Juros, História e Sociedade

Por Fábio de Oliveira Ribeiro

Os filósofos e pensadores da Antiguidade Clássica não conseguiram desenvolver o conceito de “inflação” e aprimorar mecanismos para combater o fenômeno. O desabastecimento e aumento dos preços eram conhecidos, mas o fenômeno era chamado de “carestia”. Cito abaixo um episódio ocorrido em Roma nos primórdios da República, ocorrido por volta de 439 aC, e que é assim narrado por Tito Lívio:

“Tendo enviado inutilmente, por terra e por mar, inúmeras delegações aos povos vizinhos, somente da Etrúria  Minúcio conseguiu obter um pouco de trigo, que em nenhum momento foi suficiente para abastecer a cidade. Levado a racionar as provisões, obrigou os cidadãos a declarar o trigo que possuíam e a vender o que excedesse do consumo de um mês, diminuiu a ração dos escravos, acusou e entregou à cólera do povo os negociantes de trigo, conseguindo com essas rigorosas medidas apenas tornar mais evidente a penúria sem, contudo, poder atenuá-la. Perdidas as esperanças, muitos plebeus preferiram cobrir a cabeça e precipitar-se no Tibre a arrastar-se em meio a tais tormentos.” (Ab Urbe Condita Libri, Tito Lívio, Volume 1, editora Paumape, São Paulo, 1989, p. 317)

As “dívidas” também eram velhas conhecidas dos romanos e quase sempre resultavam em graves conflitos entre patrícios e plebeus. O episódio abaixo transcrito ocorreu por volta de 466 aC:

“Os tribunos da plebe declaravam que não se devia tolerar a burla. Os senadores esquivavam-se de apresentar as listas oficiais, que revelariam a fortuna de cada um. Não queriam revelar ao povo o montante das dívidas, que demonstraria que uma parte dos cidadãos era devorada pela outra. Enquanto isso, lançavam o povo endividado contra novos inimigos, e procuravam a guerra indistintamente e por toda a parte.” (Ab Urbe Condita Libri, Tito Lívio, Volume 2, editora Paumape, São Paulo, 1989, p. 47 e 48)

Os “juros” também eram conhecidos dos romanos, mas são de fato bem mais antigos. Já eram praticados pelos egípcios durante o Novo Reinado (1573 a 712 aC).

“Records of loans of various kinds have also come down to us. In these transactions the rate os interest amounted usually to 100 per cent. per annum; at the end of each year the interest was added to the capital and a further 100 per cent. was charged on the resulting total.” (Legacy of Egypt, edited by S.R.K, Glanville, Oxford University Press, London, 1957, p. 203)

A “inflação”, fenômeno cientificamente descrito há alguns séculos, pode ter várias causas:

“O aumento no nível dos preços pode ter uma causa monetária (impressão de dinheiro pelo governo), causas psicológicas (agentes ajustam o preço porque acham que outro também vai ajustar) ou uma causa real (um desajuste entre a oferta e a demanda por bens e serviços).” http://br.advfn.com/economia/inflacao/brasil/causas

Para o Mercado, porém, a inflação só pode ter uma solução: o aumento dos juros. Os financistas não estão preocupados com a economia do Brasil, menos ainda com o bem estar da população. A única coisa que lhes interessa é o que podem ganhar no final da semana. Mas se juros forem altíssimos e isto lhes permitir ganhos diários eles certamente não ficarão tristes.

O conflito entre Estado e Mercado é evidente. Ao contrário do Mercado, o Estado tem que cuidar da economia como um todo e deve se preocupar com o bem estar da população. Se a inflação for moderada, a qualidade de vida da população será reduzida. Mas sem dúvida o povo sofrerá ainda mais se os juros forem elevados demais, pois isto produziria recessão e desemprego. Toda retração da economia acarreta redução da arrecadação e isto fragiliza o Estado diante do Mercado. Quando arrecada menos o Estado é obrigado a pegar mais dinheiro emprestado para pagar suas despesas correntes. E para continuar fazendo isto terá que pagar uma taxa crescente de juros, com benefícios evidentes para o Mercado financeiro. A recessão, portanto, não interessa ao próprio Estado.

