O samba sem Ederaldo Gentil

Do A Tarde Online


O samba da Bahia perde o mestre Ederaldo Gentil


Morreu na noite desta sexta,30, de infecção generalizada após complicações intestinais, o sambista baiano Ederaldo Gentil, aos 68 anos.




Morreu na noite desta sexta,30, de infecção generalizada após complicações intestinais, o sambista baiano Ederaldo Gentil, aos 68 anos. Segundo amigos, ele começou a sentir dores na região do abdômen ainda na quinta-feira (29) quando, por recomendação de familiares, foi levado ao médico. Morreu no Hospital Ernesto Simões e deve ser sepultado às 15 horas deste sábado no Cemitério Campo Santo, na Federação.


Amigos do músico e poeta, por muitos chamado “O Ouro do Samba Baiano”, lamentaram a morte de Ederaldo Gentil, nascido em 7 de setembro de 1943, no Largo Dois de Julho. O amigo José Luiz Lopes, parceiro de Gentil há 40 anos, contou que ele já vinha enfrentando problemas de depressão. “Realmente, a Bahia está de luto. Ederaldo deixou mais de 200 músicas gravadas”, lembrou Lopes.


O também músico e sambista, Nelson Rufino, lamentou a morte do amigo, com quem começou junto a carreira na Escola de Samba Os Filhos do Tororó, nas décadas de 1960 e 1970. “Eu faço samba. Para nós é uma perda irreparável”, ressaltou Rufino, na noite de ontem. Argumentou que é difícil descrever uma figura como Ederaldo. “Eu tenho por ele e pela obra dele um carinho infinito”, resumiu o compositor.


Na análise de Rufino, Ederaldo conseguiu ser um grande sucesso nacional, mas também regional. “Poucos compositores conseguiram ter sucesso tão grande. Ele é nacional, e em alguns casos o compositor não tem sucesso regional. Mas aqui em Salvador, quando se faz uma roda de samba, cantam-se 10, 15 ou 20 músicas do Ederaldo”, comenta Nelson Rufino.


Sucesso e declínio –


Dois grandes sucessos de Ederaldo Gentil – “O Ouro e a Madeira” e “Triste Samba” – foram gravados em 1975, o primeiro gravado pelo grupo Nosso Samba, acompanhantes oficiais de Clara Nunes. Ederaldo foi também parceiro e companheiro de sambas de Riachão, Edil Pacheco, Batatinha, Walmir Lima. No final da década de 1970, ao lado de Edil Pacheco e Batatinha, estrelou célebre show “O Samba Nasceu na Bahia”.


Mas aos poucos Ederaldo Gentil foi sumindo de cena, esquecido nas rádios e TVs, chegando a ouvir em locais como a Cantina da Lua músicas suas serem cantadas sem saberem que ele era o autor da canção.


Em 1999, o amigo Edil Pacheco gravou o CD “Pérolas Finas”, com participações de João Nogueira, Beth Carvalho, Elza Soares, Carlinhos Brown e Gilberto Gil, quando foram gravadas músicas como “Saudade me Mata”, “Rose”, “Barraco” e “Identidade”. A inédita “Maria da Graça” seria gravada por Chico Buarque, que não pode estar presente à gravação. Coube a Edil gravá-la.


Pela gravadora Chantecler, Ederaldo gravou o compacto simples “Triste Samba” e “O Ouro e a Madeira” (1975) e o LPs “Samba, Canto Livre de um Povo” (1975) e “Pequenino” (1976). Em 1983, lancou o independente “Identidade”. Em 1989, saiu a coletânia “Ederaldo Gentil”, com músicas dos dois primeiros LPs, e nos anos 2000, foi lançada a coletânea “Ederaldo Gentil – A Voz do Poeta”, pelo selo Olori.

Luis Nassif

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