A baixa credibilidade de Youssef e a delação premiada, por Miguel do Rosario

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Sugerido por Webster Franklin
 
 
De O Cafezinho
 
 

Privataria Tucana. A gente nao ve por aqui


Mais um título que parece blague, de tão forte.

Não é, infelizmente. É sério.

Alberto Youssef operou para as campanhas de FHC e Serra, segundo matéria de Amaury Ribeiro, publicada na Istoé, em fevereiro de 2003. A mesma fonte afirma, com base em documentos, que ele era também doleiro de Fernandinho Beira Mar.

Esse é o cara que Veja e Globo querem levar à sério e usar para fraudar o debate político nas eleições deste ano.

Mas antes vamos conferir trecho de matéria publicada na Folha, de 10 de agosto deste ano, quando se avaliava a possibilidade da Justiça aceitar a delação premiada de Alberto Youssef, e se discutia a credibilidade do doleiro:

BAIXA CREDIBILIDADE

A maior dificuldade para que a colaboração de Youssef seja aceita é que sua credibilidade tende a zero. As razões da baixa credibilidade é que ele não contou tudo o que sabia na delação premiada que fez em 2007 e não cumpriu a promessa de que não voltaria a atuar no mercado de dólar. A avaliação da PF e dos procuradores é que Youssef usou a primeira delação premiada como alavanca para elevar sua participação no mercado.

A estratégia que usou foi entregar os clientes menos importantes, como políticos e servidores públicos do Paraná, e preservar os grandes, como o deputado José Janene (PP-PR) –que até morrer, em 2010, era o cicerone do doleiro em Brasília e em empresas como Petrobras.

O plano deu certo. Youssef deixou de ser um doleiro do Paraná e passou a ter atuação em São Paulo, Rio e Brasília, segundo a PF. Continuou atuando com o PP, mas conquistou aliados no PT, como o deputado federal André Vargas (sem partido-PR).

O advogado de Youssef, Antonio Augusto Figueiredo Basto, diz que a decisão de colaborar é do seu cliente, mas ele não recomenda o expediente: “O Alberto é mero bode expiatório num esquema muito maior, sobre o qual não há nenhum interesse em investigar. Você acha que ele teria feito tudo de que é acusado sem um parlamentar?”. Ele diz que sai do caso se seu cliente virar colaborador. ”

*

Voltei.

Outro material importante para se entender quem é Alberto Youssef é que ele foi operador das campanhas de FHC e Serra. Observe que a matéria informa ter documentos, bem diferente da Veja, que admite não ter provas de nada do que publica.

Confira trecho de matéria escrita por Amaury Ribeiro, e publicada na Istoé, em fevereiro de 2003:

Conta tucano: Investigações revelam que o ex-caixa de campanha do PSDB movimentou US$ 56 milhões por intermédio de contas no Banestado dos EUA

Por Amaury Ribeiro Jr., Sônia Filgueiras e Weiller Diniz

Documentos a que ISTOÉ teve acesso começam a esclarecer por que o laudo de exame financeiro nº 675/2002, elaborado pelos peritos criminais da PF Renato Rodrigues Barbosa, Eurico Montenegro e Emanuel Coelho, ficou engavetado nos últimos seis meses do governo FHC, quando a instituição era comandada por Agílio Monteiro e Itanor Carneiro. Nas 1.057 páginas que detalham todas as remessas feitas por doleiros por intermédio da agência do banco Banestado em Nova York está documentado o caminho que o caixa de campanha de FHC e do então candidato José Serra, Ricardo Sérgio Oliveira, usou para enviar US$ 56 milhões ao Exterior entre 1996 e 1997.

O laudo dos peritos mostra que, nas suas operações, o tesoureiro utilizava o doleiro Alberto Youssef, também contratado por Fernandinho Beira-Mar para remeter dinheiro sujo do narcotráfico para o Exterior. Os peritos descobriram que todo o dinheiro enviado por Ricardo Sérgio ia parar na camuflada conta número 310035, no banco Chase Manhattan também em Nova York (hoje JP Morgan Chase), batizada com o intrigante nome “Tucano”. De acordo com documentos obtidos por ISTOÉ, em apenas dois dias – 15 e 16 de outubro de 1996 – a Tucano recebeu US$ 1,5 milhão. A papelada reunida pelos peritos indica que o nome dado à conta não é uma casualidade. (…)

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

13 Comentários

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  1. Onde foi parar o cidadania do Edu?????

    O Blog cidadania do Edu Guimarães esta fora do ar, o que terá acontecido????, sera problemas ” técnicos” ou sera problemas……..        ?????????????????????????????

  2. adiciono o sentimento de que

    adiciono o sentimento de que enquanto houver

    esse consórcio entre essa grande míita golpista,

    o tucanato e parte do judiciiário não desarmaremos essa

    armadilha que enreda traumaticamente a nossa democracia.

  3. PSDB, FMI, desemprego e recessão nunca mais.

    A frustração com os impactos do último debate eleitoral.

    Estavam aguardando o último debate na esperança que o desempenho do candidato da oposição fosse muito superior ao da Presidente Dilma, o que não ocorreu, muito pelo contrário.