O Mercado, este Leviatã privado que quer comandar o Estado e que não produz nada além de crises financeiras, exigiu e conseguiu um aumento da Selic http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,mesmo-apos-alta-da-selic-mercado-projeta-aumento-na-taxa-de-juros-em-2015,1680673 . Impossível esquecer que o Mercado apoiou a candidatura de Aécio Neves e flertou com o movimento do impedimento. Nenhuma novidade. Para os financistas FHC foi o melhor de todos os presidentes do Brasil, pois sob seu governo o país pagava aos banqueiros juros 4 vezes maiores do que os que estão sendo pagos pelo governo Dilma Rousseff.

Os bancos privados aproveitaram o aumento da Selic para aumentar os juros no varejo http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2015/05/bancos-privados-decidem-aumentar-os-juros-do-credito-imobiliario.html . A legislação não garante aos clientes o direito de discutir qual será a taxa de juros cobrada. O Judiciário raramente considera abusivas as cláusulas dos contratos de adesão que permitem aos Bancos estipular os juros que cobrarão dos seus clientes.

O aumento da taxa de juros não empurra o nosso país para o futuro, mas para o passado. Não para um passado recente e tucano e sim para um passado distante e egípcio, quando as taxas de juros eram de 100% ao ano. Não só isto, em algum momento o endividamento da população empurrará o Brasil para o “American way of war”.

Após o fim da II Guerra Mundial os EUA viveu um longo período de tranquilidade em que a classe média norte-americana foi ensinada a poupar para consumir. Nas duas últimas décadas, porém, a esmagadora maioria dos norte-americanos trocou a poupança pelo consumo imediato mediante endividamento. Como ocorreu em Roma em 466 aC., os EUA estão empurrando os pobres endividados para uma guerra permanente no exterior. Isto é feito não só para garantir a lucratividade do império, mas também para que eles não vejam que estão sendo devorados por outros norte-americanos (aqueles que são os proprietários das dívidas deles) e que querem continuar desfrutando o suntuoso padrão de vida que adquiriram.  

A questão dos juros não é só uma questão econômica. Há algo bem mais importante sob a superfície da economia neoliberal e que precisa começar a ser discutido com profundidade.

Fábio de Oliveira Ribeiro

14 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Inflação, fenômeno antigo

    A carestia sempre existiu, mas a inflação só começou a existir depois que os governos passaram a ser os únicos responsáveis pela emissão da moeda. O caso de estudo mais antigo e clássico é a Inflação de Diocleciano, ocorrida no século III, em Roma. Esse episódio guarda uma enorme semelhança com casos ocorridos no presente, quem viveu os anos de Sarney sabe disto. O governo romano vinha emitindo moedas de prata com cada vez mais chumbo no lugar da prata, e o imperador Diocleciano ainda aumentou enormemente a quantidade de moedas em circulação, ao mesmo tempo em que decretou um congelamento geral de preços. O resultado foi o previsível: os gêneros desapareceram do mercado, houve um enorme desabastecimento, seguido por revoltas, revogação da lei e explosão de preços. Não por acaso, a decadência de Roma começou aí.

    A única causa da inflação é a emissão de dinheiro sem lastro por parte do governo. Todo o resto é consequência, inclusive a alta dos juros, pois o juro nada mais é do que o preço do dinheiro: se todos os preços estão subindo, o preço do dinheiro também sobe. Manter os juros baixos em um cenário de inflação crescente causa o mesmo efeito de todos os congelamentos: a mercadoria – no caso, o dinheiro – some do mercado.

