Energia solar entra no foco da CPFL

Do Brasilianas.org

Energia solar entra no foco da CPFL

Fazenda solar, em Campinas, é criada para o estudo de inserção da fonte no sistema elétrico nacional

Por Lilian Milena

Técnicos da CPFL Renováveis trabalham para tornar a inserção da energia solar mais competitiva na matriz elétrica brasileira. Em novembro passado, a companhia inaugurou a usina Tanquinho, com 13.700 m2 de área coberta com painéis fotovoltaicos, em Campinas, interior de São Paulo. A estação, considerada a maior fazenda solar do país, demorou apenas quatro meses para ser instalada e tem capacidade para produzir até de 1,6 gigawatts hora por ano, o equivalente para atender a demanda média de 657 famílias.

Segundo Alessandro Gregori, diretor de novos negócios da CPFL, o objetivo da planta é encontrar o modelo mais competitivo de geração centralizada de energia solar, estudando diferentes tipos de materiais e sistemas fotovoltaicos. Um levantamento feito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, em 2012, mostrou que o valor de instalação do megawatt hora (MW/h) gira em torno de R$ 405, enquanto, que, na instalação do MW/h de energia hidrelétrica e de energia eólica são desembolsados cerca de R$ 80 e R$ 100, respectivamente.

Apesar de ainda não apresentar competitividade comercial, em se tratando de geração centralizada, a energia solar tem ao seu favor o baixo custo de manutenção, ou seja, uma vez instalada, pouquíssimos serão os gastos com a troca e conservasão de equipamentos. Esse último fator tem contribuído para o crescimento exponencial de fazendas solares no mundo. Só em 2011 foram implantados 30 gigawatts (GW) de geradores na Europa, EUA e Ásia, totalizando 70 GW de potencial instalado no mundo. Porém, apesar desse total ser equivalente a quase duas usinas de Itaipu, em termos quantitativos, é irrelevante na produção de energia elétrica, representando apenas 1% da matriz mundial.

No cenário brasileiro, a energia solar não tem representatividade na composição da matriz elétrica. Mas, para Gregori, nos próximos três anos essa tecnologia será intensamente utilizada no país.

Dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar, produzido em 2006 com recursos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), revelaram que, no Brasil, cada metro quadro da superfície exposta recebe entre 1.600 e 2.000 quilowatts hora (KW/h) de irradiação solar. “A título de comparação, na Alemanha, país com maior aproveitamento da energia do Sol, a superfície recebe de 900 a 1.250 KW/h”, completa o diretor de novos negócios da CPFL.

O grau de eficiência de conversão dos painéis solares atinge hoje 14%. Ou seja, do total de raios solares captado, os sistemas fotovoltaicos conseguem converter 14% em energia elétrica. Na região Sudeste do país, onde se localiza a usina Tanquinho, a radiação global média é de 5,6 KW/h por metro quadrado.

Pedro Oliveira, diretor de operação da CPFL Renováveis destaca que os principais sistemas em teste, em Tanquinho, são de painéis feitos de silício policristalino, de silício amorfo microcristalino, e de materiais compostos por cádmio e Cobre-Índio-Gálio-Selênio. “Também estamos estudando o desempenho de arranjos de painéis móveis, chamados de trancking, que acompanham o sol ao longo do dia, além de características específicas da região como o vento, a rugosidade do terreno e a incidência solar”, completa.

O projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de Tanquinho conta com a colaboração da PSR Consultoria para avaliar a inserção da energia solar no sistema nacional de distribuição de energia elétrica, e também da Universidade de Campinas (UNICAMP), que auxilia no estudos referentes ao maior grau possível de produtividade dos painéis.

Geração partilhada

Em 2012, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) publicou a resolução 482, regulando a produção de energia solar no país, num sistema de compensação para consumidores. A popularização do ‘consumidor-gerador’ não preocupa a CPFL Energia, segundo avaliação de Alessandro Gregori.

“Com a instalação Tanquinho como uma usina P&D, a CPFL está aumentando a sua atuação estratégica no mercado se capacitando também para a prestação de serviços de instalação e manutenção”. Pedro Oliveira completa que existe espaço para os dois tipos de sistemas, tanto de geração descentralizada (dos consumidores), quanto de geração centralizada.

Ele analisa que a fonte solar está fadada a ser coadjuvante na matriz energética, favorecendo, portanto, o armazenamento das demais fontes. “A energia solar, convertida em energia elétrica, será jogada na rede elétrica, compensando o uso de hidrelétricas, biomassa, óleo e carvão durante o dia. É dessa forma que a fonte irá contribuir para a segurança energética”, conclui.

Foto: arranjos de painéis móveis da usina de Tanquinho – Campinas, São Paulo.

Luis Nassif

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