Lava Jato sustentará Palocci como ponte para condenar Lula

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Segue a estratégia dos procuradores da Operação Lava Jato, sob a coordenação de Deltan Dallagnol e o comando das investigações pelo juiz federal de primeira instância Sérgio Moro, de incriminar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, utilizando a condenação de figuras aliadas e próximas de Lula para cercar a tese da teoria do domínio do fato.
 
Apesar de muitas ações na Justiça Federal do Paraná utilizarem como meios de provas opções frágeis em denúncias, a maioria com base em delações premiadas e poucos materiais corroborativos, é alto o risco para o magistrado de Curitiba aceitar uma denúncia pouco sustentada contra o ex-presidente.
 
Nessa linha, o próximo alvo da força-tarefa da Lava Jato é o ex-ministro Antonio Palocci, peça considerada “chave” pelos procuradores para fazer a ponte que falta para conectar todas as miras no grand finale sob Lula.
 
O maior aliado dos investigadores, neste momento, é o ex-senador cassado Delcídio do Amaral. Prestando as informações necessárias, de fácil condução pelos delegados e procuradores, Delcídio prestou novo depoimento, no dia 11 de outubro, reforçando a tese de que a responsabilidade de todo o esquema estava sob o comando e o direcionamento do PT.
 
Nesse quebra-cabeça, o ex-ministro da Fazenda do governo Lula e ex-ministro da Casa Civil no governo Dilma, Palocci atuaria de forma ilícita para beneficiar a empreiteira Odebrecht na contratação de estaleiros e construção de plataformas e navios-sonda pela Petrobras, incluindo negócios dos campos do pré-sal. 
 
Os acertos da estatal envolveram mais de US$ 21 bilhões, sem comprovações ou sequer sinais de quanto seriam proporcionais a desvios. Nesse emaranhado de conexões anunciadas por Delcídio a Dallagnol e sua equipe, também estaria envolvida a empresa Sete Brasil.
 
Os investigadores já vinham apontando a mira, ao longo da Lava Jato, sobre os contratos fechados pela Sete Brasil, sociedade da Petrobras com os bancos BTG Pactual, Bradesco e Santander, além dos fundos de pensão Petros, Previ e Vale do Rio Doce. Isso porque a Sete foi a responsável pelos contratos de estaleiros de 28 plataformas e sondas para a estatal, que hoje são deflagrados pelo esquema. Neste cenário, Palocci teria participado da criação da Sete Brasil.
 
A tese sustentada pelos procuradores é que a empresa foi criada como um dos braços da Petrobras com o objetivo exclusivo ou prioritário para o milionário esquema de corrupção. Sob essa alegação, Palocci seria responsabilizado. 
 
“O modelo de cobrança de propina, que já existia na Petrobrás, foi levado também à Sete Brasil. (…) Palocci participou de toda estruturação econômica da Sete Brasil”, concluíram assim os investigadores.
 
O raciocínio é o mesmo seguido nas 120 páginas de denúncia contra o ex-ministro. Mas, sem deixar de mostrar os objetivos seguintes e final, a peça não inclui apenas Palocci,  mas os marqueteiros de campanhas do partido, João Santana e Monica Moura, o empreiteiro Marcelo Odebrecht, os ex-funcionários da Petrobras Renato Duque e Eduardo Musa, além de outros nove denunciados, em um total de 15 alvos.
 
“Antonio Palocci tinha uma tarefa bem determinada: fazer a ponte entre o governo e os empresários, alimentar as estruturas de poder (as campanhas). Era a prioridade de Antonio Palocci”, entregou Delcídio o trecho mais importante de suas narrações aos procuradores. 
 
“Em depoimento complementar prestado ao Ministério Público Federal, Delcídio do Amaral revelou que: ‘Antonio Palocci sempre atuava na formatação dos grandes projetos do governo (estruturação dos consórcios, organização dos leilões); que Antonio Palocci era como se fosse o ‘software’ do Partido dos Trabalhadores, enquanto João Vaccari e José Di Filipi eram ‘hardware’, ou seja, executores daquilo que Antonio Palocci pensava e estruturava”, completaram.
 
