Catarina e Jarirí – uma paixão sobre-humana

Entoncis, Jarirí e Paisé iniciaram a ida inté a casa da família di seu amigo Dito Nigromancia. O chão istava liso e escorregadio cumu uma salada di quiabo, o qui fazia eiles iscorregarem a todo o momento. As água da chuvarada tinham penetrado profundamente na térra e pisar néila afundava ospé i grudava os sapatos nu fundu da lama. Tava difícil, maisi eiles istavam crentes em cunseguir maisi arguns votos pá Fernando Haddad e prosseguiam persistentes, maisi vagarosamente. O esforço se fazia urgente, maisi arguns votos eram importantis no todo qui seria contado pá dizê cumo siria o futuro do país. Veiz em cuando, Jarirí fazia Paisé pará:

– Espéra, Paisé, meu sapato dereito ficô preso nu fundo du barro, ieu tenhu di enfiá a mão pá puxá eile. Meu sapatos infismente são maió du qui os meus pé. Indaí, Paisé isperava pacientimente qui Jarirí enfiasse o braço nu buraco da lama pá incontrá o pé du sapato. Pìór éra cuando eile perdia os dois pé du sapato, purqui o tempo dobrava. E Paisé falô prele:

– Carréga os sapato nas mão, melhór ir descalço, ucê tá insistindo muito em ir calçado.

– Ucê tem razão, eu num sei purqui num pensei nisso antes.

Entoncis, adispois di uma caminhada muito desastrada, eiles chegaru enfim na casa di Dito Nigromancia. Paisé foi entranu sem se anunciar, Dito éra um grandi amigo deile.

– Eu sabia qui ucê viria aqui, Paisé. E tumém sabia qui ucê chegaria chei di lama. Maisi quem é eisse moço qui te acumpanha, chei di barro cumu uma rã?

– É Jarirí, amigo meu e di meu primo Bódim.

– Ah! Jarirí, a casa é sua! Se ucê quisé tumá um banho, esteja à vontadi.

– Noncis, se ucễ num se incomodá, eu fico sujo anssim mesmo. O qui nos traz aqui é urgente.

– Sim. Eu imajino e já advinhei o que ucês querem. E já vou adiantanu, nóis todos aqui da mia família já decidimu votá em Fernando Haddad, menos o meu filho di dezoito anos, Jurandir, qui está ali sentado oianu pra fora da jinéla. Ieu duvido qui ucêis cunsigam convencê eile.

– Se ucê me permite, Dito, eu e Jarirí vamu batê um papo cum eile.

– Eu permito, é claro. Tenta fazê o qui nóis num conseguimo de jeito ninhum.

Indaí, Paisé e Jarirí se apriximarum di Jurandir, o quar istava duro cumo uma estátua, pensativo e cum cara di brabeza. Paisé tumô a iniciativa di cumessá a cunversa.

– Ucê sabe, Jurandir, qui eu num sou um homi di meias palavras. Ieu vou cérto e reto naquilo qui é o assunto. Que desejo te faz querer votá na Besta? Tenta pensá profundamente.

– Entoncis, diante do silêncio di Jurandir, Jarirí chegô maisi perto deile, qui continuava duro cumo uma rócha, e falô:

– Eu seio, Jurandir, o qui te léva a ter éissa idéia de votá no monstro, ucê quer ter um revólver. Estou cérto?

Jurandir, entoncis, moveu a cabeça e provou o gosto das palavras de quem tinha acertado no ponto central de seus pensamentos.

– É sim. Eu quero me vingá de arguns falsos amigos. Cum uma arma na mão eu sou mais eu.

Redação

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