Juízes do STF evitam falar sobre declarações de Dirceu

Do Hojeemdia

Ministros do Supremo evitam comentar declarações de Dirceu sobre Fux

BRASÍLIA – Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia e Dias Toffoli disseram nesta quarta-feira (10) que não iram se pronunciar sobre as declarações do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu a respeito do ministro Luiz Fux. Condenado a mais de dez anos no julgamento do mensalão, Dirceu contou em entrevista à Folha de S.Paulo e ao UOL que Fux o “assediou moralmente” quando fazia campanha para ingressar no STF e prometeu absolvê-lo no caso.

“Sabe que horas cheguei aqui? Sete horas da manhã. Não li o jornal. Realmente não li. Nem sabia”, disse a ministra Cármen Lúcia, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A ministra participou na manhã desta quarta-feira de encontro da Corte eleitoral, que contou com a participação de representantes dos partidos políticos, do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-AL). Lúcia estava ainda acompanhada do ministro Dias Tóffoli, que também não quis comentar as declarações de Dirceu. “Também não li”, disse, sorrindo em seguida.

Ao ser questionado sobre a mesma pergunta, o presidente da Câmara, antes de começar a falar, foi interrompido por Cármen Lúcia: “Então, nesse caso, vou pedir licença porque sou membro do Supremo Tribunal Federal”. Em meio ao clima de constrangimento, Alves disse que acompanharia a ministra. “Posso acompanhar também”. As declarações do deputado desencadearam risadas dos presentes. “Precisamos ler primeiro para depois dar declarações”, emendou Renan.

Na entrevista, Dirceu conta que a reunião entre ambos ocorreu num escritório de advocacia de conhecidos comuns. Ao relatar esse encontro, Dirceu faz uma acusação grave. O ex-ministro afirma não ter perguntado “nada” (mas Fux) “tomou a iniciativa de dizer que ia me absolver”. Num outro trecho da entrevista, segundo Dirceu, “ele (Fux), de livre e espontânea vontade, se comprometeu com terceiros, por ter conhecimento do processo, por ter convicção”.

O ex-ministro afirma ainda que Fux “já deveria ter se declarado impedido de participar desse julgamento (do mensalão)”. No início de 2011, Fux foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff para o STF. Durante o julgamento do mensalão, votou pela condenação de Dirceu -que acabou sentenciado a de dez anos e dez meses de reclusão mais multa.

Em entrevista à Folha de S.Paulo em dezembro do ano passado, Fux admitiu ter se encontrado com Dirceu, mas negou ter dado qualquer garantia de absolvição. “Se isso o que você está dizendo (que é inocente) tem procedência, você vai um dia se erguer”, teria sido a frase que o então candidato ao STF ofereceu ao petista.

Luis Nassif

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