Fora de Pauta

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Redação

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  1. DISTRAIDOR: distrair e trair

    Este deveria ser pelo menos o apelido dos celulares, porque eles distraem, sim – mas traem ferozmente o usuário, coletando seus dados e destinando-os a terceiros.

  2. A extrema-direita e o neo-imigrante

    O ano era 2013. O gigante acordava do seu sono em berço esplêndido e, com ele, a turba que achou legal tirar selfie e propagandear nas redes sociais seus pendores patrióticos. Para nós aqui dos states o barato era assistir de camarote as manifestações e cutucar o monstrinho fascista que habitava em nós, entre um macdonald e outro. Os 11 anos de PT até então, com franco crescimento econômico e avanço social nunca antes visto, nos dera anos de paz e comunhão nas reuniões de família e amigos, além é claro, de reconhecimento internacional, mas alienou as lideranças do partido a ponto de não notar as nuances fascistas que pipocavam a cada dia de manifestações. Vivendo nos Est.Unidos essa percepção era nítida. Veio o “não vai ter copa” e com ele, a lembrança de uma professora do ginásio, em 94, que “doutrinava” dizendo que devíamos ser mais politizados e cobrar nossos direitos indo pra rua e protestando. Professora de história. Provavelmente do sindicato. Mal sabia ela que duas décadas adiante os jovens resolveriam tomar a rédea dos acontecimentos e comandar a tropa. Só que do lado errado.
    Os anos de crescimento e melhora da qualidade de vida, desde a ascenção do pobre à fartura dos bancos, não foram suficientes para apaziguar os animos aflorados por uma elite que no fundo se apresentava como uma incógnita: fora super beneficiada pelos anos Lula e não estava satisfeita com os rumos da nação. A caixa de Pandora estava aberta. Deu em Bolsonaro.
    O fenômemo das redes sociais teve um peso essencial para que o plano urdido pelos 1% remediados desse certo. Lava a jato, golpe de 2016 , prisão de Lula e, por fim, a eleição de Jair Bolsonaro, funcionaram a contento, com cronômetro e bandeirada, dando aos incautos que embarcaram no conto do vigário do patriotismo de facebook, um poder jamais pensado. Eram as vozes do novo. A nova política. O neo-conservadorismo brasileiro. Brasil acima de tudo. Mas algo não encaixava.
    Vivendo nos Est.Unidos desde 2005, acompanhei a ascenção e derrocada do sentimento de país forte. A rede social daquele primeiro momento era o Orkut e dali não saía nada que ameaçasse o sentimento de bem estar que o Brasil vivia em meados do segundo mandato do presidente Lula. Remanescente da era FHC, com suas exorbitantes taxas de desemprego e desalento, venho de uma região castigada pela falta de investimento social, que culminava em ondas de milhares de candidatos à uma vaga num quarto imundo em Tijuana, fronteira do México com os Est.Unidos, esperando pela travessia ilegal. Naquela época, até profissionais liberais do leste mineiro tinham enormes dificuldades de conseguirem visto de turista para os States. Devido à cultura de emigração ilegal, com sua organização na feitura de documentos falsos, eram comuns relatos de dentistas, advogados, médicos, entre outros, serem barrados pelo consulado americano por suspeita de fraude.
    Mas os tempos mudaram. Com a instituição dos Bric’s, apresentou-se ao mundo um novo bloco de países, fora do stabilishment ocidental, com poder para ditar algumas cartas importantes no jogo internacional. Com a pujança do potencial brasileiro à época, com a histórica capa da bíblia do liberalismo mundial The Economist, abria-se também a oportunidade para a classe média ser mais aceita ao redor do globo. Os anos de 2009 e 2010 seriam o auge de uma política econômica que estava, como bem disse Lula, blindada do terromoto financeiro de 2008.
