quarta, 01 de maio de 2024

Mistérios nas premiações de Executivos do Ano, por Rui Daher

Do blog do Rui Daher, no Terra Magazine

Mistérios nas premiações de Executivos do Ano

Apesar de ter passado a vida profissional trabalhando para empresas de vários portes e próximo a diferentes pares e chefes, nunca consegui entender como são escolhidos os melhores executivos do ano.

Confesso que nunca fiz a pergunta aos que outorgam os prêmios e muito menos aos premiados. Todos dariam uma risadinha enigmática, imodesta, ou mentiriam.

Folhas e telas dedicadas aos negócios fazem. Associações e federações patronais também. Governos seguem a onda e medalham. Desconheço se  harmonizam previamente os critérios ou cada um vai por si.

Tempos idos, as seleções eram mais exclusivistas. Havia um só “cara” do ano. Por exemplo, a revista “Times” escolhia o “Man of the Year”. Hoje, politicamente correta, mudou para “Person of the Year”. As meninas entraram no páreo.

Aqui, a “Visão” (1952-1993), bem aproveitava sua marca e designava o “Homem de Visão do Ano”.

Não me lembro de referências executivas femininas naqueles tempos memoráveis. É verdade que mais me interessava conhecer as “Certinhas do Lalau”, que o jornalista Sérgio Porto, genial Stanislaw Ponte Preta (1923-1968), escolhia, publicava e ninguém duvidava do critério. Bastava olhar as fotos das santinhas, ops, certinhas.

Querem um exemplo? Em 1978, Christiane Torloni foi uma das eleitas.

Voltemos aos dias atuais. Espero que a digressão acima possa ter dado tempo aos leitores encontrarem resposta à minha sofrida dúvida. Manifestem-se, mas pacificamente. Não devemos espantar os olhares de William e Patrícia.

Repararam que vibe e hype nas escolhas mudaram? Se antes ia para o trono um só indivíduo, hoje se exige segmentação. O mesmo que é feito com a inflação, agora calculada para idosos, jovens altos e gordos, dentistas baixos e fanhos, criadores de felinos. Não têm sido considerados corruptos e corruptores, talvez por estarem em extinção.

Sim, além da óbvia escolha por setores da economia – mineração, bancos, agropecuária, etc. – agora temos também a seleção por áreas das empresas.

Os melhores, maiores e mais admirados executivos de valor em marketing, vendas, finanças, portaria, almoxarifado, governança corporativa, etc. Oro para que não categorizem os bajuladores. Eles existem, são muitos e ganham na mão.

Maior faturamento, melhor relação patrimônio-endividamento, e-mails enviados em bom português, poliglotia, valor do relógio de pulso, trajes adequados. Sei lá, alguma coisa deve contar, pois nem sempre as empresas vencedoras por seus índices econômico-financeiros levam seus executivos ao pódio, certeza de alguma subjetividade misteriosa nas indicações.

Um executivo do departamento de pessoal, que na pré-história poderia vencer demonstrando maior rapidez na conferência de cartões de ponto ou, na época de downsizing, pelo número de demissões recebidas com alegria pelo demitido, hoje, talvez, seja agraciado pela sua capacidade de organizar coquetéis para representantes da FIESP e dos sindicatos.    

Realmente, não sei. E se acham que sei, desculpo-me, mas nem à Amália Rodrigues e suas paredes confessaria.

Vai que patrocínio conta e, afinal, eu vivo procurando um. Ainda que pequenininho.

Luis Nassif

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