Presidente da Petrobras diz que PPI só favorece concorrentes e deixará de ser o “único parâmetro” para preços

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

"Deixar entrar concorrentes e aplicar um preço abstrato [PPI] só para favorecer meu concorrente, não posso admitir isso", diz Prates

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (2), que o PPI deixará de ser “único parâmetro” definidor dos preços dos combustíveis ao mercado interno. Na visão de Prates, o PPI – uma política que obriga a Petrobras a equiparar seus preços com os praticados pelos importadores – só tem favorecido os “concorrentes” da Petrobras.

“O PPI é uma abstração, uma referência. A gente pode usar essa regra com outras para captar mercado”, disse. “O PPI deixará de ser o único parâmetro na hora em que a regra for mudada por escrito. Vamos fazer a discussão”, pontuou.

Com a mudança de gestão, Prates sinalizou que a Petrobras adotará uma postura mais agressiva, reduzindo preços quando e onde for possível, para se tornar mais competitiva que os concorrentes.

“Eu vou disputar até o último metro cúbico de produto em qualquer parada do País que tenha possibilidade de importar, porque o importador é meu competidor. Se é para jogar, vamos jogar o jogo do mercado. Mas me obrigar a praticar o preço do concorrente? Não faz o menor sentido!”

Prates ainda argumentou que a Petrobras tem sido a única empresa petrolífera a ser sofrer “pressão para praticar obrigatoriamente o preço do concorrente”. Ele ressalvou que qualquer mudança no PPI, contudo, não deve ser confundida com o afastamento da Petrobras dos preços internacionais.

“A paridade internacional todo mundo segue. Acontece que, no mercado local, têm outros critérios que tem que contar no preço. É por isso que disse que o PPI é uma abstração. Imaginar que o PPI é o preço do Brasil todo, é imaginar que lá [no interior do] Amazonas ou [na capital do] Rio de Janeiro, o preço tem que ser o mesmo da Alemanha quando entra no Brasil. Não é assim.”

“Nós, Petrobras, temos o investimento em refino no Brasil e preciso usar isso em nosso favor. A diferença do governo anterior para o atual é que nós vamos nos defender. Enquanto houver fatia de mercado para a Petrobrás captar.”

“Intervencionista era o governo anterior”

Aos jornalistas, Prates afirmou que o PPI virou um “dogma” e, na imprensa alinhada ao mercado, tem gerado análises equivocadas e alarmistas, como as que dizem que o abandono do PPI resultaria em desabastecimento ou significaria o retorno à política de subsídios.

“Não é subsídio, é meu melhor preço para garantir aquele cliente. Em qualquer produto é assim, você tenta baixar um pouco o preço para ganhar o cliente. É claro que não vou canibalizar ou aniquilar minha margem, mas até certo ponto, eu posso disputar mercado com o importado. Por que não? Quem era intervencionista era o governo anterior, que mandava a Petrobras praticar esse PPI para ajudar o importador, mesmo sem ter necessidade dele importar tudo aquilo”, disparou o presidente da Petrobras.

Sobre a distribuição de dividendos da Petrobras, ele afirmou que vai defender regras mais maleáveis para que seja possível fazer “trade off” com os acionistas, propondo redução na margem de dividendos para que parte dos lucros seja investida em projetos.

Assista:

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador