Polícia sem partido, por Vladimir Safatle

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Em seu artigo de hoje, na Folha, Vladimir Safatle vai longe. Vai até o golpe militar no Brasil, onde suicídio ajoelhado, como quiseram fazer crer sobre morte de Herzog, era coisa que queriam nos empurrar garganta abaixo para explicar o inexplicável, o inaceitável. Curiosamente, o artigo carrega dois títulos: um no jornal físico e outro na internet. Um explica claramente a que veio, veio pedir “Polícia sem partido”, que não desça o sarrafo em quem não concorda com o governo, já que sua função é massacrar as vozes dissonantes ao poder estabelecido. Na internet, o título passa a ser “A arma mais forte será ampliar a não cooperação com o governo”. O título está bem mais controlado, não dá a dimensão do artigo.

Safatle critica a polícia partidária que mata jovens e os governadores alinhados batem palmas. Critica a Folha por ter feito aquele cansativo editorial pedindo firmeza com os “fascistas”, manifestantes que ousavam sair às ruas e gritar palavras de ordem em frente ao jornal. Critica ainda esta capacidade de se indignar com uma lixeira incendiada e uma janela quebrada, e não ter uma palavra contra a jovem que perdeu o olho com bala de borracha da polícia partidária. 

O mundo virou de ponta cabeça. Ele relembra aos esqucidos que infiltração é a arma mais velha da humanidade, e se não conseguem perceber que black blocs é fruto desta tática, não entendem mais nada de democracia. Aponta a provocação da polícia política como um fardo para a democracia e que sua função atualmente é provocar a desordem, criar imagens de terror para minar o movimento contrário ao governo que aí está. E, por fim, entende que, aí sim, a arma mais forte será ampliar a não cooperação com o governo e, caso estejamos realmente interessados na não violência, devemos fazer uma crítica implacável da violência perpetrada pela policia com suas táticas primárias de provocação.

da Folha

A arma mais forte será ampliar a não cooperação com o governo

por Vladimir Safatle

Cada época tem sua imagem. Há momentos nos quais a essência de tempos históricos determinados encontra sua figura sensível. A ditadura militar teve, por exemplo, a figuração precisa de sua barbárie bruta na foto de Vladimir Herzog enforcado em uma cela, com os joelhos dobrados quase no chão. Demonstrava-se, de forma grotesca, o descaso com qualquer princípio elementar de verossimilhança. Isto é essência mesma de um estado policial: um regime no qual você deve acreditar que alguém morreu enforcado, mesmo que sua foto demonstre exatamente o contrário.

Desde então alguns dizem que o país mudou, mas certamente não para a polícia militar. Ela continua agindo como se devêssemos acreditar que pessoas se enforcam com o joelho dobrado no chão. Não é por acaso que, segundo estudos da socióloga norte-americana Kathryn Sikkink, o Brasil é o único país na América Latina no qual tortura-se mais hoje do que na época da ditadura militar. É porque aqui a imprensa e a classe política dão carta branca para a polícia agir da maneira como convier na defesa dos interesses do seu partido. Sim, não se enganem pois a polícia tem partido. Enquanto o sr. Alexandre Frota e o coral gospel “Jesus ama Ustra e seus amigos” entoam o hino Escola sem Partido, alguém deveria começar por exigir uma Polícia sem partido.

  Marcelo Cipis/Editoria de Arte/Folhapress  
Ilustração Vladimir Safatle de 9.set.2016
 

Desde os tempos mais remotos da humanidade, a tática da provocação e da infiltração é utilizada para desqualificar quem contesta o poder. Foi assim em Roma, na Babilônia e nas manifestações de 2013. Vimos inúmeras vezes em que a polícia provocava, jogando bombas em manifestações até então pacíficas, infiltrando-se, atirando a esmo. Ou seja, a função da polícia brasileira não era garantir a ordem, mas produzir e gerenciar a desordem. Produzir imagens de terror para minar o apoio popular às manifestações. Enquanto isto, o Ministério Público, especialmente o de São Paulo, nem cogitava agir a fim de enquadrar o uso da força do braço armado do Estado. O que não era de se estranhar, já que o governador do nosso cafezal, assim como outros governadores pelo país, aplaudiam enquanto seus soldados matavam oito manifestantes, feriam 837 e prendiam 2.608 só em 2013 (dados da ONG Artigo 19). Em outros lugares do mundo, isto seria descrito como uma carnificina. No Brasil, é defesa da ordem.

