Missas Negras em Latim na Explanada dos Ministérios 

“…o deputado já pediu desculpas, então assunto encerrado”
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/moro-se-irrita-ao-ser-questionado-sobre-eduardo-bolsonaro-e-o-ai-5-ja-pediu-desculpa-assunto-encerrado/

Foi assim que o Ministro da Justiça encerrou a questão relativa à proposta de Eduardo Boldonaro de reeditar o AI-5. Sérgio Moro está se notabilizando por sua capacidade de perdoar todos os crimes cometidos por membros do governo Bolsonaro https://jornalggn.com.br/ditadura/sergio-moro-o-juiz-que-perdoava/.

Ego absolvo te a peccatis tuis… Quando perdoou um Ministro corrupto, Sérgio Moro criou uma modalidade de extinção da punibilidade e invadiu a competência do Judiciário. Ao perdoar o filho de Jair Bolsonaro ele invadiu a competência da Câmara dos Deputados e enunciou a nova excludente de quebra de decoro parlamentar.

Durante o período em que despachou processos na Justiça Federal, o Ministro da Justiça agia como se tivesse competência “ad urbe et orbi” https://jornalggn.com.br/justica/o-processo-e-a-decadencia-ocidental/. Descobrimos agora que essa competência não era apenas processual e que seu exercício não ficou restrito ao período em que Sérgio Moro pertencia ao Judiciário. Onde quer que esteja ele age como se pudesse exercer a competência “ad urbe et orbi” de perdoar quaisquer atos praticados por autoridades ligadas ao desgoverno Bolsonaro, independentemente do órgão à que ela esteja vinculada.

Nesse sentido, podemos dizer que aplica-se aqui a teoria dos dois corpos do reimencionada por Lenio Streck  https://www.conjur.com.br/2015-set-24/senso-incomum-preciso-nao-obter-hc-brasil . Um dos corpos do rei é físico e mortal, o outro é místico e imortal. O rei funciona como um receptáculo do poder que se transmite ao sucessor quando ele morre. O falecimento do corpo físico do rei não acarreta a morte do poder real outorgado por Deus.

Impossivel dizer qual divindade atribuiu a Sérgio Moro a competência “ad urbe et orbi” de perdoar que ele tem exercido desde que tomou posse no Ministério da Justiça. Afinal, há quase um ano ele apenas um serviçal da família Bolsonaro.

O sucessor do rei é escolhido por Deus. Quem escolhe o substituto do Ministro da Justiça é o presidente da república. Pax vobiscum, In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti, Ego absolvo te a peccatis tuis… Até quando o corpo místico de Sérgio Moro seguirá rezando Missas Negras em latim para salvar os lobisomens da família Bolsonaro?

Fábio de Oliveira Ribeiro

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