    De resto, não existe nenhuma contradição entre o Mercado e o bem estar da população, pois não há nenhuma dicotomia entre Mercado e População: o Mercado nada mais é do que a expressão do Desejo Coletivo da população. Na imaginação dos esquerdistas, o Mercado é uma entidade maligna com cabeça e desejos próprios, que pode apoiar o candidato tal e o partido tal. Na realidade, o Mercado é como uma força da natureza, tão impessoal e incontrolável quanto um furacão ou uma estiagem. Tampouco faz sentido afirmar que os banqueiros lucrariam mais se os juros forem mais altos, porque o lucro não depende apenas do valor individual do ítem comercializado, mas também da quantidade. Qual o comerciante que lucra mais, aquele que vende um pão por 10 reais, ou aquele que vende cem pães por 1 real? O mesmo se dá com os banqueiros.

    A inflação interessa apenas aos governos, que são os que emitem o dinheiro. De fato, é um recurso e tanto: basta emitir mais moeda que todos os rombos das contas estão cobertos, e a fatura vai para o infeliz usuário do papel-moeda. É um tipo de roubo extremamente refinado, que pode ser consumado sem que sequer se precise tirar as cédulas do seu bolso. Entretanto, eu tenho notado cada vez mais por aí artigos de “especialistas” vendendo o peixe de que “um pouquinho de inflação é necessário para o desenvolvimento” e tal. Penso que aí se esconde o novo projeto do governo: já que o aumento dos impostos foi barrado pelo congresso e o roubo via corrupção foi barrado pelo judiciário, resta produzir inflação para tirar o dinheiro do povo e enfia-lo no rabo do BNDES, dos diretores da Petrobrás, no séquito dos empresários amigos-do-rei, e por último nos banqueiros.

     

    1. Mercado, inflação, governo e o povo.

      Pedro você não revelou no seu comentário toda verdade ou por desconhecimento ou talvez por negligência para enfatizar seu ponto de vista. É claro que o mercado não é esta entidade que você define,” o Mercado nada mais é do que a expressão do Desejo Coletivo da população”. Existe agentes sim com poder de manipula-lo e de muitas maneiras. No Brasil estes agentes agem em conluio com os meios de comunicação, ora no câmbio, ora em produtos in natura como tomate, batata, etc, ora nos preços controlados como gasolina, alcool, energia, transporte. No fim, o objetivo é desorganizar as contas públicas e esfolar a população com juros o mais altos possível.

      1. Mas eles frequentemente caem do cavalo

        Existem aqueles que tentam manipular o mercado, mas são esses também que frequentemente caem do cavalo. Por que o Lemons Bank faliu? Por que o Eike Batista faliu?

        Todos sabem que especulação é jogada de risco, e tanto pode dar lucros estupendos quanto prejuízos igualmente estupendos. Isso porque o Mercado é imprevisível e escapa ao controle até mesmo de mega financistas como eles.

      1. O lastro é o bom nome de um governo

        Houve tempo em que a moeda era lastreada por algum passivo cujo valor fosse fixo e mundialmente reconhecido, como o ouro. A complexidade da economia atual tornou obsoleto esse tipo de lastro. Atualmente o que dá credibilidade ao dinheiro é o bom nome do governo que o emite: uma nota de dez reais vale dez reais enquanto as pessoas acreditarem que vale dez reais. O jornaleiro da esquina aceita trocar uma nota minha de dez reais porque sabe que, quando for trocar aquela nota por outra coisa, ele receberá algo cujo valor é equivalente ao da revista que ele me deu. Mas é óbvio que quando o governo emite mais dinheiro do que coisas para comprar, as pessoas deixam de confiar.

  2. Uma sutileza que faz diferença

    Foi escrito :”“O aumento no nível dos preços pode ter uma causa monetária (impressão de dinheiro pelo governo), causas psicológicas (agentes ajustam o preço porque acham que outro também vai ajustar) ou uma causa real (um desajuste entre a oferta e a demanda por bens e serviços).”

