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A hora e a vez da sustentabilidade ambiental – o Brasil vai finalmente enfrentar a crise climática, por Fernanda Feil

As taxas de desmatamento da Amazônia têm crescido consistentemente desde o golpe revestido de impeachment que destituiu a presidente Dilma.

Valter Campanato/Agência Brasil

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A hora e a vez da sustentabilidade ambiental – o Brasil vai finalmente enfrentar a crise climática

por Fernanda Feil

O processo eleitoral de 2022 foi talvez o mais importante pleito que esse país já tenha tido. Não apenas para o Brasil – onde a escolha foi entre a civilização e a barbárie, mas para mundo. Essa afirmação parece exagerada, mas asseguro, não o é.

O Brasil detém 62% da Floresta Amazônica – maior floresta equatorial do mundo. Não apenas esse bioma é extremamente rico em biodiversidade (mais de 50%  da biodiversidade do mundo), como ela é grande reservatório de carbono do planeta. A Floresta é responsável pela a maior bacia hidrográfica do mundo que garante 20% do estoque de água doce do mundo. A Amazônia também é casa para 256 sociedades indígenas com seus costumes, história e cultura. Adicionalmente, a umidade de parte da Bacia Amazônica regula o clima e o sistema de chuvas de grande parte da América do Sul. Isso para não falar do enorme potencial de capital natural desconhecido presente na região.   

A importância da maior reserva florestal do mundo para a garantia que o aumento da temperatura da Terra não ultrapasse os 2ºC, tentando limitar a 1,%º, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris, é central. Apesar disso, a Floresta Amazônica está muito próxima, de acordo com estudo liderado por Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ao ponto de não retorno – ou seja, se o desmatamento da região passar de um determinado limite, a floresta não se recuperará mais. As consequências de um acontecimento como esse seriam catastróficos, não só para a região, mas também para o mundo, afinal, a crise climática não respeita fronteiras. As taxas de desmatamento da Amazônia têm crescido consistentemente desde o golpe revestido de impeachment que destituiu a presidente Dilma. E no governo Bolsonaro esse desmatamento vem acompanhado de um desmonte sem precedentes dos órgãos de controle ambiental.

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E é aqui que volto ao argumento do começo desse texto. O presidente  eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, venceu uma máquina política e, como bem disse Gregório Duvivier – um golpe em andamento. Lula tem enfática e repetidamente manifestado a importância de reverter essa tendência de destruição ambiental (na verdade de destruição democrática, institucional, econômica e social) que o Brasil entrou. Lula entende que o Brasil é um fenômeno ecológico e um processo de transição para uma economia com baixa emissão de gases de efeito estufa – para neutralidade de carbono – pode nos beneficiar imensamente, se soubermos aproveitar as oportunidades. Seu compromisso antes das eleições – A Carta para o Brasil de Amanhã – dividida em 13 grandes objetivos, tem na sustentabilidade um de seus principais focos. O novo governo irá retomar os programas de desenvolvimento sustentável, se comprometeu com o desmatamento zero e prometeu reforçar órgãos de controle ambiental e o Ministério do Meio Ambiente. O plano também coloca como central a inovação sustentável, ou seja, o foco em uma econômica do conhecimento com princípios sustentáveis. Foca, também, na agricultura de baixo carbono e na promoção de práticas ambientais para o nosso agronegócio. Há, inclusive rumores de criação de uma nova secretaria especial, ligada diretamente à presidência, para tratar especificamente de crise climática.

Mas a mudança radical de atitude do presidente eleito em relação ao presidente em exercício não para por aí. A primeira visita internacional enquanto presidente eleito será na Cop 27 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorre entre os dias 06 e 18 de novembro. Lula foi convidado especial do presidente do Egito. Esse é um recado muito claro de como o novo governo se posiciona em relação a mudança climática (e em relação aos organismos multilaterais).

Lula tem um enorme desafio a frente e não será fácil enfrentá-lo. Mas é alentador saber que suas prioridades estão alinhadas com a garantia do futuro do Brasil e da humanidade.

Fernanda Feil – Economista, pesquisadora do Finde/UFF e do Geep/Iesp

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O Grupo de Pesquisa em Financeirização e Desenvolvimento (FINDE) congrega pesquisadores de universidades e de outras instituições de pesquisa e ensino, interessados em discutir questões acadêmicas relacionadas ao avanço do processo de financeirização e seus impactos sobre o desenvolvimento socioeconômico das economias modernas. Twitter: @Finde_UFF

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