Então vieram as manifestações pelo impeachment e o milagre aconteceu: uma polícia ordeira, catracas abertas para manifestantes passarem gratuitamente, confraternização entre a polícia e as senhoras com sua nostalgia por “intervenção militar”. Em troca a PM fazia o milagre da multiplicação e anunciava ter 500 mil manifestantes em um espaço no qual só cabiam 200 mil. Mas como lembra a foto de Herzog, verossimilhança não é o forte da corporação.

Agora, 62% da população quer que o sr. Michel Miguel devolva ao povo o cargo que ele usurpou e convoque eleições gerais. As ruas voltaram a se encher e a polícia voltou a mostrar qual é o seu partido. Domingo, São Paulo foi palco de uma enorme manifestação, sem patrocínio da mídia e com proibição do governo de São Paulo. Como tudo ia bem, a polícia precisava produzir sua desordem, fornecer imagens de caos. Assim, bloqueia-se previamente novas adesões da população.

Michel Miguel, ao tomar de assalto a república, prometeu ao país a “pacificação”. Na sua novilíngua isto significa: bomba, bala e “cadeia preventiva”. A imprensa pode, pela enésima vez, insuflar o espantalho dos black blocs e auxiliar o governo em sua luta desesperada por não cair. Mesmo esta Folha publicou um editorial no qual eles eram comparados a fascistas exatamente um dia depois da estudante Deborah Fabri ter perdido um olho por ação da polícia. Não houve o mesmo tom de indignação com o segundo fato, nem com o fato de um tenente-coronel ter descrito essa violência inaceitável com um singelo: “quem planta rabanete, colhe rabanete”.

Prefiro não acreditar que alguém entenda que vidraças de bancos e lixeiras sejam mais importantes do que a integridade física de nossos cidadãos. Por outro lado, que fique claro: a arma mais forte atualmente será ampliar as formas de não cooperação com o governo e de não violência. A violência black bloc só serve para fortalecer o estado atual das coisas. Mas se estivermos realmente interessados em não violência a primeira coisa a fazer é ter uma crítica implacável da violência da polícia, de suas práticas primárias de provocação e de seu comprometimento político-partidário

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

19 Comentários

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  1. A FSP continua manipulando e tentando enganar os leitores.

    Prezados,

    A FSP, ao publicar artigos críticos como os de Gilherme Duvivier, Vladimir Safatle, Jânio de Freitas e alguns outros poucos, manipula e tenta enganar os leitores, posando de imparcial ou de plural; nada mais falso. Essa estratégia é usada para reter alguns leitores da Esquerda Moderada, que os editores da FSP ainda pensam constar no rol de assinantes ou para convencer  a malta reacionária que constitui o grosso do leitorado,  de que o jornal é plural e dá voz ao chamado ‘outro lado’. 

    O fato objetivo é que as asssinaturas do jornal (seja do impresso ou do eletrônico) e aqueles poucos exemplares vendidos em bancas não cobrem os custos de produção. A FSP, como de resto todos os veículos da ‘velha mídia comercial’, precisa(m) desesperadamente da verba publicitária do Estado, seja no âmbito citadino, provinciano ou nacional. Sem a publicidade estatal, o PIG/PPV morre. Nem mesmo os grandes anunciantes privados – se desinteressados em manter o  PIG/PPV como partido político que os representa – injetarão dinheiro suficiente para manter as ‘rotativas’ e as redações em funcionamento. O caso do jornal OESP é emblemático: falido, o “estadinho” só não fechou as portas porque não encontrou compradores e porque os principais credores (bancos privados nacionais) sempre tiveram interesse em manter o jornal como porta-voz e como partido político representativo do empresariado e plutocracia nacional.

