Na Espanha, Pedro Sánchez defende criação do Estado da Palestina em discurso de investidura

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Pedro Sánchez, presidente em exercício, reafirmou que anistia a separatistas e mais direitos às comunidades autônomas fortalecem a Espanha

Pedro Sánchez e o presidente do PNV, Andoni Ortuzar, durante assinatura do acordo de anistia e mais direitos às comunidades autônomas bascas. Foto: Redes Sociais/PNV

Em seu discurso de investidura no Congresso dos Deputados da Espanha na manhã desta quarta-feira (15), o presidente em exercício Pedro Sánchez (PSOE) anunciou que o primeiro compromisso que irá assumir – caso consiga maioria parlamentar para ter o cargo revalidado – é o de trabalhar na Europa para o reconhecimento do Estado da Palestina. 

No início do seu discurso, Sánchez referiu-se aos principais desafios que o país e o mundo enfrentam, entre os quais se destacou a situação do povo palestino no Oriente Médio.

O presidente exigiu “o cessar-fogo de Israel em Gaza e o estrito cumprimento do Direito Internacional Humanitário”, que atualmente não está sendo respeitado, segundo a avaliação de Sánchez.

Entretanto, condenou os ataques do Hamas e exigiu a libertação imediata dos reféns detidos pelo grupo.

Para Sánchez, a situação na Faixa de Gaza exige um cessar-fogo, a entrada imediata de ajuda humanitária, a realização urgente de uma conferência de paz e o reconhecimento internacional do Estado da Palestina.

Sessão de investidura 

O Supremo Tribunal da Espanha rejeitou a tentativa do VOX de paralisar a sessão de investidura de Pedro Sánchez desta quarta-feira (15). O partido de extrema direita vem liderando uma série de protestos violentos, com discursos racistas e xenófobos, contra a anistia ao movimento independentista basco. 

Em seu discurso nesta quarta, Sánchez afirmou que a anistia e mais direitos às comunidades autônomas fortalecem a Espanha.

Com a bancada de parlamentares bascos sendo fundamental para se estabelecer maioria à formação de um governo, Sánchez cedeu a um acordo com o Partido Nacionalista Basco (PNV), celebrado no último dia 10, que garante mais autonomia à Euskadi, uma das comunidades autônomas bascas, e anistia aos separatistas.

De tal forma que nesta quarta (15) o presidente em exercício chega à sessão de investidura com a maioria parlamentar garantida para a revalidação do cargo. Nas últimas semanas, uma onda de manifestações puxadas pelo VOX em Madrid escalaram uma postura mais violenta da extrema direita espanhola contra Sánchez e o seu partido, o PSOE.    

Anistia desagrada extrema direita 

Essa anistia envolve os processados pelo plebiscito ilegal realizado na Catalunha em 2017, por parte do Junts, o Juntos pela Catalunha, partido político fundado em julho de 2020 pelo antigo presidente da Generalitat, o exilado Carles Puigdemont, o principal processado. 

A Generalitat se trata da Generalidade da Catalunha: sistema institucional em que se organiza politicamente o autogoverno da Catalunha. Tem as suas raízes nas Deputações Permanentes, no século XIV, sob a administração da Coroa de Aragão. A sua sede é o Palácio da Generalidade, na cidade de Barcelona.

Ocorre que essa anistia acordada por Sánchez não tem sido aceita por partidos de direita, como o Partido Popular (PP), e a extrema direita, liderada pelo partido VOX e pelos ultras, grupos fascistas mais conhecidos recentemente por liderarem ofensas racistas nos estádios espanhóis, sobretudo contra o jogador brasileiro Vinícius Jr, do Real Madrid.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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