Resolução sobre Gaza fracassa com veto dos Estados Unidos

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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A proposta de resolução do Brasil, que preside o Conselho de Segurança da ONU, recebeu 12 votos de apoio e duas abstenções

Planário do Conselho de Segurança da ONU. Crédito: Patrick Gruban/ Creative Commons

Há quase uma década o Conselho de Segurança das Nações Unidas não chega a um consenso sobre a questão entre Israel e Palestina. 

Havia a esperança, por parte da diplomacia brasileira, de que nesta quarta-feira (18) a resolução costurada pelo país pudesse mudar essa história ao propor que uma pausa humanitária fosse estabelecida em Gaza. 

Com um veto dos Estados Unidos, a proposta do Brasil não foi aprovada e o fracasso aprofunda a crise política e a capacidade do organismo internacional frear o ciclo de mortes na Faixa de Gaza.

A proposta de resolução do Brasil, que preside o Conselho de Segurança da ONU, recebeu 12 votos de apoio e duas abstenções (Rússia e Reino Unido). Mas o poder de veto dos EUA foi suficiente para derrubar a proposta. 

De acordo com o colunista Jamil Chade, o voto era visto como um teste para a credibilidade do Conselho que, nos últimos sete anos, não havia conseguido aprovar nenhum entendimento entre as potências no que se refere à crise entre palestinos e israelenses. 

Votaram pela resolução os seguintes países: Brasil, França, Malta, Japão, Gana, Gabão, Suíça, Moçambique, Equador, China, Albânia, e Emirados Árabes. 

Tentativas do Brasil 

O Brasil tentou amenizar o texto, na esperança de conseguir o apoio dos EUA. A Casa Branca já havia avisado ao Itamaraty que os americanos não queriam qualquer tipo de ação do Conselho de Segurança sobre o tema. O Brasil havia aceitado retirar do texto original a referência a um cessar-fogo. 

“Infelizmente, o silêncio e a inação prevalecem”, lamentou o embaixador do Brasil na ONU, Sérgio Danese, conforme coluna de Jamil Chade. Para ele, o projeto era equilibrado e lembrou que os civis não podem continuar sofrendo.

Depois de cinco dias de intensas negociações, a esperança do Itamaraty era a de que o documento fosse considerado como equilibrado o suficiente para impedir que EUA ou Rússia vetassem os termos propostos pelo Brasil.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

5 Comentários

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  1. Somos sempre os culpados

    A guerra, além de ser uma indústria da morte, da mutilação e do horror, também será a eterna destruidora de vidas, de famílias, de sonhos e de nações.
    Com exceção das estúpidas, covardes e genocidas autoridades e seus diabólicos comandantes, que sempre souberam que por trás de todas as guerras está a obsessiva ganância pelo interesse financeiro, material, territorial e estratégico.
    Planejam, criam, alimentam e executam provocações, desavenças e agressões entre nações, para bombardear o planeta com falsas e forjadas narrativas contra o lado que elegeram como o alvo a ser destroçado, para que, assim, possam entrar em ação e finalizarem a conquista tão almejada, planejada e executada, com maestria maldosa e o absoluto sucesso.
    Imagino que o genocídio que ocorre é apenas um detalhe e que não deve servir como impedimento aos seus planos.
    Pretendem que as riquezas do novo tesouro conquistado lhes permitam obter mais poder, para se tornarem muito mais temidos do que pensam ser.
    No lado oposto a toda essa vergonhosa, covarde, cruel e genocida imundície assassina, se posiciona os seres humanos que são tentados, enganados, iludidos, ludibriados e teleguiados pelas falsas e comoventes narrativas que produzem, com o auxílio de algumas corporações da grande mídia internacional.
    Pouco se lixam se irão destruir muitos sonhos, muitas vidas e o futuro de milhões e milhões de civis e de jovens despreparados combatentes, que lutam, que matam, que mutilam e que morrem em quantidades imperdoáveis.
    Essas estúpidas, mórbidas, covardes e genocidas autoridades das trevas e da ganância, fazem, prazerosamente, que muitos civis sejam atingidos e que nossos filhos e filhas enlute as famílias de outros tantos também jovens, filhos e filhas que nunca fizeram mal aos nossos e as nossas, assim como também os nossos e as nossas nunca os fizeram mal a eles e elas.
    Apesar de não se conhecerem e viverem em países distantes, eles e elas, filhas e filhos estão lá, no inferno dos campos da guerra obedecendo a uma suposta pátria que só existe nas bocas sujas, nos insaciáveis bolsos, nos alucinados e ambiciosos olhos gordos das autoridades mentirosas e traiçoeiras de Mamom e da Guerra.
    Desde o início da história do mundo, nas guerras combateram e morreram milhões e milhões de inocentes; atualmente cometem e morrem mais milhões de outros inocentes.
    E então cabe a pergunta: quantos milhões de jovens e inocentes, pais, mães, filhos e filhas precisarão morrer ou serem mutilados no futuro? Quantos milhões e milhões de filhos e filhas estão também condenados à morte ou a mutilação, como pena por crimes que não cometeram, mas que só eles e elas são penalizados a serem os futuros heróis mortos ou mutilados?
    Que explicação humana e racional pode explicar e justificar o castigo, de que devam passar pelo sofrimento de trocar de seus lares, suas escolas e seus trabalhos, para serem punidos com a espera da morte?
    O mais trágico de toda a desumana insanidade, que uma guerra provoca, é que a intensidade do horror é tamanha, que existem vários relatos, de antigos combatentes que conseguiram sobreviver, mas que não se livram de seus fantasmas, de que desejaram muito mais a chegada da morte, a terem que continuar vivendo e lutando também com seus tormentos, com seus pavores, com as suas matanças e assistindo a perda da razão, do equilíbrio, da fé, do amor e da alma.
    Toda essa hedionda barbaridade genocida existe e está muito fortemente presente em nosso dia a dia.
    Uma realidade sem razão, sem explicação, sem que a justifique, mas que está bem viva entre nós, ainda que de um modo trágico, vil, repugnante e hediondo.

  2. A NAÇÃO BRASILEIRA É DA PAZ,AMOR E RESPEITO MÚTUO ENTRE CLASSES,PESSOAS E ETC…BENVINDOS AO NOVO BRASIL DE FUTURO DO FUTURO (THE FUTURE) !!!.

  3. Os Estados Unidos, sózinhos, impediram um corredor humanitário. É o caso do traidor que pode mais que muitos:

    “Solo le pido a Dios
    Que el engaño no me sea indiferente
    Si un traidor puede más que unos cuantos
    Que esos cuantos no lo olviden facilmente

    Solo le pido a Dios
    Que el futuro no me sea indiferente
    Desahuciado está el que tiene que marchar
    A vivir una cultura diferente

    Solo le pido a Dios
    Que la guerra no me sea indiferente
    Es un monstruo grande y pisa fuerte
    Toda la pobre inocencia de la gente

    Mercedes Sosa

  4. Na cabeça do Joe Biden, corredor humanitário e cessar-fogo são incompatíveis com a retaliação desproporcional de Usrael, que os EUA chamam de auto-defesa.

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