Deltan é vaiado nos EUA por defender religião na política e presta apoio a Elon Musk

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN
[email protected]

"Levo minha religião para o meu trabalho porque ela consiste nos meus compromissos últimos de vida", diz Dallagnol

Reprodução: Twitter

Em uma nova missão de atrelar religião à política e defender o indefensável, o ex-procurador da Lava Jato e ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR), cassado em 2023, foi vaiado em uma palestra nos Estados Unidos que teve como pauta central o combate à corrupção.

Dallagnol aproveitou os holofotes para apoiar também a interferência de Elon Musk em investigações judiciais no Brasil, à luz do embate com o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o X – antigo Twitter. Entenda o conflito com Alexandre de Moraes na TVGGN

No evento organizado pela Brasil Conference, seminário organizado por estudantes brasileiros das universidades de Harvard e MIT (Massachusetts Institute of Tecnology), em Cambridge, Deltan fez questão de reiterar que a religião o acompanha no trabalho.

À Folha, ele afirmou que as vaias vieram após fazer essa conexão. Ele alega que foi aplaudido quando mencionou a Operação Lava Jato – esquecendo de mencionar o desfecho da história.

“Defendo honestidade, competência, políticas públicas sobre evidências, mas, sim, levo minha religião para o meu trabalho porque ela consiste os meus compromissos últimos de vida”, afirmou durante o painel “Desafios e Perspectivas no Combate à Corrupção”.

A fala foi um contraponto ao senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que também foi painelista sobre o tema e frisou que política e religião não se misturam, “são coisas absolutamente distintas”.

Para justificar a relação entre política e religião, Deltan Dallagnol citou o livro “Sapiens”, de Yuval Noah Harari. “Se você olhar o Harari, no “Sapiens”, ele vai classificar isso como religiões humanas, religiões humanistas. E você levar a tua fé, a tua contrariedade ao aborto por uma fé sobre o principio da vida, é você levar a sua existência.”

A comparação com o livro também foi apontado como falta de interpretação correta da obra por internautas, como o jornalista e professor de Filosofia Clayson Felizola.

“Eu já falei inúmeras vezes: Moro e Dallagnol são extremistas de direita, mas Deltan tem também o fator de ser um fundamentalista religioso. Nada é mais reacionário e desonesto do que usar o fundamentalismo religioso para fazer política. Leu Harari e não entendeu NADA, mas ainda cita, pra dar vazão aos seus arroubos autoritários.”

Outra contradição: a favor de Musk para impedir a censura

Deltan aproveitou a palestra para prestar apoio à interferência que Elon Musk vem cometendo na Justiça do país. O bilionário, dono da rede social X (Twitter), chegou a anunciar na semana passada a possível suspenção às restrições impostas a contas da plataforma no Brasil, ainda que esta decisão leve ao fechamento da mídia social no país.

Em resposta à reportagem do norte-americano Michael Shellenberger, Musk apontou que há “censura agressiva [que] parece violar a lei e a vontade do povo do Brasil”, ignorando completamente o fato de que as investigações tinham por objetivo investigar o gabinete do ódio e bolsonaristas nada neutros que visavam mobilizar e incentivar um golpe de Estado.

“Uma versão moderna de cortar a língua das pessoas”, disse Deltan Dallagnol em defesa da ‘liberdade de expressão’ ameaçada pelo Judiciário, em sua realidade paralela.

Leia também:

Carla Castanho

Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador