O poder do exemplo punindo pseudo golpistas, por Henrique Matthiesen

Além de ter seu caráter punitivo, a justiça serve de forma sine qua non como ação educativa por meio do exemplo

O poder do exemplo punindo pseudo golpistas, por Henrique Matthiesen

Por Henrique Matthiesen*

Nada mais didático e eficiente do que o exemplo. A justiça, além de ter seu caráter punitivo, serve de forma sine qua non como ação educativa por meio do exemplo, para que maus comportamentos ou pretensões criminosas sejam alertados e advertidos de suas consequências.

Darcy Ribeiro, nosso grande antropólogo dizia: “O Brasil tem uma classe dominante ranzinza, azeda, medíocre, cobiçosa, que não deixa o país ir pra frente.” Primorosa conceituação que se soma a outra frase: “nossa elite tem a mente colonizada.”

Sim, um dos grandes males de nosso país é a mente atrasada de parte de nossa classe dominante; suas raízes escravocratas e sua falta de aptidão com a democracia e com nossa soberania.

A ação da Polícia Federal, com autorização do ministro do STF, Alexandre de Moraes, contra alguns empresários bolsonaristas, que supostamente pregam um golpe de Estado, é essencial e didática.

Diferentemente da liberdade de expressão – valor sagrado de qualquer sistema democrático –  a articulação, a pregação, ou o financiamento para atacar a democracia constitui crime, o qual deve ser investigado e punido exemplarmente.

É importante não nos olvidarmos dos exemplos pretéritos de tristes e funestos episódios, onde setores empresariais financiaram e articularam o golpe de 1964; o caso da FIESP e a compra da consciência (se é que tinha) do general Amaury Krüel; sem falar do financiamento dos órgãos de repressão.

Mais recentemente, o papel tosco de setores empresariais na promiscuidade com o Congresso Nacional, cujo presidente da Câmara dos Deputados,  Eduardo Cunha, orquestrou a  deposição da presidente Dilma Rousseff  e resultou na entrega da Petrobras aos acionistas internacionais, e a aprovação da reforma trabalhista que retirou direitos dos trabalhadores.

Exemplos não faltam da inaptidão de setores empresariais com a democracia; e, evidentemente, não se pode generalizar: há muitos empresários sérios, corretos, produtivos e democratas. Entretanto, quando a democracia a duras penas conquistada, sofre ataques, é preciso reagir com vigor e firmeza para sua defesa.

Não se pode admitir a impunidade, a promiscuidade e a leviandade que estes empresários tratam a democracia e o país, com tamanha arrogância de se colocar acima da soberania popular.

O Brasil não pode retroceder em suas conquistas democráticas. O comportamento, as ações de vassalagem e desrespeito e os arroubos autoritários não podem ser admitidos.

E fundamental a vigilância constante e ininterrupta da sociedade civil e das instituições para que possamos ter um processo eleitoral justo, tranquilo onde a vontade soberana do povo possa ser exercida e que os eleitos possam governar.

Para estes golpistas a severidade da lei, o escárnio público e o exemplo para que não mais aventuras golpistas germinem em solo brasileiro, assim como também seria didático, que os ventos do norte contribuíssem com a punição (cadeia) de Donald Trump, para que nossas mentes colonizadas e atrasadas, quem sabe, perceberem, que ninguém está cima da lei e do respeito à democracia.

*Henrique Matthiesen – Formado em Direito, Pós-graduado em Sociologia

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