  2. Poderiamos propor também as

    Poderiamos propor também as forças armadas sem partido, ou judiciário sem partido e principalmente a imprensa sem partido.

  3. SAFATLE acima:
    “Vimos

    SAFATLE acima:

    “Vimos inúmeras vezes em que a polícia provocava, jogando bombas em manifestações até então pacíficas, infiltrando-se, atirando a esmo. Ou seja, a função da polícia brasileira não era garantir a ordem, mas produzir e gerenciar a desordem. Produzir imagens de terror para minar o apoio popular às manifestações”

    Excelente !!!!!!

  4. É o que venho postando aqui:

    É o que venho postando aqui: a PM usa hoje a mesma tática dos capitães-de-mato que agiam a serviço da Casa-grande. Ou seja só tem um lado o dos patrões, dos banqueiros, dos governantes plutocratas. Não evolui em nada, nem na dessimulação das agreções. 

  5. Só os movimentos na rua

    Só os movimentos na rua salvarão nossa democracia e é por isso que os golpistas agem com força policial e intimidação e fazem por dois motivos: primeiro para “assustar” os que pensam em ir para as ruas e segundo, para criminalizar quem já está lá. A polícia deveria ser “mais dura” com quem está no poder, esses são os verdadeiros fascistas, e todo mundo já sabe disso!!

  6. Pergunta que faço à

    Pergunta que faço à  “eficiente” Polícia:

    Por que – desde as manifestações de 2013 até hoje – a Polícia não identificaou nenhum elemento dos chamados “Black Bloc” ??? individualmente ou o todo dos componentes do grupo??? São ou não policiais disfarçados? 

    Por que não se faz cumprir a regra do art. 5, inciso IV, da Constituição Federal que ao garantir a liberdade de manifestação  e proíbe o anonimato???

    A identificação se pode – não me parece difícil para a “eficiente” (refórço) Polícia (e mais, ainda, quando conta com inúmeros recursos tecnológicos a seu dispor) –  fazer antes, durante ou depois das manifestações. 

    Tenho visto a Polícia alhures, isolando e retirando das manifestantações esses indivíduos do “guebra-quebra”.

    Uma das medidas (administrativas ou judiciais) tomadas é a obrigação de nos dias de manifestação se apresentarem no Distrito Policial do bairro onde residem. 

    Esses métodos, ao que me parece, são aplicados em relação às torcidas organizadas.

     

     

  7. Essa mulher, com um modelito

    Essa mulher, com um modelito básico das manifestações Fora Dilma, ao registrar seu momento “civico” acabou gerando uma foto singular, meio carnavalesca, tipo “rainha de bateria” da tropa de choque da PM.

  8. POLICIA, JUDICIÁRIO E MIDIA

    POLICIA, JUDICIÁRIO E MIDIA SEM PARTIDO JÁ, muito mais importante que qualquer eleição.

    Não nos enganemos, a policia obedece.

  9. Ególatra

    É interessante que alguns personagens da política, principalmente da esquerda, agem dessa forma.

    Criticam, criticam, mas publicam suas opiniões na mídia, objeto da sua crítica.

    Nessa linha estão Duvivier, humorista, mas com um vantagem: Faz seus stand up e divulga seus pensamentos e convicções para um público seleto. Só vão aos seus espetáculos, quem o admira.

    Já o Safatle, político do Psol, não está nessa linha.

    Penso eu que ele queira conquistar mentes e corações da direita raivosa, leitores da Folha.

    Tática política?

    Não. Para mim é um ególatra mesmo.

    Coisa de uspiano.

    1. não, amore!!

      Se você lesse algum livro sobre como funciona a imprensa, mesmo que seja, ou não, algo daqueles autores que o Bostatino ordenou vc e seus amigos coxinhas evitarem as leituras, entenderia que o fato de ter apenas 1 jornalista falando o contrário do que costumeiramente a imprensa corrupta prega, já faz os coxas/ desavisados/ não leitores/ manipulados pensarem que é uma “ISENTONA”.

      Me poupe, nos poupe e se poupe de mostrar tamanha ignorância.  

