Eterno rei do calypso, Harry Belafonte deixa legado inesquecível na justiça social

Cantor e ativista era polêmico e chegou a chamar o ex-presidente George W. Bush de "o maior terrorista do mundo".

Morre o cantor e ativista Harry Belafonte
Cantor foi parceiro de Martin Luther King e fez amizade com Nelson Mandela. Crédito: Gary Gershoff/WireImage

Morreu, na última terça-feira (25), o cantor e ativista norte-americano Harry Belafonte. Aos 96 anos, o artista foi vítima de uma insuficiência cardíaca congestiva.

Conhecido como rei do calypso, Belafonte nasceu em Nova York, em 1º de março de 1927. Cresceu em uma família de imigrantes jamaicanos e foi criado por sua mãe solteira. Ele serviu na Marinha dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial e depois começou a estudar teatro na Universidade de Nova York.

O cantor também é lembrado por popularizar a música folclórica caribenha e por seus envolvimentos na luta pelos direitos civis.

Carreira artística

Harry começou a cantar em clubes noturnos de Nova York na década de 1940 e lançou seu primeiro álbum, Calypso, em 1956. O álbum incluiu seu hit Banana Boat Song (Day-O), que se tornou um sucesso mundial.

Belafonte também atuou em vários filmes, incluindo “Carmen Jones” (1954) e “Island in the Sun” (1957). Ele foi o primeiro ator negro a ganhar um Globo de Ouro de Melhor Ator em um filme musical ou de comédia, por seu papel em “Carmen Jones”.

Ativismo

Além de sua carreira musical e de ator, Belafonte é conhecido por seu ativismo pelos direitos civis. Ele foi um dos principais arrecadadores de fundos para o Movimento pelos Direitos Civis nos anos 1960 e trabalhou em estreita colaboração com Martin Luther King Jr.

O cantor criou ainda a Fundação Harry Belafonte, que apoia organizações que trabalham pela justiça social e pelos direitos humanos.

“Muitas vezes respondo a perguntas como: ‘Quando, como artista, você decidiu se tornar um ativista?’. Minha resposta à pergunta é que eu era um ativista muito antes de me tornar um artista. Ambos servem um ao outro, mas o ativismo vem primeiro”, afirmou Belafonte em entrevista.

Ao longo de sua carreira, Belafonte recebeu vários prêmios e honrarias, incluindo o Prêmio Grammy Lifetime Achievement em 2000 e o Kennedy Center Honors em 1989. Ele continua a ser uma figura influente na música e no ativismo político até hoje.

Críticas e luta contra o racismo

Entre as ações do ativista estão uma campanha contra o apartheid na África do Sul, ocasião em que fez amizade com Nelson Mandela. O cantor também mobilizou apoio para a luta contra a Aids e o HIV e tornou-se Embaixador da Boa Vontade da Unicef.

O ativista criou ainda o hit We Are the World, de 1985, gravado com artistas renomados, como Bob Dylan, Michael Jackson e Bruce Springsteen, para arrecadar dinheiro para combater a fome na África.

Ainda na luta contra o racismo, Belafonte criticou celebridades negras, como Jay Z e Beyonce por não assumirem posições mais ousadas na justiça social.

Nem os presidentes norte-americanos escaparam da visão crítica do cantor. Enquanto George W. Bush foi chamado de “o maior terrorista do mundo”, Barack Obama também recebeu diversas críticas do artista ao longo da disputa presidencial em 2008.

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Camila Bezerra

Jornalista

1 Comentário

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  1. Sem dúvida uma vida a ser celebrada. Ele poderia ter simplesmente aproveitado para si a sorte, o dinheiro, a beleza e a oportunidade que a vida lhe deu.

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