Aquiles Rique Reis
Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.
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Três dos melhores, por Aquiles Rique Reis

Quando se fala em contrabaixo acústico, Adriano Giffoni é referência. Com esse instrumento e com os diversos sons que variam de acordo com cada um de seus formatos – de quatro, cinco e seis cordas –, o músico realça sua genialidade a cada solo, a cada improviso.

Se por um lado ele é sabidamente um instrumentista virtuoso, por outro sabe-se também, desde principalmente o seu disco anterior Encontro das Raças, que Adriano Giffoni é também um ótimo compositor e arranjador.

Pois agora ele lança o disco Melhor de Três (independente), para o qual convidou dois amigos instrumentistas craques como ele: o guitarrista e violonista Felipe Poli e o baterista Cesar Machado. Igualmente compositores, com músicas gravadas neste álbum.

Tudo tem início com “Samba de Malandro”, de autoria de Adriano Giffoni. O suingue está nas mãos do baterista. A guitarra toca a melodia e logo depois se entrega a um solo cheio de bossa. O baixo elétrico de seis cordas segura as pontas e a todos aproxima com seu som encorpado. A criatividade dos instrumentistas reflete-se na empolgação servida aos ouvintes em bandeja de prata. O arranjo – nas onze faixas do CD eles são coletivos – cresce com a sacada de Giffoni de dar apoio a um dos solos da guitarra tocando o baixo em acordes… Supimpa.

“Três da Manhã” é outro bom samba de Adriano Giffoni.

O três começam tocando juntos, pulsando num compasso de samba diferente daquele a que estamos acostumados. O sabor do ritmo é acentuado pela pegada da bateria. O coro come. A guitarra e o baixo elétrico revezam-se em solos. A bateria, sempre muito segura, contribui para arredondar o som e torná-lo ainda mais saboroso.

“Melhor de Três” (Giffoni), como “Três da Manhã”, é um samba em ¾, e tem a participação do sax tenor de Tino Júnior, que se encarrega de puxar o tema. O trio segura a onda. A peteca não cai. A guitarra improvisa por diversos compassos. Logo é o sax que improvisa, seguido por um solo do baixo fretless de seis cordas. Para fechar a tampa, o sax retoma a melodia, em seguida improvisa e leva ao final.

“Namoralice” (Cesar Machado) tem bela melodia tocada pelo baixo acústico fretless. A guitarra trisca em acordes, enquanto a bateria acentua o ritmo. O tema jazzístico tem ainda um improviso do baixo, seguido por outro da guitarra. O baixo retoma o solo. Lindo.

“Solidão a Dois” (Felipe Poli), uma bossa nova com o balanço que marca o gênero, tem melodia a cargo de um duo de guitarra e voz de Poli. Suingue saboroso, que faz o ouvinte balançar o corpo. O baixo fretless de seis cordas engorda a pegada. A bateria segura o tranco.

“Duo Número 1” (Giffoni) tem apenas a bateria e o baixo elétrico de Giffoni. Então, cada um em seu momento, enlouquecem em improvisos arrebatadores. Meu Deus!

Multi-instrumentista das cordas, Giffoni, mais Poli e Machado, encontram na diversidade sonora o centro para buscarem o norte da música popular instrumental brasileira, uma das melhores e mais ricas do mundo.

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4

Aquiles Rique Reis

Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.

1 Comentário

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  1. Salve Aquiles!

    Meus respeitos, Aquiles, pela belíssima trajetória musical, que muito nos orgulha.

    Admiro muito o trabalho do Adriano Giffoni como instrumentista, líder de banda e também em sua face menos conhecida de arranjador. Algumas de suas orquestrações para grupo de base, sopros e metais estão entre as minhas preferidas no samba instrumental brasileiro, território de muitos craques no qual ele passeia sem dever nada a ninguém.

    O trio com Felipe Poli e Cesar Machado mantém o altíssimo nível de sempre.

    Muito merecida sua lembrança e homenagem.

    Grande abraço.

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