E o desfecho: “Segundo demonstraram os diversos e-mails apreendidos com Marcelo Odebrecht e com outros executivos do grupo, a interlocução ilícita estabelecida com Antonio Palocci se deu, seguramente, desde o período em que Antonio Palocci exercia o cargo de Ministro da Fazenda do Governo Lula”.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

13 Comentários

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  1. Lava Jato sustentará Palocci como ponte para condenar Lula

    Como  um  plano  diabólico,segue  o baile, e  o  desmonte  do  país.Abaixo  o  golpe  e  todos  os  golpistas.

  2. dallagnol e a diarreia jurídica

    O esquema do sistema Lula, na convicção do beato dallagnol e sua bíblia de sovaco, tinha por chefe um cara que beneficiou todo mundo com a corrupção e ele ficou com uns pedalinhos, um barquinho de alumínio, a intenção da compra de um apto favela em Guarujá.

    Beato e babão dallagnol o domínio do fato já é superado como farsa, o Delcidio assina papel em branco para qualquer uso, coloca então nas conclusões as convicções reveladas pelos teus deuses depois de um fuminho ruim a base de incenso.

  3. dallagnol e a diarreia jurídica

    Beato dallagnol, desistiu do Guido Mantega? Não entendo mais nada, era culpado até para ser preso, agora Palocci serve tanto quanto?

    Que zorra seu!

  4. Um bando de malucos e exibicionistas

    Estes grupos do paraná não passam disso: malucos que se julgam acima de tudo e exibicionistas aos holofotes e prensas da “grande” mídia.

  5. O “B” e o “C” de Roque Santeiro

    “O carrasco passava o condenado para a frente do tablado, jogava com destreza a corda no gancho avançado uma vara pra frente, pendia a roldana na vigota, postava-se atrás do paciente. Do Palanque da Justiça, o oficial meirinho lia pela última vez o libelo condenatório”. — Cora Coralina, “Estórias da Casa Velha da Ponte”.

     

    Nassif: seja sincero. Você acredita que num sistema judicial como o que hoje dispomos (entendido como um todo), onde os adjetivos mais baixos são grandes elogios, acredita mesmo na ética, na moral e na lisura de atos desse pessoal?

    Você sabe que os meninos nem precisariam vincular o nome do ex-presidente. Que ele, de há muito, passou de suspeito sem prova a condenado por meros indícios, segundo os aplicativos legais e pessoais do Savonarola dos Pinhas, sob as ordens do Intelectual Tardio, via o Carrasco de Diamantino. Evidentemente, com aval da Corte de Suplicação dos Pampas.

    Sabemos que a sentença condenatória já foi redigida, a múltiplas mãos, e está em constante revisão, para os ajustes combinados entre o Informante do Jaburu e aqueles 2/3 de congressistas bandidos. Para os acórdãos, a exemplo do condenatório singular, todas as Cortes de Suplicação, a começar pela dos Pampas, montaram forças-tarefas, buscando jurisprudências desde os tempos de El Rei Don João IV. Nem o de Tiradentes foi tão e maravilhosamente arquitetado.

    Portanto, essa gurizada, ávida por luzes e glórias, nem precisaria se esforçar tanto para chutar o animal prontinho pro abate. Bastaria lançar o nome (“LULA”) num papel de pão e anexá-lo aos autos. As coisas fluirão como as águas dos rios, mesmo que fétidas e repletas de coliformes, para o mar de Brasília… 

  6. Palocci, ponte que liga ou muro que separa Lula dos empresários?

    A acreditar nas alegações do depoente, Palocci se parecia muito mais com um muro que separava Lula dos empresários do que com uma ponte que ligava Lula aos empresários.

    Acho que se o Lula for, de fato, corrupto, ele deveria usar o Palocci como muro e não como ponte. Lula é ignorante, não estúpido.

  7. Não adianta os procuradores

    Não adianta os procuradores arrumarem pretextos sem nexo. Eles sabem que presidente Lula é uma pessoa idônea. Pode a grande mídia querer que essa inverdade aconteça mas, nada, nada vai vencer a verdade. Podem dizer o que quiserem, jamais encontrarão provas contra o presidente Lula. É melhor a lava jato caminhar na busca do caminho da justiça, se redimir das perseguições ao presidente Lula do que entrar para história de uma maneira sem brio, sem justiça…

  8. O Sérgio Mor(i)bundo balança mas não cai.

    Enquanto Lula correr o risco de ser enjaulado, o Moribundo Moro atrairá holofotes. Quando se e quando for preso, ou se apesar de tudo, não for preso, o Moribundo sai do coma direto para o túmulo do esquecimento.