    A mera impressão de dinheiro não causa inflação.

    O que causa é a circulação deste dinheiro novo, junto com o antigo em circulação em busca dos mesmos bens e serviços.

    Mais ainda, a inflação não é instântanea, demora mêses, senão anos para que o efeito diluidor do novo dinheiro impresso circulando cause uma mudança nos preços médios das mercadorias e serviços do Brasi.

    O que implica numa tremenda vantagem para quem recebe o dinheiro limpinho e novinho sem ter circulado ainda, pois ele compra como o dinheiro bom que ele compete.

    Ou seja, cria um odioso privilégio para que usurfrui da capacidade de manipulá-lo primeiro, agora só reclama, como eu, os que não conseguem acesso a esta mamata.

    Só por curiosidade, alguém do blog têm acesso ao dinheiro impresso antes dele inflacionar o meio circulante, se têm, dá para contar como fêz?

     

    1. Falando em dinheiro novo

      Leaders in Bitcoin Broadcasting: ‘Pandora’s Box Is Open and There’s No Going Back’

      Leaders in Bitcoin Broadcasting: ‘Pandora’s Box Is Open and There’s No Going Back’

      Out of the buzz surrounding Bitcoin has come unique journalism and multimedia. Over the course of cryptocurrencies’ beginnings, many podcasts, radio broadcasts, and YouTube shows have appeared around the same time, giving listeners and viewers information on Bitcoin and many other subjects in a new way. Each show has added its own color and new voices to the decentralized community.

      CoinTelegraph wanted to provide an inside glimpse of some of the industry’s most popular crypto-related broadcasts and podcasts. We asked hosts to tell us how they came to create their shows, how they began talking about Bitcoin, what types of topics they cover, and what some of their most memorable guests and moments have been.

      Mad Bitcoins

      — Hosted by Thomas Hunt. Watch on YouTube, learn more at MadBitcoins.com and follow on Twitter @MadBitcoins.

      “The blockchain is like Pandora’s box. Now that it’s open, there’s no going back. Much like the MP3 was better than the CD, Bitcoin is better than fiat currency. It’s only a matter of time before everyone else figures that out too.”

      — Thomas Hunt

      Thomas Hunt: I’d always known about Bitcoin, but I was never really involved until I saw the price spike to US$250 in April 2013 after the Cyprus collapse. I suddenly realized all these companies had grown up around Bitcoin and had made it incredibly useable. It was then that I decided to do anything I could to help spread the word about Bitcoin.

      Subjects include cryptography, money, banking, and math — as heady topics. With the MadBitcoins show, I try to make short entertaining videos to help lighten the mood around Bitcoin. I believe the best way to educate someone is to entertain them first.

      The blockchain is like Pandora’s box. Now that it’s open, there’s no going back. Much like the MP3 was better than the CD, Bitcoin is better than fiat currency. It’s only a matter of time before everyone else figures that out too.

      The Crypto Show

      — Hosted by Chris Neanderthal, Harlan Dietrich and Danny Sumthin. Listen on Texas Liberty Radio at 89.1fm in Austin, 8pm to 10pm Central, find archives and learn more at TheCryptoShow.com.

      “Our ‘Crypto’ radio is so apt because it captures so many important and not unrelated ideas, such as cryptocurrency, underground movements, and anarchist thinking.”

      — Chris Neanderthal

      Chris Neanderthal: The radio broadcast emerged around March of 2014 out of a local Bitcoin meetup and the first annual Texas Bitcoin Conference. The show was Harlan’s (creator of Brave New Books) brainchild, borne of his recognition of the burgeoning revolutionary significance of decentralized, disruptive, open-source technologies. Our “Crypto” radio is so apt because it captures so many important and not unrelated ideas, such as cryptocurrency, underground movements, anarchist thinking, and the “cryptocracy” (that is, hidden powers behind, and machinations of the State).

