Exclusivo: Reunião com Moraes vai debater papel do porteiro do Vivendas da Barra no caso Marielle

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN
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Após votação da CCJ pela manutenção da prisão de Brazão, deputado federal Chico Alencar diz que investigações continuam e haverá reunião com Moraes

O deputado federal Chico Alencar falou ao GGN sobre a votação da CCJ pela manutenção da prisão de Chiquinho Brazão. Foto: reprodução/TVGGN

O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) divulgou em primeira mão ao GGN que será realizada ainda este mês, no dia 25, uma audiência da legenda com o ministro Alexandre de Moraes com o propósito de assegurar a continuidade das investigações relacionadas à morte da vereadora Marielle Franco.

Uma das quinze questões a serem abordadas durante a reunião é o papel do Condomínio Vivendas da Barra, mais especificamente, o paradeiro do porteiro envolvido no caso, cuja situação está muito mal explicada.

Em primeiro depoimento, noticiado pelo Jornal Nacional, o porteiro Alberto Jorge Ferreira Mateus chegou a dizer que Jair Bolsonaro quem autorizou a entrada do motorista Élcio de Queiróz no condomínio para que ele fosse à casa do ex-presidente, no entanto, seguiu para a de Ronnie Lessa após entrar.

No mesmo dia, Bolsonaro ameaçou cassar a concessão da Globo e, pouco tempo depois, Carlos Bolsonaro divulgou um vídeo do sistema de telefonia do condomínio sugerindo que o porteiro ligou para a casa de Ronnie, e não para a de Bolsonaro.

Após toda a repercussão do caso e a pressão da Polícia Federal a mando de Sergio Moro enquanto ministro da Justiça, o porteiro recuou da declaração, bem como a mídia, que enterrou o episódio. Desde então o GGN aprofundou as investigações e viu que o álibi de Bolsonaro naquele dia poderia ser facilmente desmontado mesmo ele estando em Brasília, pois o sistema telefônico permitia transferência de ligações para celulares, o que leva a crer que ele teria atendido a ligação de Elcio e o liberado na portaria.

“Foi impressionante a falta de empatia, de solidariedade mínima dele [Bolsonaro] em relação à morte da Marielle que nos devastou. Ele não dava um ai. E aí apareceu essa história do Ronnie Lessa, o matador confesso, quem acionou o gatilho, ser vizinho dele. Tudo bem ser vizinho, não é culpa, agora, ele não tinha distanciamento algum, tanto que é conhecido também que o filho mais novo [Jair Renan] namorava a filha do Ronnie Lessa. E eles tinham muita proximidade ideológica. Sem dúvida alguma, isso tudo tem que ser averiguado, sim”, pontua.

A informação foi dada durante o programa TVGGN 20 Horas, em entrevista ao jornalista Luís Nassif [confira abaixo]. O deputado comentou durante o programa a audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados ocorrida nesta quarta (10), cujo objetivo foi decidir sobre a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão, um dos presos pelo assassinato de Marielle.

“A extrema-direita defendeu o Brazão com unhas e dentes em nome de prerrogativas de parlamentares, defesa da constituição. Logo eles que desprezam a constituição o tempo todo, as tratativas golpistas estão aí [para mostrar]”.

A votação na Câmara sobre a prisão de Chiquinho Brazão

O apoio do Partido Liberal (PL) à libertação do deputado Brazão, segundo Alencar, é apenas cortina de fumaça para atrapalhar as investigações em curso que acenam para a influência das milícias.

“Ele [bolsonarismo] vende a imagem de ético. É igual dizer que ele é contra o sistema. Ele é a expressão mais direitosa do sistema. Se não cuidar pode ter metástase, a milicianização e gangsterização podem se espalhar pelo Brasil inteiro”, disse em alusão à complexidade política no Rio de Janeiro.

Sobre o berço das milícias, o deputado expôs ainda que 18 dos 46 deputados do Rio de Janeiro votaram pela manutenção da prisão de Brazão. “Para você ver, esse esquema tem força por lá”.

A votação terminou em 277 a 129. A votação foi uma “vitória expressiva”, com vinte votos a mais do que o necessário para manter a prisão de Brazão. Para Chico, foi um dia importante mas desafiador, tendo em vista as manobras de Arthur Lira que visavam esvaziar o plenário.

“A gente teve uma vitória expressiva porque operaram de todas as formas para esvaziar o plenário. O Lira criou um ritual sumário para votação em plenário impedir que três ou cinco discutissem de um e de outro lado a matéria, foi tudo ‘vapt vupt’ e ainda assim nós conseguimos 20 votos a mais dos 257 necessários e eles perderam”.

“Eu vi, inclusive, um detalhe: Elmar Nascimento, que é do União Brasil e um dos potenciais candidatos à associação de Lira, muito ligado a ele, votou contra a prisão; Marcos Pereira do Republicanos também, para falar de duas figuras que postulam o comando da câmara e o PL orientou. Mas também teve dissidência pela manutenção, ainda bem”.

Assista:

Carla Castanho

Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN

5 Comentários

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  1. O GGN já havia cantado a pedra! O Condomínio Vivendas da Barra fala que nem personagem inanimado de Machado de Assis! Só dar voz ao sistema da portaria eletrônica!

    1. Acontece que com a repercussão do assunto, o Carluxo, na época, invadiu o sistema sequestrou as gravações da portaria e sumiço nelas, além, é claro, de providenciar o silêncio do porteiro.

  2. No braZil boZil, o filho de um envolvido suspeito (pessoa de interesse) pode mexer e surrupiar provas (a central) PUBLICAMENTE e ninguém, durante os 6 anos seguintes, sequer o indicia por OBSTRUÇÃO de justiça. Talvez seja algum tipo das liberdades sem limite que eles querem (pra si).

  3. Favor não esquecer o pau pra toda obra do Queiroz, sem contar a mágica da loja de chocolates em que na páscoa não arrecada mais (nada a ver a Marielle, mas não custa).

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