      Se vc fosse mesmo contra a corrupção não leria, veria, ou ouviria nada dos Marinho’s, Civita’s, Frias e Mesquitas da vida, pois eles devem milhões aos cofres públicos e defendendo o governo atual e a tucanada não precisam quitar suas dívidas e continuar se passando por ISENTONAS. 

      Abs =)) 

      1. A crítica dele não tem esse viés.

        Safatle é dos que se empolgaram demais com 2013, dos que viam a revolução, o maio de 68 brasileiro naquela baboseira.

        Usou e abusou do tema, que lhe deu ascendência sobre um público jovem que o repercute no facebook. 

        Sua utilidade na Folha, como você mesmo apontou se sobrepõe à utilidade de seus textos, até por peleguismo (pois só o lê na folha criticando o PT do alto de seu cavalo quem já odeia o PT pois o Tio Rei mandou), basta lembrar de suas críticas ao governo em 2013 e de ser um dos proponentes associado a Luciana Genro (destoando dos representantes eleitos do PSOL, pois sua base eleitoral em suas reuniões reage como estes dois) da necessidade da renúncia de Dilma antes mesmo do débil Aécio ter o lampejo.

        Desde 2013 o vimos na Folha como “a voz crítica da esquerda ao PT”, de um lado Reinaldo Azevedo batendo da Veja e do outro o Safatle, o que me rememora Allende que caiu por não agradar ninguém, (sabemos o que deveria fazer para agradar).

        Enfim, sempre se apresenta como “a” alternativa, e em 2013, 2015, e 2016, preparou o campo para que a direita sem nenhuma dificuldade roubasse a bola, o campo e a torcida, e por falar aos jovens , mas não sujar os pés na rua, não consegue se eleger vereador.

      2. Puxa vida!

        Vou publicar novamente, porque tenho dúvidas que tenha conseguido.

        Estefânia, agora quem está sendo ególatra é você.

        Usa a escada do Safatle para me desancar.

        Tudo bem!

        Aqui é um espaço para isso mesmo.

        Você não precisa concordar comigo e nem eu com você.

        A melhor resposta que eu poderia lhe dar, o Des deu. Ficou um cacófato, mas eu quero dizer que o comentário do Des foi tão perfeito que não poderia ter feito melhor.

        Vou ilustrar a minha opinião para você.

        Dias desse, liga na minha casa uma moça muito educada dizendo que eu fui assinante da Folha e me oferceu uma noite das mil maravilhas como ex-assinante.

        Que eu teria um mes gratuito para receber em casa o jornal, blá, blá, blá, coisas que tenho quase certeza que você também foi assediada pelo desespero do Otavinho.

        Muito educadamente respondi a ela que entendia o seu trabalho, mas que não me interessava pelo jornal fazia muito tempo. Que era um jornal reacionário, mentiroso etc, etc.

        Disse também que como ela poderia me oferecer, que segundo o script que ela lia, o diário estava com uma nova linha editorial que estava mais plural, mais democrático,  uma assinatura de um jornal que tem no seu quadro de funcionários gente do tipo de um Reinaldo Azevedo e Kim Kataguiri.

        Ela ficou sem reação, agradeceu respeitosamente e a conversa acabou.

        Você viu Estefânia?

        Eu não leio a Folha, portanto não leio o Safatle, não leio o Estadão, Veja, Época, Istoé. Não assisto a Globo principalmente.

        Só assisto nos canais fechado de tudo, mas nada que faça parte da Globo, Band, Record, SBT e tudo mais, evitando as ligações com os canais abertos, que são um lixo.

        Você se enganou comigo.

        O Safatle pode pertencer ao partido que ele quiser, mas jamais ser tendencioso usando o discurso de esquerda e atacar que é do seu prórpio espectro político, porque para o Psol chegar ao poder terá que fazer as mesma concessões que o PT fez, e o fez muito errado, equivocado, não segurou seus corruptos etc.

        Aliás a parceira dele lá no Sul, a Luciana Genro está provocando urticárias em toda esquerda com o seu discurso para conseguir ganhar a eleição para a prefeitura de Porto Alegre.

        É neoliberalismo na veia.

        Nem sabe se vai ganhar e já está se prostituindo.

