Investidas do JN contra família Bolsonaro são estratégicas, analisa Eliara Santana

Análise sobre posicionamento do telejornal acontece em meio ao movimento da grande mídia em explanar censura contra Rede Globo. A mesma mídia que se calou sobre a censura sofrida pelo GGN

Reprodução/Rede Globo

Jornal GGN – A jornalista e doutora em Estudos Linguísticos, Eliara Santana, analisa o discurso do Jornal Nacional, da Rede Globo, no programa Cai na Roda, exibido na TV GGN, deste sábado, 5. A discussão sobre o posicionamento do telejornal ocorre no momento em que a Justiça do Rio de Janeiro proíbe a emissora de exibir em suas reportagens documentos sigilosos de investigações contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O movimento de censura também foi imposto ao Jornal GGN, na semana passada.

Durante entrevista ao Cai na Roda, Eliara Santana aponta o modus operandi do Jornal Nacional no tratamento do governo Bolsonaro, com seu poder de manipulação da notícia: “É  um bate e assopra”. Para ela, o jornal é estratégico ao criticar Bolsonaro em momentos que ele parece conflitar com os grandes defensores da agenda neoliberal por trás de seu projeto de governo, como Paulo Guedes. 

Santana também analisa o posicionamento do JN em revelar os esquemas envolvendo a família Bolsonaro e como programa explora os supostos esquemas de lavagem de dinheiro do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Segundo ela, o jornal faz este movimento para mostrar “certa credibilidade” ao espectador e deixar claro para o clã Bolsonaro o seu “potencial explosivo” e sua capacidade de manipulação da massa. 

“As reportagens [sobre o senador Flávio] sempre fazem a menção a [palavra] ‘boletos’, porque a ideia de boletos mexe com o imaginário da classe média, que está sem dinheiro para pagar os seus boletos. […] Isso mostra como o simbólico na construção da notícia é importante, efetivo, marcado e muito bem trabalhado pelo Jornal Nacional”, explica.  

A especialista destaca que, apesar, da linha editorial do JN se mostrar, por vezes, contraditória, o que move sua tomada de ações é a influência do capital financeiro. A análise vem à tona, no momento em que a juíza de primeira instância do Rio de Janeiro, Cristina Feijó, proíbe a emissora de exibir reportagens com documentos sigilosos de investigações sobre Flávio. 

Apesar da Rede Globo, ainda não ter se manifestado sobre o caso, toda a grande mídia aponta neste sábado para o ato de censura da Justiça do Rio. Esta é a mesma mídia que durante esta semana pouco mencionou a censura sofrida pelo Jornal GGN, no caso do Banco BGT Pactual, e sustenta pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio de Mello.

Na semana passada, uma decisão do juiz Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves, da 32ª Vara Cível do Rio de Janeiro, determinou a retirado do ar de 11 reportagens escritas pela jornalista Patricia Faermann e por Luis Nassif, que destacam os esquemas suspeitos do BTG, incluindo uma licitação com cartas marcadas da Zona Azul pela Prefeitura de São Paulo. O magistrado, estabeleceu multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.

Após a investida, a defesa do GGN entrou com recurso no STF apreciado por Marco Aurélio, que não hesitou em manter a censura ao portal. No entanto, o caso foi reverberado apenas em uma matéria do jornal Folha de S. Paulo e na coluna de Chico Alves no Uol. 

O GGN teve apoio de toda comunidade progressista e entidades como a Associação Brasileira de Imprensa, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Ordem dos Advogados do Brasil e mais.

Confira a analise de Eliara Santana na íntegra:

Redação

2 Comentários

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  1. Forte da Globo é ter poder para manter ou difundir segredos…
    mas mudou muito, para melhor, ao concluir recentemente que nada pode ficar fora do alcance dos cidadãos, independentemente de ser benéfico ou prejudicial

  2. Forte da Globo é ter poder para manter ou difundir segredos…
    mas mudou muito, para melhor, ao concluir recentemente que nada pode ficar fora do alcance dos cidadãos, independentemente de ser benéfico ou prejudicial

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