Ministro da Justiça diz que está sendo criticado por ter cumprido a lei

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Da Agência Brasil

Alex Rodrigues

Brasília – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse hoje (28) que está sendo criticado por ter cumprido a lei ao entregar à Polícia Federal (PF) documentos que acusam políticos paulistas de participação em cartel formado para fraudar licitações no metrô e trens de São Paulo. Ontem (27), o PSDB ingressou com representação contra o ministro na Comissão de Ética Pública. O partido acusa Cardozo de ter usado informações falsas para incriminar adversários do governo e do PT.

“Estou sendo acusado de cumprir a lei”, declarou o ministro, no encerramento da cerimônia de entrega do Prêmio Innovare, que prestigia as iniciativas de tribunais, juízes, advogados, defensores públicos e promotores que contribuem para o aperfeiçoamento do sistema judiciário.

Para Cardozo, a entrega dos documentos à PF era um “dever legal” que ele não poderia deixar de cumprir, após ter recebido as denúncias. “A PF é subordinada ao ministério e, evidentemente, eu devo cumprir a lei, que diz que as denúncias que o ministro recebe devem ser mandadas para a Polícia Federal”.

Cardozo disse que a polêmica desvia o foco do assunto principal. “Acho que há uma tentativa muito clara de evitar uma apuração imparcial e séria [das denúncias]. Há pessoas que, por alguma razão que desconheço, estão tentando criar um tumulto, uma situação na qual quem cumpre a lei é acusado. [Isso serve] para tirar o foco de uma investigação correta. Se alguém pensa que vai intimidar o Ministério da Justiça, a Polícia Federal e o Cade, está enganado”, argumentou.

O ministro ainda disse ter pedido “uma investigação sobre fatos que já são investigados desde 2008” e pelos quais pessoas envolvidas já foram punidas em outros países. “O Brasil ainda caminha lentamente nessa investigação”, explicou. Ele também rebateu as críticas de que demorou a confirmar ter encaminhado à PF os documentos que lhe foram entregues pelo deputado federal licenciado Simão Pedro (PT).

“Não houve demora. Foi apenas um dia. A matéria de O Estado de S.Paulo saiu na quinta-feira (21), dizendo que o Cade havia encaminhado o material. Achei isso estranho, já que eu tinha entregue o material, mas era possível que o Cade também tivesse recebido [cópia] e a encaminhado. Na quinta-feira à tarde, o superintendente do Cade, Vinicius, [o presidente do Cade, Vinicius Carvalho] me procurou e disse que não sabia do que se tratava. Liguei para o diretor-geral da PF e na sexta-feira eu fui informado de que o inquérito estava [tramitando] em São Paulo. No mesmo dia soltei a nota”, relatou.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. jose eduardo cardoso

    Prezado ministro, o Sr. não agiu corretamente. Ministros não recebem e encaminham denúncias informalmente, ainda mais neste caso em que recebeu uma denúncia que já está rodando há anos de um colega de partido que vem insistindo nesta tecla. O procedimento ficou viciado e a investigação ficou comprometida. O sr. não deveria acolher uma denúncia apócrifa. Quem escreveu o documento em português? O próprio Simão Pedro disse que não sabe, segundo ele este “documento” apareceu a anos, e a pessoa que o escreveu disse que o suposto lobista disse que estavam envolvidos políticos do PSDB e do DEM, inclusive com citação nominal. Como o sr. acolheu este documento? Quem é o autor? Quais provas existem? Eu não digo sobre o cartel, ou de servidores, dirigentes, porque o cartel existiu (mas não só em SP e Brasília), eu digo das acusações contra políticos. Se estão baseadas apenas neste documento apócrifo, ao ter acatado esta denúncia e dado a ela o peso do titular do MJ, o Sr. cometeu uma falta grave. Cabe ao Sr. retificar a sua atuação e despolitizar esta história. Os processos que estão sendo feitos, do CADE, da PF devem ser abertos. As supostas provas devem ser mostradas. Não desmoralize o MJ.

    1. Disk denúncia

      Qual a diferença entre apócrifo e anônimo?

      Denúncia anônima não vale?

      Então acaba com o disk denúncia! 

      E com a proteção a testemunhas.

      Quantos bandidos já foram presos graças a denúncias anônimas?

  2. Esse prêmio Inovare(!!!) é coisa da Globo

    Como pode um prêmio para a justiça ter um nome  mafioso?

    Esse prêmio é coisa da Globo, sempre metida na justiça e sempr livrada por ela…

    “O ministro ainda disse ter pedido “uma investigação sobre fatos que já são investigados desde 2008” e pelos quais pessoas envolvidas já foram punidas em outros países. “O Brasil ainda caminha lentamente nessa investigação”, explicou. “

    Inovação seria se a nossa justiça parasse de empurrar serviço pra justiça dos outros.

    Pensa que eles não estão abarrotados também?

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