Propósito com análise das contas de Dilma é “republicano”, diz Gilmar Mendes

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Ministro afirma que mudanças no sistema de avaliação dos gastos de campanha é mais um passo para aperfeiçoar a Justiça Eleitoral

Jornal GGN – O ministro do Suprem,o Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse, em entrevista publicada nesta segunda-feira (1) pela Veja online, que o propósito com as mudanças no sistema de avaliação dos gastos com campanha eleitoral é “claramente republicano”.

O magistrado, sorteado no Tribunal Superior Eleitoral para avaliar as contas de Dilma Rousseff (PT), solicitou técnicos da Receita Federal, Tribunal de Contas da União e do Banco Central para passar um pente fino nos números. Além disso, determinou que os documentos sejam expostos na internet. 

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Para Gilmar, não se trata de ter um cuidado extra com as contas de Dilma, mas sim de “aperfeiçoar institucionalmente a Justiça Eleitoral”. “Eu disse ao ministro [Dias] Toffoli [presidente do TSE] que faria a análise da maneira mais vertical possível, dentro do prazo – temos que entregar o relatório em 10 de dezembro. Disse que apresentaríamos mudanças quanto às mudanças de procedimento, com sugestões para o futuro. E já estamos fazendo isso”, comentou Gilmar.

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Durante a entrevista, a jornalista Joice Hasselmann também abordou a Operação Lava Jato com o ministro, mas insinuando que a corrupção investigada na Petrobras se desenvolveu após o mensalão (AP 470), revelado em 2005. “Parece que o mensalão não serviu exatamente para essa turma aprender que a corrupção não compensa. O que se vê no petrolão é um aperfeiçoamento do que aconteceu no mensalão”, disse. Há documentos do Ministério Público Federal indicando que o esquema existe pelo menos desde 1990.

“Sem dúvida nenhuma”, concordou Gilmar Mendes. “De forma bastante sistemática, é o que se percebe. Isto é preocupante. Esses dias, vi um artigo sobre a roubalheira como método. Quer dizer, se isso de fato se consolida, se vamos realmente para esse modelo de cleptocracia, é preocupante. Não se trata apenas de desvio. Isso passa a ser um modo de governar”, completou o margistrado.

Reajuste da meta fiscal

Tentando conter o disparo de frases polêmicas, Gilmar comentou com cautela – apesar das críticas à condução da política econômica por Dilma – a tentativa do governo de alterar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para reajustar a meta fiscal. A oposição já recorreu ao STF para impedir a iniciativa. O ministro preferiu não se aprofundar no tema, já que a Corte Suprema terá de analisar o caso.

“Eu vou ter dificuldade de responder de forma precisa porque o tema vai ser objeto de apreciação no STF. Se não no mandado de segurança, distribuído para o ministro Fux, vai ser na forma de ADIn [Ação Direta de Inconstitucionalidade], caso a lei seja sancionada”, disse.

O magistrado concordou com a jornalista sobre a alteração na meta fiscal a essa altura do campeonato ser um ataque à “credibilidade” do governo e até mesmo à Lei de Responsabilidade Fiscal. Apesar disso, também não quis comentar sobre a mudança na LDO ser uma “estratégia do governo para evitar que Dilma possa ter o mandato cassado no futuro”.

Cooptação do STF

Veja quis explorar, novamente, a visão de Gilmar Mendes sobre a indicação de ministros do STF nos governos Lula e Dilma. O magistrado sugeriu, dessa vez, que em meio a um momento difícil para o Planalto (fase econômica dura concomitante às denúncias de corrupção), é preocupante a possibilidade da Suprema Corte passar por um processo de “cooptação”.

“Diante do agravamento da crise política, econômica e financeira, do conhecimento de que se tem pela frente um processo dessa envergadura [Operação Lava Jato chegando ao Supremo em 2015], tudo isso pode estimular sentimentos negativos no sentido da cooptação do Tribunal. Essa Corte tem que ter um perfil contra-majoritário. É preciso ter gente de coragem para, em um momento mais tenso, por exemplo, assumir uma posição contra a opinião pública.”

Cardozo no STF

Sobre a possibilidade de José Eduardo Cardozo, atual ministro da Justiça, ser indicado para ocupar uma cadeira no STF, Gilmar disse que não “gostaria de emitir juízo de valores” sobre isso. Mas aproveitou para alfinetar Cardozo. “A minha avaliação é que seu desempenho no Ministério da Justiça poderia ter sido melhor do que foi. Isso já falei a ele.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

17 Comentários

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  1. Foi OUTRA juiza quem decidiu

    Foi OUTRA juiza quem decidiu que o “republicanismo” de gilmar mentes tinha que se extender a Aecio tambem.