      Topics include 3D printing, anarchism and agorism, the Austrian School of Economics, natural health remedies, media manipulation and psychological warfare, alternative interpretations of historical and current events, esotericism, and anything else that we find credible and relevant.

      We have had the great privilege and good fortune of having excellent, thought-provoking guests almost without exception, including Lyn Ulbricht and Cody Wilson. One of our favorite recent guests was bravetheworld.com’s Julia Tourianski, who is simply brilliant and whose no-holds-barred attitude, dynamism, and passion I find infectious and inspiring.

      The Crypto Show probably wouldn’t have had its long list of illustrious guests without the connections, networking skills, and personal savvy of our co-host, Danny. We also wouldn’t have the coolest logo in all of radio without one of our other favorite guests, Crypto-Graphics.com

      Decentralize.FM

       

      — Hosted by Eric Martindale of Bitpay, James Walpole of Bitpay and Tony Sakich of Augur. Visit decentralize.fm, subscribe via Soundcloud or follow on Twitter @DecentralizeAll.

       

      Eric Martindale: Back in September of 2014, we were all working at BitPay and were very passionate about Bitcoin and decentralization in general. We wanted to start something with a more broad scope than just Bitcoin, or even cryptocurrency, as we felt that there were already enough content producers talking about Bitcoin — so we committed to expanding our subject matter to everything decentralized, and believe us, everything can be decentralized!

      We really like to go beyond the scope of bitcoin and politics, and discuss how decentralization applies to other topics; decentralized governance, alternative market structures, intellectual property, anything that has single points of failure, or centralization due to stagnation. We want our listeners to know the merits that decentralization brings, and encourage them to think about how to decentralize more than just finance.

      The interview we did with musician and producer Steve Albini was spectacular, as he shared some outside perspective that a lot of people in Bitcoin, or even the crypto community at large, often don’t get the chance to hear. Ryan X. Charles’ insight into Reddit’s crypto-equity endeavors and Glenn Jacobs’ (that’s Kane from the WWE!) libertarian philosophy were both fascinating subjects to cover, but all of our guests have been truly fantastic. It’s really incredible to see the breadth of perspectives from so many different industries!

      De Week van Bitcoin (The Week of Bitcoin)

      — Host: Paul Buitink. Watch on YouTube and subscribe to get notified when new episodes come out. Want to join the weekly live show? Follow them on Google+.

      Paul Buitink: I was so enthusiastic about bitcoin that I wanted to share my excitement and journey with others. I’m a big fan of the sharing economy and letting knowledge flow freely. Since I’m Dutch and there did not exist a Dutch audio or video channel yet about Bitcoin, I started with a Dutch show together with Tuur Demeester in November 2013.

      Over time, we’ve had dozens of interesting guests and subject material, basically all the main players from the industry, but also many people from the alternative money space at large, like gold experts and contrarian economists. I’ve personally always been most interested in the currency/money aspect of bitcoin, although all the other applications and blockchain technology in general interest me a lot as well.

      We’ve had many interesting guests over the years. Our most popular show was with Andreas Antonopouloswith almost 12K views. It also featured a range of co-hosts and lots of live questions from the audience. It was a memorable show.

      Let’s Talk Bitcoin

      — Hosts: Adam B. Levine, Andreas Antonopoulos and Stephanie Murphy. Listen on LetsTalkBitcoin.com orSoundcloud, where you can listen to all of the shows in the Let’s Talk Bitcoin! Network. iOS users can install theLet’s Talk Bitcoin! App that lets you download and play podcasts, read articles, participate in community forums and participate in an audience rewards program.

      “I started a Bitcoin podcast because at the time there weren’t any and I think listening to someone talk about something is a more natural way to learn than reading an article or a paper on it.”

