Viúva e ex-sócia de vítima da ditadura militar vêm ao Brasil

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
[email protected]

Edgar Aquino Duarte é considerado desaparecido político; sua prisão foi estopim para confirmação do trabalho de Cabo Anselmo como agente infiltrado

Edgar Aquino Duarte, desaparecido político. Foto: Comissão Nacional da Verdade – via Wikipedia

O antigo DOI-CODI terá duas visitas simbólicas no próximo dia 27 de outubro: María Teresa Sopeña, viúva, e Maria Willumsen, ex-sócia de Edgar Aquino Duarte numa corretora de valores.

Elas virão conhecer a cela em que Edgar esteve preso, entre os anos de 1971 e 1972, no prédio da rua Tutóia, na cidade de São Paulo. Atualmente, María Teresa reside em Havana, e Maria mora em Miami.

A visita também terá a presença dos jornalistas Ivan Seixas, da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e do Direitos Humanos da ABI, e Moacyr Oliveira Filho, diretor de jornalismo da ABI. Ambos são ex-presos políticos e conviveram com Edgar, durante sua passagem pelas celas do DOI-CODI, em 1972.

Ex-cabo do Corpo de Fuzileiros Navais, Edgar Aquino Duarte era militar da Marinha na ocasião do golpe militar. Exilou-se no México em 1964, após a Revolta dos Marinheiros, e depois seguiu para Cuba. Ao voltar para o Brasil em 1968, passou a viver de forma clandestina e a trabalhar em uma corretora de valores mobiliários.

Antes de ser detido, Edgar se encontrou com o Cabo Anselmo, com quem atuou na Revolta dos Marinheiros, para acolhê-lo em seu apartamento. Anselmo morou oito meses com Edgar, até sua prisão – e é a partir desse caso que se confirma a atuação de Anselmo como agente infiltrado.

Edgar foi preso no centro de São Paulo em 03 de junho de 1971 por agentes do DOPS/SP em operação conjunta com o DOI-CODI/SP. Na sua ficha no DOI-CODI, no entanto, a prisão foi registrada como tendo ocorrido no dia 13 de junho.

Edgar esteve preso por mais de dois anos, incomunicável para a família ou o advogado, tendo sido continuamente torturado. Antes de desaparecer em junho de 1973, ele era liberado para tomar banho de sol com mais frequência.

A primeira denúncia pública do desaparecimento de Edgar de Aquino Duarte foi feita em 1975 no documento conhecido como “Bagulhão”, ou “Carta à OAB”, que aponta o nome de 233 torturadores.

Seu caso foi reconhecido pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos a partir da lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95 no processo 029/96 em 04/12/1995.

Edgar de Aquino Duarte é considerado desaparecido político porque seus restos mortais não foram entregues aos seus familiares, não permitindo o seu sepultamento até os dias de hoje.

Leia Também

MPF questiona doação de material sobre memória da ditadura militar

Os horrores da Ditadura Militar do ponto de vista das mulheres que lutaram por democracia. Assista

Caminhada do Silêncio lembra vítimas da ditadura militar e do Estado brasileiro

Governo Bolsonaro age para recontar história da ditadura militar

Justiça para os crimes da ditadura militar no Brasil: antes tarde do que nunca, por Nadejda Marques e Manoel S. Moraes de Almeida

Não é o governo que nos pauta, mas, sim, a nossa história, por Francisco Celso Calmon

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador