A vida digital, o consumo de energia elétrica e o meio ambiente, por Aracy Balbani

Por Aracy Balbani

Uma reportagem da Rádio e Televisão Suíça (RTS) alerta para um aspecto desconhecido da maioria do público: o impacto do uso da Internet no consumo de energia elétrica e no aquecimento global.

Bilhões de pessoas têm o hábito diário de navegar na Internet durante horas; comprar em sites de comércio eletrônico; enviar e-mails, muitas vezes a dezenas de destinatários e com anexos “pesados”; assistir a vídeos no YouTube ou a filmes no Netflix; entupir o Facebook ou o Instagram com fotos fofas da família ou do animal de estimação e manter cópias de arquivos eletrônicos numa nuvem.

A vida nos computadores, smartphones e tablets conectados à Internet faz com que os centros de dados e as redes das empresas de tecnologia da informação espalhadas pelo planeta sejam vorazes consumidoras de energia elétrica. Um único centro de dados consome mais eletricidade do que todo um vilarejo com milhares de residências. Pesquisadores estimam que a economia digital devore cerca de 10% da energia elétrica no mundo. Detalhe: grande parte da energia consumida não vem de fontes renováveis.

Segundo o engenheiro de uma agência governamental francesa de proteção ambiental ouvido pela RTS, enviar um e-mail com um anexo de 1 MB consome a mesma energia que uma lâmpada de 25 W acesa por uma hora. A questão é que são enviados mais de oito bilhões de e-mails no planeta a cada segundo, sem contar os famigerados spams.

estimativas de que o conjunto do setor de Internet – centros de dados, redes e usuários – emita na atmosfera, a cada ano, a mesma quantidade de gases do efeito estufa que todos os voos da aviação comercial mundial. Para alimentar com energia elétrica um computador pessoal durante um ano, haveria a emissão de 25 kg de CO2, equivalente à de um voo de Paris a Londres.

A gigante Google e outras empresas alegam que estão empenhadas em reduzir o consumo de energia e o impacto ambiental de suas atividades, altamente lucrativas, seja pelo uso de servidores que trabalham em temperaturas mais elevadas, portanto requerem menos energia para refrigerar os equipamentos, seja pela reciclagem do material eletrônico que usam. A Google afirma que fazer 100 buscas no site consome a mesma energia que o ato de passar a ferro uma só camisa.

Entendidos no assunto dão dicas práticas para o uso consciente da Internet, capaz de ajudar a reduzir o consumo de energia e os danos ao meio ambiente.

1. Envie e-mails somente aos destinatários interessados no assunto. Evite remeter mensagens em massa (a múltiplos destinatários). Acrescente apenas os anexos absolutamente necessários e prefira os arquivos compactados.

2. Limpe sua caixa de mensagens periodicamente. Armazene apenas as mensagens indispensáveis.

3. Experimente sites de busca alternativos e se informe sobre as políticas de sustentabilidade de cada empresa de tecnologia.

O Ecosia, fundado em 2009 e sediado em Berlim, apresenta-se como um empreendimento social. Usa os servidores do Bing (Microsoft) e Yahoo para as buscas e coopera com o World Wildlife Fund (WWF). Promete investir 80% da receita de publicidade nas ações de reflorestamento em países como o Brasil, através de um projeto da WWF no Tumucumaque, e Burkina Faso.

A cada clique em links patrocinados, o usuário do Ecosia contribui para o plantio de árvores. A barra de navegação exibe um contador individual de árvores, cujo cálculo se baseia nas buscas e cliques efetuados pelo internauta. A meta do site é plantar um bilhão de árvores até 2020. A conferir.

A essas dicas podemos acrescentar o bom senso e a prudência para decidir se publicar uma foto, vídeo ou comentário na Internet é realmente necessário, benéfico e seguro ao próprio usuário e aos leitores.

Não temos o direito de sermos negligentes com o impacto ambiental do nosso uso pessoal da Internet. Há muito mais consequências reais de cada clique, comentário, curtida, compartilhamento, download e upload do que a nossa vivência como internautas leigos consegue supor.

Redação

3 Comentários

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  1. esqquecerm de contabilizar –

    esqquecerm de contabilizar – por ser impossível – o desgaste de

    energia mental em tudo isso, além da lerdeza do sistema……

    1. Não é ciência exata, mas

      Não é ciência exata, mas acredite: já foram publicados mais de 600 estudos médicos sobre uso da Internet. Existe até uma revista especializada intitulada Ciberpsicologia, Comportamento e Redes Sociais. Há gente que tentou pesquisar o custo econômico e comportamental da Internet. Quando o acesso à rede não é gratuito, mesmo que o preço seja baixo, o usuário passa menos tempo navegando. 

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