Manchas de óleo e negacionismo, por Gustavo Gollo
Demorou quase um mês para que a mancha bomba de petróleo detectada por satélite chegasse ao Rio de Janeiro, tendo deixado rastros pelo sul da Bahia e Espírito Santo, conforme previsões baseadas nos fluxos de correntes marinhas. A intensidade da bomba NAS PRAIAS do RJ foi bastante atenuada, em consequência da intemperização ocorrida sobre o óleo após o longo tempo decorrente desde a identificação da mancha pelo radar.
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Antes dessa, o satélite europeu já havia ajudado a mapear, ainda no oceano, a mancha causadora da segunda leva de óleo – a mais contundente –, que emporcalhou de maneira especialmente drástica as praias de Pernambuco, Sergipe e Bahia, causando nessas os piores estragos.
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Dentre todas as manchas reveladas através dos satélites europeus, a mais elucidativa para o caso, no entanto, é a maior delas, a mancha descomunal com mais de 5 mil quilômetros quadrados – extensão comparável à da ilha de Madagascar, na África –, detectada pelo satélite em finais de JULHO.
Foi o relatório acima, encomendado pela Polícia Federal, que sustentou a acusação ao navio grego que, contingentemente, passou pelas redondezas na ocasião.
A acusação era completamente descabida, dada a monstruosa extensão da mancha de óleo cujo volume descomunal não caberia em uma centena de navios tanques! A omissão de tal quantidade, no entanto, permitiu que a Grécia fosse acionada oficialmente para interpelar os donos da embarcação, demonstrando uma leviandade espantosa.
Como a cifra do volume de petróleo contido na mancha demonstra a impossibilidade de que tão gigantesca quantidade de óleo pudesse caber em um navio – cálculo de dificuldade compatível com questões do ENEM –, a Marinha, tratou de negar a fidedignidade das detecções realizadas através de satélites, tecnologia padrão para isso no mundo inteiro – embora tendo-a utilizado para acusar o navio grego. Note que o papel principal da Marinha, no caso, assim como o do IBAMA, tem sido o de impedir que se veja o óbvio, e encobrir um dos maiores crimes ambientais já ocorridos no planeta – provavelmente o maior vazamento de petróleo ocorrido em todo o mundo!
O tamanho da catástrofe garante que o vazamento, cujos cúmplices estão encravados nos mais altos escalões do governo brasileiro, ocorreu – ou talvez ainda esteja ocorrendo –, em plataforma de extração de petróleo nas costas brasileiras.
As 3 grandes manchas detectadas sugerem 3 vazamentos sucessivos.
A antiguidade do surgimento da primeira mancha, há mais de 4 meses, garante não se tratar de um único vazamento que, em tal caso, já teria tido o óleo marinho todo intemperizado e diluído nas águas.
Um resumo das conclusões decorrentes da admissão de tais manchas é o seguinte:
O óleo é brasileiro, não cabe em um navio, vem de plataforma de extração, tem cúmplices em todos os níveis governamentais e nos meios de comunicação, que também se recusam a revelar o óbvio.
Desmentidos do Pará, ES e outros
Duas notificações de óleo, no Pará, a primeira em 18 de outubro, em Abaetetuba, a outra em 3 de novembro, em Salinópolis, foram imediatamente descartadas pela marinha, do mesmo modo que as primeiras manchas aparecidas no sul da Bahia e norte do Espírito Santo. Todas essas atestavam a ampliação da extensão da catástrofe, minimizada especialmente pela negação das ocorrências no Pará, que, de resto, não foram alvo de inquérito para averiguação de suas origens.
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