Biden isenta Israel e culpa palestinos por ataque a hospital em Gaza

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Durante encontro em Tel Aviv, o presidente dos EUA atestou a inocência israelense no ataque ao hospital, que matou ao menos 500 pessoas

“Com base no que eu vi, parece que foi feito pela outra equipe, não por você”, disse ele ao chefe do governo israelense. Foto: Agência RT

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse não acreditar que Israel seja o responsável pelo ataque ao Hospital al-Ahli, na cidade de Gaza, na noite de terça-feira (17). As autoridades palestinas informaram que ao menos 500 pessoas morreram no bombardeio, incluindo crianças. 

Biden fez a declaração durante encontro com primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na capital Tel Aviv, nesta quarta-feira (18). “Com base no que eu vi, parece que foi feito pela outra equipe, não por você”, disse ele ao chefe do governo israelense. Biden disse ainda estar “indignado” e “entristecido” com o ataque. 

Washington prometeu assistência militar contínua a Israel, reafirmando uma posição histórica de aliança entre os dois países, depois de ataque terrorista no sul de Israel, no início deste mês, pelo grupo militante palestino Hamas, que resultou em centenas de mortes. 

Os agressores também capturaram dezenas de reféns no ataque, a quem querem trocar por milhares de prisioneiros mantidos sob custódia israelense. Biden também enfatizou que o Hamas “não representa todo o povo palestino e lhes trouxe apenas sofrimento”.

Biden, porém, não tratou do porquê então Israel atacar o povo palestino como um todo, violando direitos e normas internacionais. O governo israelense, por sua vez, prometeu extinguir o Hamas e submeteu Gaza a pesados bombardeios desde então, incluindo um cerco com remoções forçadas de palestinos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou o ataque ao hospital e incitou Israel a respeitar o direito internacional ao encerrar ataques à população civil e remoções forçadas no norte da Faixa de Gaza.

A visita de Biden

Biden chegou a Israel na manhã de quarta-feira em um gesto de apoio. Mais tarde, esperava-se que ele viajasse para a Jordânia para se encontrar com o rei Abdullah II, o presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. 

O governo da Jordânia, sediado na capital Amã, cancelou a cúpula após o ataque ao hospital e a declaração de Biden, demonstrando a fragilidade dos EUA em negociar a paz ao assumir um lado do conflito sem verificar os abusos cometidos de forma repetida por Israel. 

Netanyahu afirma que a Jihad Islâmica Palestina, outro grupo militante aliado ao Hamas, provavelmente causou a destruição em al-Ahli. Ele disse que a Jihad lançou uma enxurrada de foguetes chegando perto do hospital até atingi-lo. 

O grupo nega a autoria do ataque. A imprensa noticia que o exército de Israel exigiu a evacuação das pessoas que estavam no prédio do hospital, mas sem tempo hábil para a retirada de pacientes e equipamentos. Biden se concentrou nos crimes do Hamas e não tratou dos cometidos por Israel.

“Eles cometeram males e atrocidades que fazem o ISIS parecer um pouco mais racional”, afirmou, referindo-se ao Estado Islâmico (IS, anteriormente ISIS/ISIL), o grupo jihadista que ficou popular por promover execuções de reféns na frente das câmeras em cenários inóspitos.

Com informações da Agência RT

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

7 Comentários

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  1. Faz sentido. Biden fez carreira parlamentar estimulando os negócios dos fabricantes de armamentos “made in USA” e cada bomba despejada por Israel em Gaza terá que ser reposta. A guerra é apenas uma continuação por outros meios dos lucros dos mercadores da morte norte-americanos. Nenhuma paz pode ser duradoura, porque isso levaria as fábricas de armamentos à falência nos EUA. Aliás, nesse caso específico Donald Trump e Joe Biden estão do mesmo lado. Trump é acionista de algumas dessas empresas que ganham dinheiro enquanto nações são destruídas.

  2. Nem seria preciso matar civis na faixa para ferrar com a população já rigidamente controlada antes ou depois do ato terrorista do Hamas. Destruir milhares de prédios numa das mais apertadas e populosas áreas do mundo já seria um crime no mínimo equivalente ao do odioso ataque. Supondo uma média de 12 unidades por prédio com uma família de 4 cada, isto resulta em ~50 mil desabrigados para cada mil destruídos, relegados a sobreviver sobre escombros, com mortos, ratos, doenças, etc. sem água, energia, esgotos, comida inexistente ou escassa, combustível, remédios e insumos, transportes restritos, etc. Gaza se assemelha a uma “comunidade” brasileira dominada por milícias, traficantes, facções, onde as “forças de segurança” destruíssem favelas indiscriminadamente por alguma ação criminosa destes grupos…

  3. O Jornalista Jamil Chade resumiu em uma frase o que está acontecdendo: A humanidade foi testada e falhou.
    O decrépito dos falcões do norte poderia ter acusado os russos,como sempre. Ficaria mais factível.

  4. Estou no rol dos idosos e nada tenho contra os eles e elas. Porém, no caso do senhor Joe Biden, eu penso que está na hora de pedir o boné ou retirá-lo a força, antes que destrua o planeta por conta da sua senilidade explícita. O velho senhor das guerras e invasões demonstra que se torna um perigo altíssimo para o planeta. Parece que sinais de demência e desequilíbrio fará sua pretensão de reeleição receber um cartão vermelho direto e irrevogável. A única coisa que fez de positivo foi vencer o louco Trump, na última eleição para presidente.
    Tchau querido, já vai tarde.

  5. “Based on what I’ve seen, it appears it was done by the other team, and not you. But there’s a lot of people out there who are not sure. So we’ve gotta overcome a lot of things.” – Biden dirigindo-se a Netanyahu.
    Ora, o próprio Biden é uma das muitas pessoas que não tem certeza de que não foi Usrael que promoveu a carnificina no hospital de Gaza, pois falou não em termos de certeza, mas de aparência.

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