Jornal GGN – As crianças e adolescentes detidos na imigração dos Estados Unidos possuem atendimento de terapeutas nos abrigos. Contudo, o governo de Donald Trump tem usado as confidências das próprias crianças, obtidas junto aos psicólogos, para deportá-las ou deixá-las presas.
Reportagem elaborada pelo jornal The Washington Post explica como a equipe de Trump tem usado isso para criminalizar crianças e adolescentes – jovens relatam aos psicólogos e terapeutas (que deveriam manter esses dados confidenciais) histórias de abuso físico, negligência e afiliação a gangues em seus países de origem. Algumas crianças desacompanhadas inclusive descreveram casos de tortura e assassinato, incluindo desmembramentos de corpos.
Ao invés de tais informações serem privadas e usadas para ajudar as crianças em sua recuperação, os relatos elaborados pelos terapeutas foram encaminhados a diversas agências federais, sendo usadas para dar suporte aos argumentos de detenção e deportação desses jovens.
O governo Trump exige que as anotações feitas pelos terapeutas durante as sessões obrigatórias com as crianças imigrantes sejam repassadas ao ICE (Departamento de Imigração dos Estados Unidos, na sigla em inglês), que pode usar esses relatórios contra os menores no tribunal.
Ou seja: confissões e traumas precoces sofridos por essas crianças foram transformadas em armas da promotoria, muitas vezes sem o consentimento dos terapeutas envolvidos, e sempre sem o consentimento dos menores, em audiências que representam vida ou morte para essas crianças.
Segundo o jornal, esse compartilhamento de informações integrava uma estratégia de administração que é tecnicamente legal, mas que as associações de terapia profissional dizem ser “uma violação profunda da confidencialidade do paciente”.