        Então Estefânia, menos mi amore.

  10. Pena que seja tarde demais

    Na época, em 2013, os black blocs (metade deles agentes da P2 infiltrados) eram os queridinhos de 3 expoentes da Academia, que deram respaldo acintoso e alucinado para aquela aventura: Pablo Ortellado, Ivana Bentes e o antropólogo maluco-beleza Eduardo Viveiros de Castro. De quebra, a professora de filosofia Camila Jourdan. Sininho não conta. Pena que seja tarde demais. 

  11. Polícia sem partido

    Wladimir Safatle não foi longe em seu artigo na Folha, pelo contrário se aproximou de uma análise que alguns só vislumbram em uma distância segura e confortável, como dizia Walter Benjamin. 

    Infelizmente, para mim, essa distância não é segura… Sou professora de Filosofia da PUC e da escola Fernão Dias Paes. Vi de muito perto meninos e meninas moverem cadeiras empoeiradas da escola, terem seus direitos garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente violados. Vi gente jovem, muito jovem ser criminalizada, julgada e condenada por policiais, população, especialistas em educação e até professores e coordenadores da escola. Como professora apoiei o movimento dos estudantes secundaristas, não porque concordava com todas as estratégias, mas porque vi o desejo, a vontade, a força dos afetos de jovens emudecidos por cartilhas oficiais e professores cada vez desestimulados pelo crescente processo de sucuteamento da escola pública. A polícia tem partido, é o partido que espalha o medo, a intolerância, a truculência. É o partido do Grande Leviatã. Monstro que nossa racionalidade instrumental criou e já não pode dormir em paz sem que ele segure nossas mãos, ameaçando apagar as luzes. As luzes do entorno da escola continuam apagadas, as portas trancadas, agora se apagam luzes dos trajetos de manifestações. Mas há sempre um policial. Como nos textos de Kafka, não o conhecemos, mas eles nos conhecem. Estão afoitos para usar a força e a violência com as bençãos de quem pede segurança para sua vida privada: privada de afetos, de solidariedade, de humanidade

  12. Polícia sem partido

    Wladimir Safatle não foi longe em seu artigo na Folha, pelo contrário se aproximou de uma análise que alguns só vislumbram em uma distância segura e confortável, como dizia Walter Benjamin. 

    Infelizmente, para mim, essa distância não é segura… Sou professora de Filosofia da PUC e da escola Fernão Dias Paes. Vi de muito perto meninos e meninas moverem cadeiras empoeiradas da escola, terem seus direitos garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente violados. Vi gente jovem, muito jovem ser criminalizada, julgada e condenada por policiais, população, especialistas em educação e até professores e coordenadores da escola. Como professora apoiei o movimento dos estudantes secundaristas, não porque concordava com todas as estratégias, mas porque vi o desejo, a vontade, a força dos afetos de jovens emudecidos por cartilhas oficiais e professores cada vez desestimulados pelo crescente processo de sucuteamento da escola pública. A polícia tem partido, é o partido que espalha o medo, a intolerância, a truculência. É o partido do Grande Leviatã. Monstro que nossa racionalidade instrumental criou e já não pode dormir em paz sem que ele segure nossas mãos, ameaçando apagar as luzes. As luzes do entorno da escola continuam apagadas, as portas trancadas, agora se apagam luzes dos trajetos de manifestações. Mas há sempre um policial. Como nos textos de Kafka, não o conhecemos, mas eles nos conhecem. Estão afoitos para usar a força e a violência com as bençãos de quem pede segurança para sua vida privada: privada de afetos, de solidariedade, de humanidade

  13. violencia

    Não existe esse negócio de não violência. Se você apanha calado, não se defende de uma agressão, você está sendo violento, contra você.

  14. Só Escola sem

    Só Escola sem partido?

    Polícia SEM PARTIDO!

    JUDICIÁRIO SEM PARTIDO!

    MINISTÉRIO PÚBLICO SEM PARTIDO!

    POLICIA FEDERAL SEM PARTIDO!

    RECEITA FEDERAL SEM PARTIDO!

    BANCO CENTRAL SEM ELITE!

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