Observatorio de Geopolitica
O Observatório de Geopolítica do GGN tem como propósito analisar, de uma perspectiva crítica, a conjuntura internacional e os principais movimentos do Sistemas Mundial Moderno. Partimos do entendimento que o Sistema Internacional passa por profundas transformações estruturais, de caráter secular. E à partir desta compreensão se direcionam nossas contribuições no campo das Relações Internacionais, da Economia Política Internacional e da Geopolítica.
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Insurreição selvagem é pensar em movimento, por Silvio Rhatto

Livro de Jean Tible devolve a democracia ao lugar comum, às ruas, praças, estradas, fazendas, matas e ao alto-mar onde esta pode e só faz proliferar!

do Observatório de Geopolítica

Insurreição selvagem é pensar em movimento

Focando nas revoltas das pessoas e populações indígenas, negras, trabalhadoras mulheres e LGBTQI+, explorados, expropriados, política selvagem, livro de Jean Tible editado pela GLAC, devolve a democracia ao lugar comum, às ruas, praças, estradas, fazendas, matas e ao alto-mar onde esta pode e só faz proliferar!

por Silvio Rhatto

Tudo o que é sólido desmancha no ar… Inclusive a solidariedade? Neste redemoinho narrativo se entrecruzam povos e embates, tempo e espaço. Vínculos solidários são traçados mesmo entre lutas que não
conhecem umas às outras, mas que compartilham ímpetos emancipatórios. Solidariedade, que palavra é esta? Talvez, não a usemos para indicar o que é estanque e cristalizado, mas aquilo que está vinculado e que resiste à desagregação. Solidariedade e resistência. Àquilo que une, mas sem necessariamente criar o uno. Àquilo que une sem uniformizar, mas junta pela e na diferença. Àquilo que compõe corpos em diversos estados e movimentações. Àquilo que converge e condensa, podendo se dissipar para reagrupar em outros momentos, outros lugares e de outros modos.

Solidariedade que, se desmanchada no ar, torna a se formar. Porque as insurreições virão! Mesmo que toda a dissidência do mundo fosse eliminada, a solidariedade e a resistência reemergirá como as necessidades existenciais… Apoio mútuo que é chocado pela solidez da repressão, inclemência da reação, peso e pesadelo da opressão. Pressões que esmagam, esmigalham e pulverizam. Que torturam e matam. Tudo o que é sórdido desmanchando todo um mar de gentes.

A dança das convergências, efervescências, choques. Duras conquistas e amargas dispersões oscilam, passando pela dor, pelo entusiasmo e até pelo ato macabro. Uma dança tal como uma política selvagem, sinuosamente narrada, lembrando um serpenteamento que avança, mas também retorna, como um Ouroboros devorador de si mesmo, em crescimento constante e contínuo. Dança que, de duração infinda, não tem começo definido, nem fim previsto e nos faz perguntar:

Por que as pessoas servem?! Qual a lógica da servidão?! Por que e como as pessoas se revoltam?! Como ocorre essa transição?! Por que não estamos nos revoltando globalmente, exatamente agora?!

A insurreição virá, ou mais precisamente, insurreições virão! Elas surgem e ressurgem, tempos em tempos, em lugares díspares e também diversos. Mas será que essa máxima, da insurreição vindoura, também não está sendo usada pelo outro lado? Será que não está surgindo uma nova gestão das insurreições, impedindo que as mesmas convirjam num grande ¡Ya Basta!? Se é tido como certo que a insurreição virá, não é garantido também que virá a repressão?

Perguntas convidativas às ciências selvagens que elucubram em movimento, bebem de várias fontes e ousam escapar às lógicas que mesmo afirmando suas verdades acabam por girar em falso.

Silvio Rhatto é pesquisador em tecnologia, política e autonomia

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. A publicação do artigo dependerá de aprovação da redação GGN.

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O Observatório de Geopolítica do GGN tem como propósito analisar, de uma perspectiva crítica, a conjuntura internacional e os principais movimentos do Sistemas Mundial Moderno. Partimos do entendimento que o Sistema Internacional passa por profundas transformações estruturais, de caráter secular. E à partir desta compreensão se direcionam nossas contribuições no campo das Relações Internacionais, da Economia Política Internacional e da Geopolítica.

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