TVGGN: Indicadores do País melhoram, mas ainda estão longe do ideal

País superou a marca de 100 milhões de pessoas ocupadas, mas 70% delas trabalham em condições difíceis

Crédito: Elza Fiúza/ Agência Brasil

Em comparação aos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), o Brasil avançou. A gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve fazer com que o crescimento este ano chegue a 3,1%, a inflação está abaixo de 5%, assim como o dólar. A balança comercial também é superavitária. 

Estes indicadores, apesar de timidamente positivos, ainda não são adequados por não representarem um crescimento sustentável do País, de acordo com a análise de Fernando Nogueira da Costa, mestre Ciência Econômica e convidado do programa TVGGN 20H da última terça-feira (5). 

“Acho que o ultraliberalismo já está sendo superado. A velha matriz neoliberal de 2015, 2016, que tivemos com o golpe foi um fracasso, especialmente na economia, que ficou em uma situação que considero não só ‘estagflação’, mas ‘estagdesigualdade’. Você bota o juros na lua, a renda não cresce, mas a concentração de riqueza sim. Isto é um fenômeno”, observou Costa.

Mercado de trabalho

Ao longo do primeiro ano do governo petista, houve avanços também na diminuição da desigualdade social no País, ainda que esta esteja longe do ideal. 

O que mais chama a atenção do mestre em Ciências Econômicas em relação ao atual cenário econômico é o mercado de trabalho. Pela primeira vez, o Brasil tem mais de 100 milhões de trabalhadores ocupados, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). 

Ainda que a notícia seja boa, ela traz outros pontos de reflexão, tendo em vista que 70% das ocupações estão na área de serviço, segmento com poucas possibilidades de escala e remunerações baixas. 

Das 100 milhões de ocupações, a indústria responde por 13 milhões de empregos, a construção emprega cerca de sete milhões de pessoas e os trabalhadores rurais somam, no máximo, nove milhões de postos. 

“Precisamos rever como essa nova divisão internacional do trabalho impôs uma nova forma de inserção. 22,5% dos ocupados têm ensino superior. Temos de entrar nessas discussões. Muitos economistas neoliberais falam que a produtividade é muito baixa, por causa da questão educacional. Não é isso. É porque serviço, por definição, tem uma baixa proddutividade”, ressalta o convidado.

A solução para reduzir a desigualdade e impulsionar a economia vem do incentivo à educação e investimento em ciência e tecnologia, para que os novos profissionais tenham domínio tecnológico e possam se inserir na nova divisão internacional do trabalho. 

Habitação

Costa comentou ainda que a política habitacional é a mais distributiva de riqueza, pois, na maioria dos casos, a maior riqueza de uma família é a casa própria. 

Porém, o segmento apresenta resultados curiosos. O financiamento habitacional, por exemplo, saltou exponencialmente, mesmo que o setor de construção civil ainda não apresente um crescimento sustentável. 

“A venda de móveis financiados aumentou-se a níveis recordes. Muita gente me chamou atenção para isso e boa parte [dos financiamentos] vem de letras financeiras, de LCI [Letra de Crédito Imobiliário] e CRI [Certificados de Recebíveis Imobiliários] ultrapassaram a captação do depósito de poupança. Então, é um novo quadro em uma área que dá muito emprego”, observou o convidado. 

Investimentos

Já em relação ao mercado financeiro, outra novidade: a mudança de comportamento do consumidor, que deixou de investir na poupança para apostar no CDB.  

“Hoje,o CDB é de R$ 2,7 trilhões. Em termos de PIB [Produto Interno Bruto], dá R$ 10 trilhões, quase 30% dos depósitos a prazo. Ou seja, eu tenho fontes de financiamento para retomar o crescimento de crédito. Os bancos estão com captação muito boa, foi recorde de depósitos a prazo”, conclui o convidado. 

Confira as análises completas de Fernando Nogueira da Costa em:

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Camila Bezerra

Jornalista

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