Qualquer decisão sobre cassar Temer terá dedos de Gilmar, por Helena Chagas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O ministro Herman Benjamin pode tocar a ação que visa a cassação da chapa Dilma-Temer como quiser e até antecipar, como fez, sua tendência de decidir em desfavor dos investigados. Mas qualquer decisão que possa envolver uma nova eleição para presidente em 2017, seja de maneira direta ou indireta, passará por várias reuniões de bastidores entre articuladores políticos. Inclusive pelo “articuladíssimo” presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes.

Por Helena Chagas

Até o TSE cultiva flores no recesso

Em Os Divergentes

O ministro Herman Benjamin, relator do processo de cassação da chapa Dilma-Temer no TSE, agora tem uma operação da PF para chamar de sua. Os agentes estão desde cedo nas ruas para investigar as gráficas suspeitas de fraude que teriam trabalhado na campanha de 2014. Está claro que Benjamin está levando o assunto a sério e tudo indica que o julgamento do TSE – que poderá cassar a chapa e destituir o vice que assumiu no lugar da titular depois do impeachment – será um dos grandes fatos políticos de 2017.

Será? Há controvérsias. A operação do TSE em cima das gráficas tem mais cara de flor do recesso do que de avanço real nas investigações. Afinal, o que a PF espera encontrar, dois anos depois do suposto delito e após meses de vazamentos do inquérito que apura a responsabilidade dessas gráficas e de seus proprietários? No mínimo, tiveram tempo suficiente para tomar providências em relação a supostas provas de que teriam condições de prestar os serviços…

Assim como não deixa de ser estranha a preocupação confessa do Planalto com o voto do ministro Benjamin, devidamente vazada para a imprensa, que supostamente defenderá a condenação conjunta da chapa – já que se tornam cada vez mais remotas as possibilidades de se separar as contas de Dilma das de Temer.

Floresce também nesse recesso a tese de que, com base no código eleitoral, seria possível a convocação de novas eleições presidenciais diretas tão logo fosse cassada a chapa. É uma argumentação frágil, já que a vacância dos cargos de presidente e vice é tratada pela própria Carta, que determina que a partir de 31 de dezembro esse pleito seja indireto.

Vem muita discussão por aí. Mas a única certeza é de que, embora o TSE tenha, constitucionalmente, todos os poderes para cassar a chapa e provocar novas eleições, diretas ou indiretas, não o fará sem uma articulação política prévia para chancelar a decisão. Enquanto Michel tiver o apoio fechado do Congresso e do establishment econômico, como tem hoje, dificilmente os sete ministros do TSE vão se animar a afastá-lo. Benjamin pode até querer, mas quem faz a pauta do tribunal é seu articuladíssimo presidente, Gilmar Mendes…

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

2 Comentários

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  1. A Longa Espera de Gilmar I

    Refaço meu comentário aqui no GGN, de 26/11/2016.

    Não há golpe no golpe

    sab, 26/11/2016 – 10:39

    Não se trata de golpe dentro do golpe. Depois do impeachment, o golpe continuaria com Temer fazendo o serviço sujo e saindo de cena. Só por isso Gigi espera para ver se terá de fazer alguma coisa ou não. Mas por que esperar? Ora, porque são “traíras”: podem não cumprir sua parte no roteiro escrito pelo Depto. de Estado.

    Depois a Lava Jato acaba também com o PMDB, diminuindo a sua força no Congresso e no executivo de estados e prefeituras. Afinal, é o maior partido com afiliados. Daí, sem PT e PMDB, o PSDB não terá concorrentes. Então ele é poupado, com o seu “sumiço da mídia”, e pessoas não sabendo que é ele quem governa depois do impiche porque isso não seria dito na televisão. E, então… reaparecerão como os salvadores da pátria.

    Por quê? Porque depois de décadas de investimento dos americanos no FHC para criarem um partido sem povo e com aval do Dr. Roberto, não contavam com o Fenômeno Lula. (Não se trata da “Casa Grande” daqui: ela não tem inteligência para nem fazer um roteiro de viajem de compras a Miami e não fala ingreis.)

    Desta vez, o Depto. de Estado trocou os vacilões do psdb por um grupo maior, com várias frentes e altamente complexo. Porque AGORA vai dar certo: vão pegar o oil deles, simplesmente. Chega de promessinhas de Cerra. Ou pegam ou a 4.ª Frota entra em ação, com direito a mercenários, terroristas, genocídios, bombas, falta de alimentos.

    Resumindo: se não estiver MUITO claro que o PSDB ganhará as eleições, estas não serão diretas. Porque em nenhuma hipótese haverá algo do tipo “Fenômeno Lula 2” para atrapalhar a geopolítica do petróleo. Nada há nos séculos vindouros que aponta que essa energia suja será abandonada. Abandonados seremos os 80% da população mundial. Se em 2.100 tiver mais de 1 bilhão de humanos será muito.

    Bom, na verdade não sei calcular quanto tempo demoraria para despopular o planeta de forma ambientalmente sustentável… Eis uma resposta que eu gostaria de saber. Perguntemos à Bláblárina?

    Voltemos ao nosso golpinho. Depois de servido o jantar, os cozinheiros já estarão mortos.

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