Bolsonaro quer ligar sua presença à retirada de tropas russas por Putin

Apoiadores impulsionam conteúdo para relacionar decisão com presidente, mas decisão russa foi tomada antes de reunião com premiê alemão

Os presidentes da República do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Federação Russa, Vladmir Putin, durante declaração à Imprensa. Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a tentar relacionar sua viagem à Rússia com a decisão do presidente Vladimir Putin retirar parte das tropas que se exercitavam na divisa com a Ucrânia.

“Alguns países achavam que não deveríamos vir. Mantivemos nossa agenda, por coincidência ou não, parte das tropas deixou a fronteira”, disse Bolsonaro a jornalistas em Moscou, segundo o jornal Folha de São Paulo.

Contudo, o anúncio da retirada das tropas russas ocorreu antes do encontro de Putin com o premiê da Alemanha, Olaf Scholz.

Essa não foi a primeira tentativa de Bolsonaro de se aproveitar da decisão russa. Durante seu voo a Moscou, Bolsonaro postou uma foto da notícia sobre a retirada das tropas russas, tentando ligar o fato à sua presença no país – só isso foi suficiente para que seus apoiadores impulsionassem mensagens associado a decisão de Putin à presença de Bolsonaro.

A estratégia bolsonarista vai de encontro ao que o jornalista Jamil Chade relatou em sua coluna no UOL no último domingo (13/02): embora tenha sido orientado para tratar a crise ucraniana de forma superficial, o presidente brasileiro usa a viagem para mostrar aos seus apoiadores que o país não está isolado, embora todos os fatos mostrem o contrário.

Segundo Chade, “o presidente é visto como um pária internacional, criticado entre delegações estrangeiras e evitado por líderes democráticos. Mesmo dentro do Itamaraty, uma ala ciente da hesitação internacional que vive o país tenta evitar pedir reuniões bilaterais com chefes-de-estado estrangeiros em reuniões de cúpula, como no G20”.

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Redação

2 Comentários

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  1. Quero registrar a minha profunda decepção e, porque não dizer, indignação pelo modo que o bozo foi recebido pelo Putin.
    Quando se esperava que o bozo seria recebido numa mesa de 20 metros e ele, o bozo, ficaria porta a fora, no frio, para falar com o Putin por megafone , o cara é recebido com honras de estado, com hino nacional, bandinha e, PASMEM, em vez de mesão foi mesinha de centro, com direito a proximidade, pé na cara e demonstração de superioridade física pelo bozo. Magoei! Decepção profunda. Por outro lado, devemos reconhecer que, finalmente, o bozo pontuou. Está de parabéns. Foi recebido por uma potência, com honras de chefe de estado e despachou em particular com um estadista. É a glória!

  2. Superada a indignação damo=nos conta de que Putin está montando o seu xadrez político para a américa de baixo recebendo chefes políticos regionais dos mais estrambóticos, aproveitando o ensejo para fazer fusquinha para o Biden.

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