A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023, mais conhecida como COP28, chega ao fim nesta terça-feira (12), mas o rascunho do texto final não traz um acordo sobre a eliminação progressiva do uso de combustíveis fósseis, um dos pontos mais debatidos entre pesquisadores nas medidas de combate ao aquecimento global.
Para comentar esta negociação, o programa TVGGN 20H contou com a participação de Tomás Tarquinio, antropólogo, especialista em energia, clima, ecologia e meio ambiente.
Tarquinio resumiu o objetivo das Cops em acordos para a redução da emissão de gases de efeito estufa produzidos pelo ser humano. O encontro, que este ano contou com a presença de 90 mil pessoas, deveria também propor medidas para limitar o aquecimento global e avaliar o resultado de metas acordadas em edições anteriores.
Mas, por ser realizada em Dubai, país que compõe os Emirados Árabes, sétimo maior produtor de gás do mundo, o debate sobre o uso de combustíveis fósseis foi relegado.
“Somente na COP26, 197 timidamente incluíram no texto a necessária redução progressiva do carvão, sem definir prazos e nem quantidades”, observa o especialista em energia.
Efeito estufa
A conclusão da COP deste ano é a necessidade de uma redução profunda, rápida e durável das emissões de gases de efeito estufa, como o metano, sem citar a urgência também de minimizar o uso de combustíveis fósseis.
Para Tarquinio, foi uma ironia que as lideranças mundiais adotassem este posicionamento juntamente no ano mais quente da história, em que 25% da população mundial sofreu com as ondas de calor.
“É uma distância enorme entre os discursos, propostas, compromissos, promessas da COP e a realidade cotidiana hoje enfrentada pelos habitantes. Evidentemente que os países produtores de energia fóssil não vão se afastar da renda”, continua o convidado da TVGGN.
Segundo os líderes mundiais, o mundo deve se esforçar para reduzir 46% das emissões de gases de efeito estufa até 2030. Porém, de 75% a 80% das mudanças climáticas são geradas pela concentração de emissões de combustíveis fósseis na atmosfera.
Agricultura
O especialista em meio ambiente falou ainda sobre o impacto que o setor agropecuário, especialmente da pecuária, tem nas mudanças climáticas.
“O setor agrícola é responsável pela emissão de 30% dos gases de efeito estufa, dos quais 20% são da agricultura e pecuária e o restante de queimadas e processos para o uso do solo”, comenta.
O especialista ressalta a necessidade de redução de consumo de carne vermelha, tendo em vista que o metano produzido pelo gato aquece 27 vezes mais o planeta em comparação ao CO². Porém, enquanto o metano permanece na atmosfera durante, no máximo, 12 anos, o CO² seguirá acumulado no planeta por milênios.
Tarquinio chamou atenção ainda para o fato de que 65% da energia no mundo depende de carvão e gás, combustíveis para os quais não há planos de substituição.
Assista a entrevista na íntegra:
ASSISTA TAMBÉM:
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.