Superintendente da ABIMO relata “falta de planejamento” na gestão de Pazuello na Saúde

Johnny Negreiros
Estudante de Jornalismo na ESPM. Estagiário desde abril de 2022.
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Fraccaro detalha falta de planejamento na compra emergencial de itens hospitalares durante a pandemia. Assista

Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello é pré-candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro. Foto: José Dias/PR

Em entrevista exclusiva ao programa Nova Economia, da TVGGN, o Superintendente da ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos), Paulo Fraccaro, relatou ter alertado o Ministério da Saúde, durante a gestão do general Eduardo Pazuello, sobre a necessidade de comprar seringas para o Plano Nacional de Imunização (PNI) durante o auge da pandemia de Covid-19. Porém, nada teria ocorrido.

Fraccaro detalhou a Pazuello, em 2020, que o País não tinha a quantidade suficiente do instrumento médico para suprir a vacinação. Na época, o então general da ativa era quem comandava a pasta da Saúde. O mesmo não teria acontecido com os ventiladores pulmonares.

“A pandemia começou em março, em final de julho nós já tínhamos dez fábricas de ventiladores. Já as fábricas de seringas começaram a dar conta totalmente das necessidades do Governo, embora o Governo naquela ocasião nunca se planejou com antecedência”, disse Fraccaro.

“Eu fui até o governo dizer para aquele Ministro da Saúde que estava, era o militar (Pazuello), e falei: ‘olha, vocês têm que se planejar, porque vocês vão precisar de seringa para o programa de vacinação’. Isso foi em setembro (de 2020), mas chegamos em dezembro sem nenhum planejamento naquele momento”, finalizou.

LEIA SOBRE O ASSUNTO: Pazuello entra na mira do Ministério Público Federal em Brasília

Durante esse período, o presidente Jair Bolsonaro e aliados discursavam em defesa de remédios sem eficácia comprovada contra Covid, além de questionarem a necessidade e a segurança dos imunizantes.

Em outubro daquele ano, Bolsonaro declarou: “No Brasil, tomando a cloroquina, no início dos sintomas, 100% de cura”. A maior parte da comunidade científica global já dizia que o remédio não tinha eficácia.

Licitação sem oferta

O responsável pela ABIMO criticou uma licitação aberta pelo governo Bolsonaro para a compra de 300 milhões de seringas, no prazo de 30 dias.

“É lógico que ninguém tem seringa no estoque para atender uma demanda que você nem sabe quando vai acontecer”, afirmou ao Nova Economia.

Naquele momento, com exceção da Rússia, nenhum outro país havia iniciado um ostensivo plano de vacinação contra a Covid-19.

Paulo Henrique Fraccaro, 74 anos, superintendente da ABIMO – Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos, vice-presidente do SINAEMO – Sindicato da Indústria de Artigos e Equipamentos Odontológicos, Médicos e Hospitalares. Engenheiro, 40 anos de atuação na área da saúde, membro do conselho consultivo da Fundação Zerbini e diretor adjunto do COMSAÚDE – Comitê de Cadeia Produtiva da Saúde.

Além do processo sem oferta que pudesse atender à demanda de seringas, segundo Fraccaro, dispositivos médicos foram adquiridos durante a pandemia, mas com pouca utilidade.

“Eu poderia falar do meu setor, o dos dispositivos médicos: quantos ventiladores chegaram e não serviram para nada? Máscaras que não vieram, não tinham condição de filtração nenhuma, eram para outras finalidades”, falou ele.

Para Fraccaro, isso acontece quando “o Governo não se organiza e deixa para comprar nas emergências”, ou quando delega a programação às secretarias estaduais e municipais, que “muitas vezes não têm a estrutura para entender o que especificar ou que têm uma corrupção endêmica”.

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Assista ao programa completo:

Johnny Negreiros

Estudante de Jornalismo na ESPM. Estagiário desde abril de 2022.

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