante do esquemao. Eh isso ou a vida.

      Veja a corporação que Judiciário e Procuradorias montaram no Brasil para criarem uma camisa de força no Executivo e eles darem as cartas. A estrutura estah cada dia mais forte e poderosa, segue conseguido o que quer, domina o pais e bota o Executivo e Legislativo de quatro para a eternidade. Ou representam o que a turma quer ou cadeia.

      Pelos interiores do pais, parece que a coisa já estah avançada. Ouvi esses dias, o depoimento de dois parentes do interior, por la quem manda eh o Promotor. O Prefeito morre de medo e não enfrenta, como não quer fazer as prioridades definidas pelo Promotor, não faz nada. 

       

    2. E você acredita que o próximo

      E você acredita que o próximo presidente, seja lá quem for, será muito diferente destes aí? É apenas um garoto propaganda! Nenhum governo acredita na democracia, você não vê em nenhum país do mundo o povo ser informado e consultado sobre TUDO que importa. Nossos representantes sao uma piada de mau gosto e a democracia institucionalizada é uma peça de teatro para encobrir jogos de interesses. A grande falácia é dizer a política vai mal porque o povo vota mal… sendo que com estas opções de escolha não haveria muita diferença no fim das contas… um jogo de cartas marcadas, sempre.

      Posso concluir que a liderança da humanidade não evoluiu nada ao longo dos séculos. Mudaram apenas os métodos, o discurso, a tecnologia e a maquiagem. Pelo menos antes eles tinham a coragem de se assumir como bárbaros.

  2. movimentos querendo o mesmo


    movimentos querendo o mesmo para criar a Nação Indígena Amazônica tem sido apoiado por americanos, especialmente por ONGs

  3. Os primeiros parágrafos do

    Os primeiros parágrafos do texto foram bastante sóbrios. O Rebolla pontuou muito bem o ponto de vista liberal, enfatizando que não precisamos de um país que seja o guardião do mundo.

    Ao trazer a questão para a realidade brasileira cometeu alguns exageros, mas aí o ponto de vista legitimamente conservador do autor do texto é que dominou. Entretanto, apesar de me considerar progressista, ainda vejo com deconfiança algumas demandas progressistas que acabam por fazer pilhéria com padrões estabelecidos em nossa sociedade. A impressão que dá é de que é necessário atropelar alguns princípios da maioria em favor de uma minoria barulhenta.

    1. Vou por aí também, Vinícius,

      Vou por aí também, Vinícius, mas sou mais radical. Os primeiros parágrafos são muito bons. Mas aí o Rebolla voltou a ser Rebolla e a maionese desandou. Além do conservadorismo de sempre “rebolou” em excesso e atrevessou o samba. Que salada ideológica!

      Consumam a primeira parte e descartem a segunda, que não faz sentido nenhum

      1. Pode aparentar…

        … mas não é. Seria se no mundo existissem apenas duas facções. Quem está com A é contra B e vice-versa.

        Caso você não tenha notado o texto é crítico aos que se alinham automaticamente aos EUA como os protetores máximos do seu estilo de vida e das suas tradições culturais. Neste caso chamados de conservadores.

        Todos os medos que possuem de um suposto domínio mundial por parte dos malvados do leste os cegam para a realidade, não veem que o que pretendem conservar está sendo erodido pelos bonzinhos do oeste. 999 entre 1000 autointitulados conservadores se rasgariam para posarem numa foto com sua majestade Elisabeth ou com o Bill Gates, para se juntarem aos dois então… nem sei do que seriam capazes. Porém estes dois promovem, seja através do apoio político ou econômico, justamente o que mais abominam nos vilões difusos ou ocultos pelos critérios midiáticos. Ao mesmo tempo não reparam no que ocorre ao seu redor.

        Então meu caro, pelo menos no meu caso:

        Ser favorável à iniciativa privada não é o mesmo que entregar o poder político para as grandes corporações. Barões ladrões são mais nefastos do que líderes populistas demagogos para a política.

        Um Estado mínimo no controle social sobre o cidadão, não representa o abandono da sua função de prover condições menos desiguais de oportunidades para quem não teve a oportunidade de receber uma boa herança patrimonial ou educacional.

        E continua por este caminho…

        Acredito que a sua confusão seja por acreditar, aliás como a quase totalidade, que o grande divisor seria a defesa ou não de um determinado sistema econômico como o grande balizador ideológico. Um reducionismo materialista da existência humana, só que para mim o mais importante é o que está relacionado ao espiritual (em sentido amplo, oposição ao material).

        O Estado pode e até deve disciplinar as relações econômicas, mas não as crenças individuais. Como conseguir esse equilíbrio sem causar uma hipertrofia do aparelho repressor é a questão… afinal poder econômico e político juntos formam a tirania, estejam eles nas mãos de quem quer que seja.

         

         

         

  4. Que samba de esquizofrênico…

    Para o articulista, em suma, é melhor entregar logo a rapadura para evitar que dêem um jeito de nos tomá-la…

  5. O americanismo cara de pau.

    Eu acho que a cara de pau é do Rebolla de querer se fazer acompanhar de comentaristas, demonstrando conhecimento político em muitos efeitos de sacrificios de vidas, mas não interpela a fundo a questão da liberdade econômica, para esclarecer o deus mercado – para quem todos os países existem.

    O problema não é americanismo ou comunismo.

    Quem faz a guerra à sua própria custa?

    Quanto a isso, se plantamos os valores dos países no mercado, será que colheremos de lá os bens materiais?

  6. Soberania da Crimeia

    Entao o que serve para as Malvinas (distante milhares de quilometros da Inglaterra, que decidiu por seus moradores ficar  com a Inglaterra e nao com a  Argentina, apesar de ficar no  seu territorio geografico), nao serve para a  Crimeia, com a mesma descisao por seus  moradores e fronteira com a Russia). Impossivel engolir  mais esta.

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