       — Adam B. Levine

      Adam B. Levine: I started a Bitcoin podcast because at the time there weren’t any and I think listening to someone talk about something is a more natural way to learn than reading an article or a paper on it. There were all of these brilliant technically minded people who were working on technologies that have the potential to change everything, but if you wanted to understand it and your brain didn’t work the same way, it was like trying to learn another language with cantankerous native speakers. I published the first episode of Let’s Talk Bitcoin in late April 2013. It was the fifth bitcoin podcast I’d started and the first one I’d consider a success.

      LetsTalkBitcoin.com is what I like to call an experimental community platform. It’s where we try out new technologies and tools with real users who are doing things that in a few years will be normal at every other website. Because of that, I’ve actually taken steps that most consider anti-growth because we just haven’t been ready for much larger of an audience than the hardcore early adopters in our community who might not yet understand where we’re going, but have liked the ride so far. The Let’s Talk Bitcoin! show and network involve about 20 people currently. We’re almost entirely powered by volunteers, myself included.

      Although they weren’t happy events, I have fond memories of several multi-day collaborative investigations with David Perry, Charlie Shrem and others after the Mt. Gox collapse that produced interesting and useful results.

       

      1. Blockchain – O livro caixa que roda no ar e cria o novo

        Death to databases come the blockchain revolution?

         

         

        DigitalChainsWhen I first wrote about the blockchain

         Idescribed it as:

        At its simplest, the blockchain is the fully decentralized global ledger used to record all Bitcoin (or digital currency) transactions. In book-keeping terms it is a vast open ledger that anyone with the right technology can mine. In technical terms, the blockchain represents the infrastructure upon which Bitcoin exists and through which Bitcoin is mined for profit.

        That definition turns out to be both a bit simplistic and unrepresentative of its potential. I was on the right track when I said:

        The possibilities and potential for blockchain technology are extraordinary at every level of business and society. If you’re not keeping up then you should.

        That was kind of on the right track but far too vague. A mere six weeks on and I have changed my position. Today, I prefer to think about the blockchain in more expansive terms. Adapted fromVinay Gupta (slide 6):

        The blockchain is the database for the network.

        That’s a very different concept that releases the blockchain from its close association with Bitcoin, the most well known but only one of many cryptocurrencies currently in existence. The blockchain has specific characteristics that make it perfect for the network. Again and adapted slightly from Gupta:

        It is a robust, distributed, open source database that allows for no edits, no deletions, holds 100% of transactional history, has no inherent privacy and therefore no inherent secrecy.

        In accounting terms, the blockchain is the (near) perfect ledger that has no audit requirement but it has so much more potential capability because of what can be built upon it and in what circumstances.

        For example, in the under developed world and Africa in particular, huge swathes of people are unbanked, have no access to traditional forms of finance, are not your ideal risk profile and generally considered a risky bet but the more traditional banking fraternity.

        There are numerous projects to bring banking to the unbanked that rely upon mobile technology. So far so good. But those efforts, laudable though they are, continue to be rooted in a largely traditional form of banking framework and economic model. What about all those people who don’t fit into the traditional view or model? And what about fraud, an ever present risk that is tough enough to manage? What about all those people trapped in transit or refugee camps? What do they do? Gupta thinks that the blockchain solves many of the problems attached to these scenarios in large part because the blockchain redefines the nature of ‘currency.’

        Where to next? Gupta is of the view that the blockchain can serve as the basis for more democratic crowd funding of new ventures. Right now, Seedrs is probably the closest thing we have to the model he has in mind but as he points out, the management of hundreds or thousands of small investors is a significant cost. If you plan on raising funds through Seedrs, thecosts to the business raising capital are substantial. Using the blockchain? Almost zero.