    Com o fim do horário eleitoral e dos comícios resta apenas a imprensa para a oposição tentar impedir mais uma vitória do PT e de Lula.

    Com claro objetivo de tentar aumentar a votação entre os eleitores mais ricos no sudeste, já que maioria da população ainda não tem dinheiro para comprar jornais e revistas, e pouco tempo para ouvir ou assistir rádio e televisão.

    O que é apenas mais uma das contradições da concentração de renda neste país, com a maioria da população sem dinheiro para comprar jornais, é muito restrito  poder de influência dos jornais e das revistas, principalmente diante de um governo que praticamente eliminou a fome com o Programa Bolsa Família.

    Com a enorme queda da credibilidade da maior parte da grande mídia em função das apostas no fracasso da organização da copa do mundo de futebol, o impacto eleitoral desta nova tentativa será bem menor do que em eleições anteriores, principalmente considerando o vexame que muitos passaram nas redes sociais(imagina na copa) por terem acreditado no fracasso da organização da copa do mundo de futebol, que vinha sendo pregado pela maior parte da grande mídia.

    Certamente muitos ainda estão ressentidos por terem sido enganados pela maior parte da grande mídia, e vão pensar mais do que duas vezes, para decidir o voto nestas eleições.

    PSDB, FMI, desemprego e recessão nunca mais.

     

  4. Não tem mais erro.

    A falta de criatividade do PSDB faz com que eles atribuam os seus próprios defeitos ao adversário. Quando eles abrem a boca pra acusar, pode saber que estão falando deles mesmos.

  5. IstoÉ?!?!?!?!

    Olha, não é por nada não, mas… IstoÉ?!??!?!?!

    Esse panfleto não tem credibilidade alguma. Vejam o papel a que se presta nessa reta final de 2º turno!

    Como diz o Azenha em seu blog: IstoÉ, mais conhecida como “QuantoÉ”

    Que me perdoe o Amaury Jr.

    1. Até concordaria se do outro lado nao estivesse a VEJA

      Entre a Isto É e a Veja, a Isto É ainda tem mais credibilidade. E o Amaury tem, e o livro dele estava cheio de documentos que provavam o que ele disse. 

  6. Não se trata de ‘baixa

    Não se trata de ‘baixa credibilidade.Se ele não conseguir provar, sua pena aumenta.

           Mas um cara que diz ter depositado em bancos no exterior pra Dilma.Lula e cia, com provas documentais tipo depósitos bancários e o nome do banco, cai a tese do ”não sabia”.

               Tirante Genoino,rste sim um cara honesto no sentido pessoal, todos do pimeiro escalão petista roubaram pro partido e PRA ELES PRÓPIOS TBM.

                    Isso é fato inegável.Bastava acompanhar o crescimento deles. Nem do doleiro precisava.

                       Talvez fosse preciso, com provas materiais além do patrmônio,pra colocar esses vigaristas na cadeia.

                              O Filho de Lula era ajudante de zoológico e ganhava salário mínimo.Em poucos anos ficou zilhardário;

                             Precisa do doleiro pra denunciar esses escândalo?

                            O doleriro e seus extratos bancários é apenas a prova documental que faltava.

                              Mas que essa gangue roubava era público e notório.

                                Ninguém ficou surpreso com roubo,A surpresa foram as provas assinadas e documentadas.

    1. Desafio

      Fala Anarquista,

      Já que você demonstra estar tão certo quanto a credibilidade da denuncia, te dou a chance de informar pra gente uma coisa básica: qual o nome do delegado que tomou o depoimento, o nome do representante do MP, e o nome do advogado que acompanhou o depoente.

      Essa informação é o mínimo necessário, pra que seja possível checar se existe possibilidade de dar algum crédito às denuncias.

      Dica, pode ler a edição da Veja inteira novamente, que você não vai encontrar por lá.

    2. Credibilidade zero

      Primeiro: já descumpriu a delação premiada uma vez, a pena não aumentou, só os negócios escusos. Por que diria a verdade agora?

      Segundo:  É interesse dele tirar o julgamento da Justiça Federal do Paraná, para alguma outra instância menos especializada, segundo reportagem da Folha. Tipo STF, talvez.

      Terceiro: ele diz que o PT ficava com 2%. Tem provas? Ele diz que tudo foi pago em dinheiro, e o tesoureiro do PT não tem cargo político, portanto poderia ser acusado se já houvessem provas. E se estes 2% foram para o bolso dele? Pode até ser preso, mas preserva o patrimônio. Ou pode ser que estes 2% foram utilizados na lavagem do narcotráfico, crime do qual se livrou recentemente.

      A Veja sabe que este depoimento, se existe, não vai aparecer. Aliás, se tal declaração foi feita, de tão desimportante, não mereceu qualquer aprofundamento por parte dos inquisitores. 

       

  7. Se um super bandido desse

    Se um super bandido desse continou por quase 12 anos de governos petistas operando na maior tranquilidade até dentro da petrobrás, imagine o quanto a corrupção imperou nesse tempo.

  8. o fato dê a cbn ficar

    o fato dê a cbn ficar repetindo a cada cinco minutos

    que o youssef fez isso e aquilo, está assim e assado

    para justificar a fala sobre o suposto escandalo

    da petrobrás não configura crime eleitoral?

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