Fachin, o Ministro que tinha lado, por Luis Nassif

Parceria Mídia-Lava Jato alimenta opinião pública que, pressionando o Supremo, estaria levando os magistrados a negarem compromisso com os valores constitucionais 

https://www.youtube.com/watch?v=Vf3NHszJZ5c width:700
 

Jornal GGN – Após perder por três vezes na segunda turma do Supremo Tribunal Federal, na mais recente com a liberação de José Dirceu, o relator da Lava Jato na Corte, ministro Edson Fachin, decidiu levar a decisão sobre o habeas corpus solicitado pelos advogados de defesa do ex-ministro petista, Antônio Palocci, para o plenário da casa.
 
Luis Nassif alerta que a manobra de Fachin é antirregimental e pode representar mais uma peça na tese que aponta para o aumento da fragilidade dos ministros do Supremo frente à opinião pública e, quanto ao relator, uma certa preocupação em meio ao tiroteio que se avoluma de todos os lados. 
 
Recentemente, por exemplo, a Folha de S.Paulo fez uma reportagem levantando uma série de erros cometidos pela Procuradoria Geral da República, no âmbito da Lava Jato, aumentando assim os fatores que colocam em xeque a credibilidade dos agentes que atuam na operação, lembrando que o ministro Teori Zavaski, ex-relator da Lava Jato no Supremo, morto em um acidente no início do ano, já criticava a lentidão dos trabalhos da equipe liderada por Rodrigo Janot. 
O fato é que a forte relação entre mídia e Ministério Público, em torno da Lava Jato, pode ter levado a uma desestruturação do próprio MPF, questão inclusive levantada recentemente pelo procurador do Caso Banestado, Celso Antônio Tres, que em entrevista recente ao Estadão disse que o PRG tem conduzido a Lava Jato de forma a “criminalizar a política” excessivamente.
 
Leia também: ‘Janot está criminalizando a política’ na Lava Jato diz Celso Tres 
 
Por outro lado, a cooperação de vazamentos para a mídia, a fim de produzir escândalos, acabou fomentando um monstro ainda mais difícil de controlar, a opinião pública, que se volta contra qualquer instituição que demonstre que poderá tomar decisões que possa ir contra a sede das ruas de ver os políticos estampados nos noticiários, supostamente envolvidos em corrupção, atrás das grades. 
 
Nesse sentido os principais veículos de comunicação no país, com destaque para a rede Globo, têm grande responsabilidade ao criar condenados antes da martelada final de um juiz, incendiando grande parte da população que, por sua vez, pressiona mais ainda os ministros do Supremo que já demonstraram, em decisões anteriores, terem, talvez, mais medo da opinião pública do que respeito às regras constitucionais. 
 
Mas para termos certeza de que lado estão os magistrados que lideram a maior Corte do país, se da opinião pública ou das regras constitucionais, será preciso aguardar o resultado da audiência sobre o pedido de habeas corpus de Palocci. 
 
Redação

7 Comentários

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  1. Quais foram as suas circunstâncias?

    Um homem é seu tempo e suas circunstâncias ja diz o velho provérbio. Facchin parece se adequar perfeitamente a esse caso. E o que fica é que se o Ministro tinha lado, continua tendo. Mudou para o outro lado.

  2. Aí que se vê a diferença entre os homens.

    A diferença está na têmpera e no processo em que são formados. 

    O que leva um homem que é nomeado para um cargo em que assume a obrigação de decidir com base nas leis escritas vigentes, tanto na Constituição, quanto no regramento infraconstitucional, a abrir mão de seus princípios e passar a se comportar como a biruta de aeroporto, virando para o lado que sopra o vento, ou para onde lhe dizem que o vento sopra?

    Mesmo estando esse homem protegido por salvaguardas expecionais, com imunidades e garantias conferidas na Constituição Federal, como é o caso do ocupante de cargo de Ministro do suposto Supremo?

     

    E o que leva, por outro lado, um homem atacado por todos e de todos os lados, caluniado e injustiçado, difamado diariamente por acusações infundadas, montadas sobre procedimentos criminosos praticados por membros do setor PÚBLICO, associados em forma de quadrilha, com empresários PRIVADOS, sonegadores e praticantes de lavanderias de dinheiro público, operadores de empresas de comunicação, que viu recentemente sua esposa padecer e perecer, sob a pressão de assistir seus filhos, marido e entes queridos submetidos a todo o tipo acusações e humilhações – o que leva esse homem a não arredar pé da luta e não recuar um centímetro na sua disposição de lutar e defender o seu sonho de melhorar o Brasil para o povo brasileiro?

    A diferença está na têmpera e no processo em que são formados. 

    Um se torna um homem único e insubstituível. O outro é e sempre foi, nunca passou de um covarde.

     

  3. E você ainda tem dúvida sobre
    E você ainda tem dúvida sobre qual é o grande medo dos ministros. Da opinião publicada e claro.

  4. Fachin é a maior decepção do
    Fachin é a maior decepção do stf, uma figura murcha e pálida. É o homem que virou suco, triturado pelo liquidificador da realidade. Disputa com ele,cabeça a cabeca, Barroso, o iluminista sem convicções.

  5. O caso de Fachin e Barroso

    O caso de Fachin e Barroso apenas confirma a correção da velha máxima que diz que para conhecer o tamanho real de uma pessoa dê-lhe poder.

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