        The burning question though is whether this is a likely set of scenarios or wishful thinking by libertarians who would love nothing better than to break the mold of business today? An MDI survey entitled: The Millennial Generation: Banking’s Big Problem- Opportunities in Digital Finance provides some interesting clues. Check this out:

        MDI-key-findings

        Regardless of where you stand on these topics, the survey results suggest a very different future. Why? It seems that millennials’ priorities are born out of circumstance where, according to surveys, they have lower earning potential but higher debt. Hence they are not so disposed to property ownership for example and prefer the models loosely bucketed as the ‘sharing economy.’ Investment for them is a lower priority but they would do so in businesses with purpose beyond the financial gains that are seen as the reason for being among stockholders.

        And as if to second guess the direction this is all going, Overstock plans a $25 million bond issueusing the blockchain.

        Paradoxically, money is pouring into fintech startups from traditional routes. Coinbase for instance has raised over $106 million with $75 million in the last round. Legislators are taking notice but so far have not brought down the hammer on the ideas behind Bitcoin and the blockchain. Banks are investing directly in the technology as are many of the well known VC funders, IBM and Intel. In short, fintech is hot and the blockchain is here to stay.

        To give you another idea what’s happening, Blockstream raised $21 million in seed funding with the intention of building:

        Smart contracts, legal agreements that are executed on the blockchain public ledger, eliminating the need for lawyers and the exchange of signed documents.Equities trading without centralized exchanges, where users can buy and sell public stock in companies through a peer-to-peer system without brokers.Sidechains, a method of developing parallel public ledgers – blockchains – which allows the creation of new applications on a common platform without modifying bitcoin’s core operational code.

        Sound familiar? Gupta has spoken about all these kinds of initiative.

        We will continue to track this topic. It holds tremendous promise.

        Image credits: InsideBitcoin, MDI, Blockstream.

         

  3. o Mercado nada mais é do que a expressão do Desejo Coletivo da p

    .. da população. 

    Se o tal mercado estivesse baseado na lei da oferta e da procura eu acreditaria nas suas palavras. Não é mesmo! A nossa economia é cheia de monopólios, oligopólios e cartéis.  Esse tal de Mercado que você fala, nada mais é do que a expressão do Desejo das minorias exploradoras.

    1. Se é assim…

      Se é assim como você diz, então você demonstrou com suas próprias palavras: nossa economia cheia de monopólios, oligopólios e cartéis é uma das menos orientadas ao mercado do mundo. Isso porque ainda guardamos um ranço muito forte dos tempos pré-capitalistas anteriores à abertura dos portos em 1808, quando vigorava o sistema conhecido por mercantilismo, caracterizado por uma economia fechada, que só podia comprar e vender para a metrópole, onde inexistia a livre empresa e a livre concorrência, e todo empreendimento só podia ser concretizado com a licença e o apoio do rei, que concedia monopólios a seus protegidos.

      Precisamos de um banho de mercado para nos livrar dessa nossa atração atávica por monopólios, oligopólios e cartéis.

      1. A economia mundial, então,

        A economia mundial, então, está precisando desse banho de mercado. Mais do que nunca a economia global está nas mãos de poucos e conforme acreditam alguns, até o ano de 2024 estaremos com 99% da riqueza do mundo nas mãos de 1% da população, ou seja, teremos 99 pessoas trabalhando para apenas uma. Será que esse deus mercado cultuado por você e alguns vai nos livrar dessa concentração ? Será que ele vai nos mostrar “o caminho” ??  

        Acho que não. No máximo vai achar um outro caminho mais a frente, que mais tarde vai resultar em novo buraco, não sem antes deixar miséria  por onde passar. Preste culto a ele se quiser. Tô fora !

        1. Há deuses onde há fé

          Os antigos viam deuses em fenômenos naturais como um trovão, um vulcão ou a cheia de um rio. Se você quer ver um deus no Mercado, OK, é a sua percepção, mas tal como sucedia com os antigos, tal percepção se origina do desconhecimento dos fundamentos científicos dos fenômenos.