    Com poder de compra e estabilidade, a classe média provou de forma mais voraz o mel do consumo, das viagens internacionais e o sentimento de pertencimento à uma minoria privilegiada. A classe baixa que ascendia um degrau, agora entrava na universidade e viajava de avião pela primeira vez. O que poderia dar errado num ambiente relativamente tão calmo? A elite se esbaldava, as grandes empresas cresciam, a classe média ostentava, os pobres ascendiam. Sou limitado intelectualmente para saber as reais engrenagens dessa dinâmica. Mas reconheço dois atores protagonistas naquilo que se desenrolou apartir da eleição de Dilma Roussef: o sistema financeiro internacional, baseado na especulação e o governo norte-americano, centrado em castrar a América Latina, uma vez que sua hegemonia estava cada vez mais ameaçada pela locomotiva chinesa. Sem saber qual dos dois foi mais propenderante, e desconhecendo os reais motivos para o Golpe, chamarei de “ente sistemático” e abordarei brevemente um novo fenômeno que salta aos olhos aqui nas redondezas de Miami: a emigração da ultra-direita, que nada tem de patriótica.
    Os Estados Unidos sempre foram o destino perfeito para pessoas facilmente impressionáveis. Se conservadores então, pimba!, estabeleça-se e comece uma vida de consumo desenfreado e notas suaves de cristianismo fundamentalista. O imigrante ilegal, porém, teve sua trajetória cunhada não só pelo sonho americano, mas também pela oportunidade de se ver mais facilmente “financiado” pelo crime organizado que via nos Est.Unidos uma fonte de riqueza mais líquida. Não era uma decisão romantica, mas pragmática: não, o coiote não ia te bancar para ser subempregado em Cuba! No way! Já no novo movimento emigratório se vê aquele pessoal que sempre teve os Est.Unidos como modelo, como farol do novo mundo. O ente sitemático conseguiu através da demonização das esquerdas e sobretudo do PT, incutir na cabeça dessa gente que era necessário dar um cavalo-de-pau político e apear do poder justamente aqueles que lhes deram condição de pela primeira vez na vida, participar da festa. Os arroubos patrióticos na eleição de 2014, amplamente coberta nas redes sociais, alertavam para uma extrema-direita que negava todos os avanços de 13 anos e os transformavam em fracasso, em carga negativa. Era necessário tirar o PT do poder para que o Brasil fosse liberto daquela praga que, paradoxalmente, dera ao país anos de paz social. Daqui da Flórida eu acompanhava boquiaberto a adesão dos imigrantes deslumbrados ao discurso nacionalista do PSDB na época, na figura patética de Aécio Neves. O candidato do PSDB teve, proporcionalmente, a maior vitória sobre Dilma aqui na embaixada de Miami.
    Ao contrário das cercas rompidas no peito e das longas caminhadas no deserto, agora os neo-imigrantes entram pela porta da frente, recebidos por um simpático welcome do serviço de imigração, desde que provem que tenham condição de gastar no período de estadia. Ao contrário dos ilegais de outrora, despolitizados e àvidos por pagar uma alta quantia ao crime organizado, os neo-imigrantes surfaram um Brasil que os deu condição de comprar sua casa própria, cursar uma faculdade, ter o passaporte carimbado na Europa, Caribe, Argentina. Reuniram as condições que os antigos imigrantes não tiveram, dada a escassez do período FHC. Tinham um poder de barganha interessante na hora de pedido de visto. Mas o ente sistemático fez um trabalho primoroso. Conseguiu reunir as duas tribos em terras americanas. Com toda certeza, por ser um estado com grande concentração de brasileiros, posso afirmar ser o estado mais fascista dos Est.Unidos em se tratando de imigrantes. A maioria dos imigrantes brasileiros por aqui tem um forte ranço fascista, de exclusão do pobre, do racismo. Mas minha atenção se prende mais a esses que vomitavam nacionalismo, fizeram campanhas ferozes à favor da extrema-direita, do fechamento de fronteiras e do anti-globalismo, e agora descem dos aviões com famílias