Reino Unido discute reestatização das águas

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Mais de 70% das empresas são controladas por estrangeiros; cresce pressão para responsabilização por problemas

Foto: danilo.alvesd on Unsplash

O debate em torno da reestatização de serviços oferecidos ao público não está relacionado apenas com a geração de empregos ou com a autonomia de um país, mas também com a qualidade dos serviços oferecidos à população.

O setor de águas britânico foi privatizado há mais de três décadas, com a promessa de que a população seria pequena acionista do segmento. Na verdade, o controle da indústria da água britânica acabou nas mãos de outros interessados.

Segundo o jornal britânico The Guardian, pelo menos 72% da indústria de água e esgoto inglesa é controlada por fundos de investimento, fundos de pensão, fundos de private equity e até mesmo empresas sediadas em paraíso fiscal.

A maioria das empresas de água da Inglaterra pertence à iniciativa privada, e apenas três delas estão listadas em bolsa de valores – sendo que grande parte desses papéis pertence ao mesmo perfil de fundos de infraestrutura e empresas de capital privado.

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“Seis empresas de água estão sob investigação por atividades potencialmente ilegais, à medida que cresce a pressão sobre a indústria para investir mais dinheiro na substituição e restauração de infraestruturas em ruínas para proteger o meio ambiente e a saúde pública”, ressalta o jornal.

Tal rede de investidores só veio a público diante do aumento da pressão por políticos e pela opinião pública, que querem punições para essa indústria por fatores como despejo de esgoto, vazamentos e escassez de água.

Segundo Kate Bayliss, pesquisadora associada do departamento de economia da Soas University of London, o modelo vigente no país é “bem diferente” do que se espera das operações de uma empresa privada.

“Não é simplesmente o caso de o proprietário pretender aumentar a receita e reduzir os custos e manter os lucros”, diz a pesquisadora. “É mais provável que os ganhos de private equity sejam alcançados pela reestruturação das finanças da empresa ou engenharia financeira do que por melhorias de produtividade…”

A pesquisadora destaca ainda o foco voltado para a extração de receitas, em detrimento da preocupação com a saúde de longo prazo de uma empresa, o que abre espaço para a criação de estruturas financeiras que chegaram a levar empresas ao colapso.

Enquanto isso, ativistas afirmam que o Parlamento britânico poderia renacionalizar o setor sem ser obrigado a compensar os acionistas, um movimento que tem buscado reavaliar o sistema após as críticas de que a indústria não tem agido de acordo com o interesse público.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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