Jornalista demitido após criticar governador do AM já vinha sofrendo censura

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O jornalista Clayton Pascarelli, demitido na quarta (4) da bancada do Bom Dia Amazônia, já vinha sofrendo, desde o ano passado, pressão de dirigentes da filial da Globo para cessar críticas a políticos do governo estadual e da prefeitura da capital.

O GGN confirmou que a saída de Pascarelli do programa que apresentava há quatro anos teve dedos do governo José Melo, que não aceitou o comentário feito pelo jornalista durante o programa transmitido na edição matinal de terça-feira (3), um dia após a rebelião no Compaj, que deixou 56 mortos.

Melo convocara a imprensa para informar que adotaria um pacote de medidas duras para tentar controlar o sistema penitenciário. A primeira medida, segundo o governador do Pros, seria “acabar com as regalias dos presos”.

No ar, a companheira de bancada de Pascarelli, Luana Borba, indagou se a expressão era adequada. O apresentador, por sua vez, finalizou a veiculação da matéria com a seguinte frase: “Deste governo, nada me assusta mais.”

Pascarelli recebeu o aviso de que não mais apresentaria o Bom Dia Amazônia por volta das 19h daquele mesmo dia. Ele também foi avisado de que o diretor Aluísio Daou, diretor e vice-presidente da Rede, queria conversar, mas a agenda não aconteceu.

Um dos gerentes de Pascarelli deixou claro que a demissão se deu por conta dos comentários sobre política.

O GGN apurou que as investidas para cercear a opinião de Pascarelli começaram ainda em 2016, pouco tempo após a morte de Phelippe Daou, fundador da Rede Amazônica.

“Doutor Phelippe Daou era um homem íntegro e tinha como lema verdade, justiça e liberdade. Ele sempre segurou a peteca e dizia que o trabalho jornalístico da emissora não tinha preço, que eles não se venderiam. Mas os filhos não seguraram a peteca”, disse uma fonte ligada à Rede, sob anonimato.

Com a mudança de direção, Pascarelli recebeu o primeiro pedido para que seus comentários fossem redigidos com antecedência para avaliação da emissora. Ele negou essa condição e reafirmou a necessidade de ter independência para executar seu trabalho.

Ainda segundo apurou o GGN, Pascarelli já esperava pelo desligamento da emissora após a repercussão do programa. Jornalistas da Rede Globo foram acionados para tentar fazer com que Ali Kamel intercedesse em favor do apresentador, mas não houve tempo.

Pascarelli disse a interlocutores que saiu “tranquilo” da Rede Amazônica, lamentando que a situação seja de prejuízo à independência jornalística da classe. Ele já recebeu convites da Record e SBT locais, e conversa com outras emissoras.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. Pensem na Dilma ou Lula

    Pensem na Dilma ou Lula pedindo a cabeça de algum apresentador da globo ou outra emissora, o rebusteio que ia ser?

  2. tirou os sapatos

    Com a opção pela demissão, a Globo, por essa decisão, tiara os sapatos e assume uma condição de subserviente, de serviçal, de inferior, de fazer jus ao ditado “manda quem pode e obedece quem tem juízo”

  3. SERÁ QUE AS ASSOCIAÇÕES DE

    SERÁ QUE AS ASSOCIAÇÕES DE IMPRENSA E DOS JORNALISTAS VÃO PROTESTAR? KKKKKKKKKKKKKKKKK…UFA!

    Logo vosmecês (da turma do golpe) que alardeavam somente existir isso em Cuba e na Coreia do Norte! Uh….Eu! Hem? Creio em deus padre. Te esconjuro governador José Melo, tu aprendeu isso com o zé serra. Foi?

    Mas o governador do AM pode censurar um jornalista da TV mesmo ele não sendo seu empregado? Oxente!…Não foi pra evitar uma ditadura bolivariana que a turma foi buscar o constitucionalista de renome? O tal Dr. miShell temer, O pequeno.

    Um cabra já beirando a senilidade, é instado a abandonar a sinecura de uma vice-presidência maneira, escanteado. Fazer um quase-macróbio ocioso, largar a cria aos cuidados de uma moça discreta e do lar, sozinhos. Ao tempo em que, tem que  arriscar-se a jogar no lixo a própria biografia, as luvas brancas, a gravata borboleta, o belo uniforme de mordomo. Pra nada? Aliás, se ficasse quieto num canto, seria bem melhor, ao invés das besteiras que anda aprontando.

    Ao cabo, a proposta foi fazer o cabra enredar-se nessa pantomima ridícula, gesticulando as mãozinhas vacilantes de um lado pro outro. quem assiste, imagina que o sujeito vai se comunicar na linguagem de sinais (Libras). Nada! O homem é uma fraude só. Sem honra, tendo que cometer uma vil traição, envolvendo-se num golpe descarado. Teria sido apenas por vaidade? Ou, por burrice mesmo? Vez que vai favorecer aos já favorecidos da bufunfa, da banca.  Foi pra isso miShell que fizeste um curso universitário? PQP! Diria seus genitores….

    Orlando

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