  9. Pra vocês verem que, quando

    Pra vocês verem que, quando querem condenar alguém que consideram culpado até que provem o contrário, basta adequar o cenário às convicções que se têm “a priori”.

    Basta manipular a narrativa para que ela esteja de acordo com o desejo de prender quem se quer condenar. Os caras vão vendo e analisando em que circunstâncias o Lula pode ser enquadrado. Ele JÁ ESTÁ CONDENADO. Ponto. O que é necessário agora é buscar TODAS as mínimas supostas evidências que se apresentem para dar sustenção, ou aparência de sustentação à denúncia.

    Nada muito diferente do maltrapilho capturado pela polícia que já pode ser dado como condenado pelo simples fato de ser pobre.

    Ou seja tudo isso é meramente um esforço de encontrar o viés de confirmação para a suposição tomada a princípio de que “precisamos condenar Lula”.

    Vemos até mesmo em vários filmes em que investigadores tinham alguma intuição, algum sentimento de que alguém era fortemente suspeito e que não tinham provas, eram impedidos de prosseguir com as investigações até que algum fato novo se apresentasse ou que alguma evidência contundente ligasse diretamente o investigado ao crime praticado. Mas esse é um preceito que não é observado nem seguido por aqui.

    Não é necessário provas: elas são secundárias. Basta que as convicções tenham a aparência de prova e que o público midiota esteja convencido disso.

    Já está mais que provado que não é necessário crime para que nesse país haja prisões ou condenações. Basta que para isso o alvo seja bombardeado e que as chances de defesa que possua minguem e que sejam secundárias e permaneçam subordinadas à opinião pública, papel desempenhado pela imprensa.

    1. A lavajato não combate a corrupção, combate os petistas

      Organizing versus Violence

      Oct 19, 2007 04:17PM EDT

      Paul

      No you shouldn’t glamorize violence, as the above poster points out; this is what the upper-classes always wrongly accuse marxism of: ‘VIOLENT’ revolution; versus the more gradual, peaceful type.

      The problem with peaceful revolution is that there is a class of people – call them the oligarchs, capitalists, rich, whatever – that are organized and work very hard to undermine ANY progress, whether it be gradual or fast. Gradual progress/revolution just gives them more time to re-group, plan their coups, declare state of emergencies, or employ the countless of other tactics they have on hand.

      in short: gradual revolution is a joke, one that history has shown us many times over.

      https://nyc.indymedia.org/en/2007/10/91923.html

       

      Para alguém ser investigado e processado pela Lava a Jato ele não precisa ser suspeito de corrupção, basta ser petista ou aliado. Quem investiga e processa seletivamente e que reconheceu tal seletividade foram os próprios Procuradores Dallagnol e Orlando Martello:

      “Alega-se também que as investigações são partidárias. Outro disparate! Além de as equipes de procuradores, delegados e auditores terem sido formadas, em grande parte, antes de se descobrirem os crimes na Petrobras, trata-se de dezenas de profissionais de perfil técnico, sem histórico de vínculo político.

      A alegada perseguição é o mantra da defesa política quando a defesa jurídica não prospera.

      Verdade que os partidos mais atingidos na Lava Jato são PT, PP e PMDB. No Supremo, dentre os 17 políticos acusados, 9 são do PP, 4 do PMDB, 3 do PT e 1 do PTC.

      Contudo, isso não ocorre por escolha dos investigadores, e sim porque as indicações de dirigentes de órgãos federais se dão pelo partido no poder ou sua base aliada. Assim, os cargos de diretoria da Petrobras foram ocupados por essas legendas, e não pela oposição ao governo petista.”

      Quem está fora do poder, tem impunidade garantida ou uma investigaçãozinha chué, para disfarçar a seletividade. Esquecem os Procuradores que de acordo com um dos delatores premiados, a propina na Petrobrás foi institucionalizada na gestão de FHC, em 1997. Mas parece que, nessa época, os cargos de diretoria da Petrobrás eram ocupados pelo PT e pelos partidos que viriam a formar a sua base aliada.

      Os parasitas não respeitam a soberania popular quando o eleito é alguém que olha mais para a senzala do que para a Casa Grande. Quando isso ocorre, o golpe, em qualquer de suas modalidades, é garantido. Só uma revolução violenta acaba com o parasitismo dessas Ascharis Lumbricoides.

       

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