Parlamento da Crimeia aprova independência e pede anexação à Rússia

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O Parlamento da Crimeia aprova independência à Ucrânia hoje (17), em resolução que será encaminhada à Rússia. A medida oficial ocorre depois do resultado do referendo de ontem (16) que, ao entrevistar 1.274.096 crimeanos (equivalente a 83,1% dos eleitores), obteve a maioria favorável à anexação ao território russo.

De um lado, Estados Unidos e União Europeia dizem ser o referendo inconstitucional e ilegítimo. Em conversa por telefone ontem, Vladimir Putin, presidente russo, alegou a legitimidade, enquanto Barack Obama lembrou que o Ocidente adotará sanções se a Crimeia ingressas à Rússia. “Como os EUA e os nossos aliados já deixaram claro, a intervenção militar e a violação da lei internacional vão trazer custos cada vez maiores para a Rússia”.

“O resultado não será reconhecido”, afirmou em nota a União Europeia. As novas autoridades de Kiev também consideraram ilegal a consulta.

A resolução do Parlamento da Crimeia ocorreu em uma sessão extraordinária do legislativo, apreciada por 85 deputados. As mudanças decididas foram desde a adoção do fuso horário de Moscou – não mais o de Kiev –, uso da moeda russa, e até a transferência de todas as empresas e órgãos públicos da Ucrânia instalados na península que passarão a ser propriedade local.

Segue para a Rússia, ainda hoje, uma comissão crimeana para discutir as mudanças e pedir ao presidente russo que aceite a República da Crimeia da Federação Russa, inclusive com a adoção desse nome.

Com informações da Agência Brasil, Folha de S.Paulo e Estado de S.Paulo.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. Seria cômico se não fosse trágico

    Dar um golpe de estado e derrubar um presidente eleito pode, mas fazer um plebiscito e seguir a vontade da maioria da população é ilegal, e eles vão sofrer sanções internacionais.

    Os estrategistas de Washington vão de mau a pior. Com o objetivo de esvaziar o poder da Russia, apoiaram um golpe de estado que saiu pela culatra, pois ressuscitou a “Federação Russa”. Se os Russos forem espertos, e costumam ser, vão cuidar muito bem da Crimeia e daqui a alguns anos vamos ter uma lista de países se candidatando a entrar para a federação. Eles acham que são os únicos “espertos” no mundo, mas só esqueceram de combinar com o adversário.

    De resto, é muito cinismo ocidental querer impor sanções à “intervenção militar Russa”, pois se essa regra valesse de verdade, os EUA já estariam quebrados de tantas sanções.

    Ainda declararam que haveria muita abstenção na votação, pois o plebiscito era realizado sob pressão do exército Russo. No final, 95% de mais de 80% da população foi favorável.

    A próxima declaração, absolutamente previsível, será dizer que houve fraude nas apurações.

    Parece até novela da Globo. No primeiro capítulo você já sabe o final.

     

  2. Câmera, Ação!

    Nassif: vamos nos basear na Lusa, pois Estadão e Folha além de parciais, são facciosos. O trabalho de distorce o que escrevem é um esforço hercúleo. O índice de 96,8%, segundo o premier da Criméia, não deixa dúvidas das intenções daquele Povo. E essa de “pressionados” por suposta ocupação soviética é piada de mau gosto. Trata-se de gente acostumada a brigar por sua liberdade e autonomia, desde 1453 d.C., segundo a História. Vejamos, a partir da composição do eleitorado. Num colégio de 1.5000.000 eleitores (100%), 1.200.000 (80%) foi o comparecimento. Destes, 1.161.600 (96,8%) disseram SIM e 38.400 (3,2%) disseram NÃO. A abstenção foi de 300.000 (20%). Nas composições étnicas-eleitorais, temos, dos números (e percentuais) acima, 870.000 russos (58%); 375.000 ucranianos (25%); 180.000 (12%) tártaros e 75.000 (5%) de outras etnias. Cruzando o universo eleitoral étnico, o número de abstenções (300 mil), menos o número de ucranianos residentes (375 mil), nos leva a supor apenas 5 mil ucranianos se dispuseram a votar e, provavelmente, disseram NÃO. Sobraram dos descontes 33,4 mil pró-ocidente, que podem estar encaixados seja nos tártaros ou em qualquer das outras etnias que compõem aquela colcha-de-retalho humana. E essa da pressão dos norteamericanos e europeus é puro “mise-en-sciène”, para agradar determinadas plateias. Nada de efetivo ou concreto. Até porque, tanto um como outro teriam muito mais a perder. A própria Rússia, não fosse o jogo político que envolve a questão, pouco ou nada se importa com aquele Povo, não fosse a base militar em Sebastopol e o comércio na região. É a história que se repete. Agora, como “farsa”. E, como dizia Goethe, “o Povo geme!”

  3. A Ucrânia não vai ficar no prejuizo

    O fragmentado país vai receber uma mirabolante ‘ajuda ocidental’

    “De acordo com uma reportagem do Kommersant-Ucrânia, os fantoches de Washington, no Ministério das Finanças, em Kiev, que estão fingindo ser um governo,  prepararam um plano de austeridade econômica que vai cortar os valores das pensões ucranianas em torno de 80 a 160 dólares, para que os banqueiros ocidentais, que emprestaram dinheiro para a Ucrânia, possam ser reembolsados à custa do pobre da Ucrânia.

    A mídia ocidental corrupta descreve os empréstimos como “ajuda.” No entanto, os 11 bilhões de euros, que a UE está oferecendo a Kiev, não é ajuda. É um empréstimo. Além disso, ele vem com muitas amarras, incluindo a aceitação de um plano de austeridade do FMI.

    O plano de austeridade vai cortar serviços sociais, fundos para a educação, vai  desvalorizar a moeda, elevando, assim, os preços das importações – que incluem gás russo – a eletricidade e dispensar funcionários públicos, abrindo os ativos ucranianos para a aquisição de empresas ocidentais.

    As terras agrícolas da Ucrânia vaão passar para as mãos do agronegócio americano.” – Paul Craig Roberts

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