    No mais, ta parecendo que “republicanismo” eh o novo “democracia” da maconzada mesmo:  buzz word que nao significa nada.

  2. Assim como inventaram o grampo sem áudio…

    Daqui a pouco também vão inventar o Golpe Republicano

    Por que será que esse tipo de coisa nos faz lembrar de Honduras e Paraguai?

  3. abriu a geladeira lá vai entrevista

    Posição invejável do santo (nem um pouco) patrono do psdb. O perigoso jagunço inamovível do cargo e tal qual jabutí no galho mais alto do stf está lá posto para executar tarefa imposta e da qual muito gosta.

    Os monarcas na velha Europa com vergonha na cara abdicavam ou perdiam a cabeça salvando no entanto a estrutura do Estado.

    Este coiso sonha uma maioria no stf feita com ele pit bull alfa e dez poodle amedontrados. O Toffoli aderiu o resto apenas quando todas as vacas do rebanho da fazenda do Gilmar em Diamantina tossirem em uníssono.

  4. Estamos de acordo.

     “A minha avaliação é que seu desempenho no Ministério da Justiça poderia ter sido melhor do que foi. Isso já falei a ele.”

    Quem diria que eu GM estaríamos do mesmo lado, sobre o Zé Ruela, digo Cardozo.

     

  5. a  mudança  vem a contecer

    a  mudança  vem a contecer  exatramente  agora, justo quando é  a  Presidente  Dilma,  me  faça o  favor  Gilmar  Dantas  mendes  Cristina Abdelmassih,  ai  nao tem nada  de  republicano. A nao ser que   ele queira  se  referir   ao  Golpe   REPUBLICANO,  que  alias  os  tais  republicanos aqui e nos  EUA  sao   expert  em  promove-lo.  Me  engana  que eu gosto.  GILMAR  MENDES  TEM TUDO  A MAIS  PARA    DITADOR,  FACISTA  GOLPISTA  DO  QUE  PARA  REPUBLICANO. 

  6. Interromper o julgamento que

    Interromper o julgamento que impediria o financiamento empresarial nas eleições também é republicano?

    E inocentar o engavetador paulista?

  7. Um nefasto, preferido da

    Um nefasto, preferido da mídia. Isto sim uma verdadeira quadrilha contra o PT: STF, Mídia e PSDB/DEM e agora tb o PSB e setores do PMDB. Uma Republiqueta de Bananas. E um bananão mor que se chama JEC e outro Bernardo.

  8. .

    Logo quem, falando de republicanismo, falando de desvios, falando de credibilidade.

    Um exemplo clássico de decadência dupla da ética e moral: Do meio que publica e do entrevistado. Acreditem, se você pensa que já viu tudo, é porque não lê a Veja.

     

  9. #DevolveGilmar

    Gilmar e Veja? Tudo a ver! Para que o obscurantismo que ainda prevalece no STF, maculando  os bons, urge que alguns se despeçam, para que seja instaurada a legalidade nesse STF. Lamentável!

  10. Republicanismo seria…

    Republicanismo seria um magistrado da suprema corte não se utilizar da função para favorecer um certo Instituto de Direito Público, o qual é sócio, para celebrar contratos milionários com o Tribunal de Justiça da Bahia.

    Republicanismo seria um magistrado da suprema corte não impedir as investigações contra um certo membro do ministério público federal, que é acusado de prevaricar ao não investigar escândalos do caso Alstom.

    Republicanismo seria o presidente do Supremo Tribunal Federal, chefe do Poder Judiciário, não chamar as falas o Presidente da República, chefe de outro Poder. 

  11. gilmar e veja, um levantando

    gilmar e veja, um levantando a bola do outro, daria no quê?

    em merda, perdoe a expressão.

    a famosa e elegante frase: detrito de maré baixa…

    é onde navegam   imbecis disfuncionais,  analfabetos cobiçosos

    de uma relevancia social e histórica que jamais terão. 

  12. Na escolinha do professor Gilmar ser republicano é…

    Na escolinha do professor Gilmar ser republicano é…

    (    ) Votar pela candidatura de José Roberto Arruda e ainda por cima xingar de nazista quem votou contra o ficha-suja.

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=BBAq0t5quaw%5D

    (     ) Blindar o PSDB…

    (     ) Ficar de plantão para, em 24 horas, dar 2 HC para  verdadeiramente poderosos como DD….

    (      ) Proibir que promotor que tenha engavetado investigação contra tucano seja objeto de sindicância, não é mesmo Dr. Rodrigo de Grandis…

    Que beleza essa República do Tucanistão e seu líder golpista, olá Senado, impeachment nesse safado

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