inteiras, tendo vendido todos os bens que conseguiram juntar no período das vacas gordas. Uma rápida olhada no perfil da pessoa, que posta seus urgentes pedidos de trabalho nos grupos do Facebook, e lá está ele, impávido e serelepe, o presidente fascista. Chega a dar pena daqueles que compraram o discurso coach dos youtubers, que comparavam os preços das mercadorias dos dois países, como se economia se explicasse com um simples 2+2=4. Alguns relatos são de desespero à procura de subemprego, uma vez que na meca do capitalismo, a impressão que se tem é de que um dia tem apenas 12 horas e uma semana, 4 dias. As contas batem à porta diariamente. E são salgadas. Mas o discurso não muda nem uma linha. Lá está Lula em todos os memes engraçadinhos e preconceituosos; nas academias proliferam tipos anabolizados, com enormes tatuagens da bandeira americana ou da águia predadora, misturados ao sotaque da paulista ou da zona sul carioca. Entreouvido escuto as dicas coach que ora ensinam com propriedade como levantar um supino, ora citam Olavo de Carvalho e suas babaquices conservadoras.
    Traço esse paralelo apenas para pontuar a diferença entre aqueles que saíram do Brasil pela falta de oportunidade de um período que governou somente para os ricos e esses que agora jogaram o país na mão de um fascista e o abandonaram, usando a escada que um governo popular construiu, sendo defenestrado por essa própria gente. Embora aqueles e estes estejam, hoje, no mesmo barco reacionário, há uma diferença abissal no impulso que os fizeram sair do país. Aqueles, não tinham a menor noção do que eram direitos humanos. Estes, odeiam os direitos humanos. Aqui, terão que contar com a benevolência do Estado, quiçá com a vista grossa do mesmo. Turista não trabalha. Tiram foto na Disney mas o trampo na construção é como se os transportassem imediatamente para a fronteira com o México. Aqueles, usaram o extinto de sobrevivência. Vinham sozinhos pela fronteira, deixando mulher e filhos e se por acaso as coisas funcionassem, traziam a mulher, também pela fronteira. Estes, se enebriaram num discurso de exclusão, que atacava as minorias. Minorias essas das quais eles agora são parte. Com o peso de ter piorado bastante a vida daqueles mais miseráveis do que eles e que não tem condição de sair fora. Jogaram o Brasil num limbo e agora tiram selfie em Miami Beach, para logo depois pedirem pelo amor de Deus por um subemprego qualquer.
    O ideal seria que pelo menos reconhecessem o erro e com sinceros pedidos de desculpas, usassem esse mea culpa para começarmos a virar o jogo. Que uma corrente progressista ocorra nas eleições americanas e que Mr.Trump não seja exemplo a ser seguido por governante nenhum no mundo. Por que onde a intolerância faz morada, os direitos humanos são expulsos a pontapés. E quer seja você fascista ou progressista, sendo minoria, precisará, cedo ou tarde, da compaixão alheia. Precisaremos de uma saída. Espero, sinceramente, que não seja numa partida involuntária proporcionada pelo serviço de imigração.

    Marcio Ribeiro da Silva, autor do Livro “Then again I failed” sobre imigração e fascismo na América de Donald Trump.

  3. Reduzir a 300 (ou menos?) cabeças o número de congressistas.

    Vereador, deputado, senador só poderiam ter 2 mandatos, no máximo. Que fossem depois plantar batatas.

    Melhor ainda, fundir Câmara dos Deputados com Senado, tornando o sistema unicameral.

    Proibir compra de carros estrangeiros com dinheiro público.

    Reduzir número de militares nas forças armadas brasileiras. Drones, mecanismos eletrônicos e outros, tornaram desnecessárias e obsoletas muitas das antigas funções dos militares.

    Voto facultativo. Reduziria muito os custos de controles usados nas eleições.

    Tirar as eleições das mãos do judiciário. Função do judiciário é julgar. Ponto.

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