          A imagem de uma divisão onde 1% controlam 99% das riquezas é apenas uma estatística convertida em metáfora, como o bolo do Delfim no tempo do Médici: dizendo assim fica parecendo que “riqueza” é uma coisa pronta, tangível, mensurável, tipo uma pizza em uma bandeja onde 1% comem 99% das fatias e deixam os outros passando fome. Mas quando se diz que 1% controla 99% da riqueza do mundo, o que se quer dizer é que o valor total dos ativos, ações, imóveis, fábricas e demais negócios que pertencem a esses 1% correspondem a 99% da riqueza total. Eles não consomem em suas pessoas físicas esse patrimônio, eles administram esse patrimônio. Para as pessoas comuns que compõem 99% da humanidade, o que importa realmente é aquilo que elas consomem em suas pessoas físicas, que vem a constituir o seu padrão de vida. Não há relação nenhuma entre o grau de concentração de riqueza e o padrão médio de vida da população. A concentração de riqueza é uma estatística, um percentual relativo. O que interessa à população não é o relativo, mas o absoluto.

          1. Não sou eu que quero ver o

            Não sou eu que quero ver o mercado como um deus (muito pelo contrário) são alguns que a qualquer problema da economia dizem que o mercado vai mostrar o caminho. São pessoas como você e outros que ficam repetindo o mantra de que o mercado vai nos mostrar “o caminho”, ou seja esse mercado é alçado a categoria de deus (com minúscula mesmo já que como Deus ele não chega nem perto).

            Nunca vi esse tal de mercado mostrar o caminho. Quando mostra o caminho é porque com certeza vai cair em outro logo adiante. Essa busca infindável pelo “caminho” correto vem trazendo desgraça e miséria para os povos do mundo, há séculos.

            Quanto a concentração da riqueza não ter relação nenhuma com o padrão médio de vida da população me parece uma frase desprovida de qualquer lógica. A concentração da riqueza nas mãos de poucos, ainda que não seja consumida (óbvio já que não há como) pelos 1%, não é colocada a disposição dos que dela necessitam.  

            Não sou economista nem dono da razão, mas esse deus mercado  não vai nos levar a lugar algum, que não seja a pobreza e a miséria.

          2. O Mercado não mostra o caminho

            O Mercado não mostra o caminho porque ele não é dirigido por uma cabeça pensante, portanto não tem pretensões de mostrar caminho algum. O Mercado é a expressão passiva do Desejo Coletivo da população, daquilo que o povo quer consumir.

            Se você não vê lógica na falta de relação entre o grau de concentração de riqueza e o padrão de vida médio da população, é porque continua vendo a riqueza como uma coisa que pode ser dividida em pedaços como uma pizza. Se por hipótese aqueles 1% que detêm 99% da riqueza resolvessem dividir suas posses com os 99% restantes, isso não significa que esse pessoal poderia colocar debaixo do braço fábricas, fazendas e ações e ir até o armazém da esquina troca-las feijão, roupas, remédios, livros ou o que for. Eles tão somente receberiam a incumbência de administrar o patrimônio que no presente é administrado por aqueles 1%.

            Fica a pergunta: e eles poderiam administrar esse patrimônio de forma tal que fariam materializar o feijão, as roupas, o material de construção, os remédios, os livros e tudo o mais que possam consumir em suas pessoas físicas, e que é o que eles realmentem necessitam?

            Tudo indica que não. Empresas administradas por seus ex-empregados existem, mas raramente são bem sucedidas. Se todos esses ítens já existissem, eles já estariam no mercado, pois aos donos dos meios de produção não interessa em nada restringir o consumo das massas: ao contrário, quanto mais eles vendem, mas eles lucram. Se esses ítens não são produzidos em número suficiente para proporcionar um padrão de vida confortável a todos, isso se deve a fatores alheios à vontade dos produtores – limitações tecnológicas, ambientais, carência de matéria-prima, de energia, etc. Essas limitações existem independente do grau de concentração da riqueza.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador