Xadrez do novo centro do poder, o Supremo Tribunal Federal, por Luis Nassif

O STF emergirá do dilúvio como a barca de Noé, a instituição que, finalmente, assumiu suas responsabilidades constitucionais e foi central para garantir a democracia.

Peça 1 – os vácuos de poder

O bolsonarismo se beneficia dos vácuos de poder. Após o impeachment, ocorreram quatro movimentos simultâneos:

  1. A ressaca das instituições, quando sai de cena o grande álibi sancionador de todos os abusos, o antipetismo.
  2. A bandeira única da anticorrupção, ainda uma onda hegemônica alimentada pelos ecos da Lava Jato e pelo aval dado por Sérgio Moro, com sua entrada no governo.
  3. O aval do Poder Militar, em cima das atitudes irresponsáveis do ex-Comandante do Exército, general Villas Boas, adotando a candidatura de Jair Bolsonaro e tornando as FFAAs eternamente responsáveis pelas consequências.
  4. O compromisso com o desmonte social, que bate com o profundo preconceito contra minorias e movimentos que marca o anti-pensamento de Bolsonaro, garantindo o apoio do mercado.

Bolsonaro ganhou espaço para matar a lógica, a moral, a ética pública. Ocupou os espaços acompanhado de sua troupe, influenciadores digitais e empresários de ultradireita, o que de pior o Brasil já produziu, tendo na retaguarda a ameaça militar simbolicamente representada pelos militares que levou para o governo.

Representava o anti-sistema e, antes de ganhar um rosto definido, cada setor imaginava-o de uma maneira idealizada, como se fosse possível erradicar do seu caráter o apoio à tortura, à morte, as ligações com milícias.

Ao mesmo tempo, a onda de ultra direita promoveu uma mudança radical na composição do Congresso, com a chegada de vários deputados ligados à guerrilha digital bolsonarista.

TInha-se, ali, a receita para o endurecimento do regime.

E os Bolsonaros deitaram e rolaram em cima desse pacto tácito, estimulando a violência digital, facilitando a importação de armas, flexibilizando a fiscalização do contrabando, atacando adversários, com empresários financiando as milícias digitais, preparando-se para o embate direto com as instituições.

Peça 2 – os fatores de desgaste

Os absurdos cometidos pelos Ministros fundamentalistas, os arroubos retóricos de Bolsonaro, os indícios de envolvimento com o crime organizado, passaram a desgastar progressivamente Bolsonaro.

Houve alguns episódios centrais que aceleraram o isolamento dos Bolsonaro:

  1. A demissão de Sérgio Moro. Antes dele, o esvaziamento da Lava Jato, Nas milícias digitais, o discurso anticorrupção da Lava Jato foi inteiramente substituído pelas pirações retóricas de Carlos e Eduardo Bolsonaro e dos Youtubers de direita, aumentando gradativamente os ataques às instituições.
  2. O fracasso do combate ao Covid, no plano político, social e econômico.
  3. Os absurdos reiterados da área fundamentalista do governo.
  4. Os julgamentos internacionais sobre o país, gradativamente transformado em pária da ordem internacional. As impropriedades na área internacional, especialmente os ataques gratuitos à China.
  5. O vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, acabando de vez com a narrativa de que os militares bolsonaristas poderiam manter Bolsonaro sob controle.
  6. A demissão de dois Ministros da Saúde que não aceitaram compactuar com as loucuras de Bolsonaro.

Peça 3 – ocupando os vácuos de poder

Para se organizar institucionalmente, as corporações – militares, jurídicas – necessitam de um polo agregador, um centro de poder em torno do qual os demais se organizem.

Progressiva e rapidamente, Bolsonaro se mostrou incapaz de ser esse poder central. Pelo contrário, tornou-se fonte permanente de confusão, de desordem, tanto diretamente quanto através de suas milícias.

Com o Covid-19, seu governo registrou o tríplice fracasso, nas frentes de saúde, econômica e social.

Mesmo assim, havia um problema no ar: os vácuos de poder. Para anular qualquer veleidade do Poder Militar, havia a necessidade do surgimento de um novo centro atuando como poder moderador.

A Câmara Federal, através de Rodrigo Maia, iniciou a primeira reação contra as loucuras de Bolsonaro, mas dentro dos limites do legislativo.

No STF (Supremo Tribunal Federal), ainda havia os ecos do Twitter de Villas Boas, em plena campanha eleitoral, colocando os 11 magistrados para correr. E os ataques que sofria especialmente das milícias digitais que gravitavam em torno da Lava Jato do Paraná, e mesmo ataques pessoais dos próprios procuradores paranaenses, poderosos ante o apoio que obtinham na mídia e nas milícias digitais.

Esse mundo começou a ruir com a ida de Sérgio Moro para o Ministério da Justiça de Bolsonaro, expondo a hipocrisia do justificialismo de negócios. E, depois, pela imprudência da montagem da fundação de R$ 2,5 bilhões para promover a bandeira do punitivismo político.

A trinca no cristal da Lava Jato abriu a brecha para a primeira reação do STF, a abertura do inquérito das fake news pelo presidente Dias Tofolli, com a relatoria entregue ao Ministro Alexandre de Moraes.

Ali começou a mudança de jogo, acelerada pela Vazajato, o vazamento das conversas privadas dos curitibanos, expondo de maneira exemplar a hipocrisia dos “iluministas” e dos “ homens de bem”.

Antes disso, havia duas milícias digitais agindo de forma simbiótica, a lavajatista e a bolsonarista. A Lava Jato forneceu as bases para as milícias bolsonaristas, não apenas o discurso anti-sistema, como seus seguidores, as palavras de ordem, os limites para o afrontamento das instituições.

Com sua saída de cena, o bolsonarismo perde o discurso legitimador. O moralismo seletivo anti-PT é substituído pela guerra ao marxismo cultural e outras pirações restritas à ultra-direita.

A necessidade de manter diariamente a chama acesa faz com que sejam liberados os Ministros fundamentalistas para toda sorte de extravagâncias medievais. E a cara do governo Bolsonaro fica cada vez mais as figuras caricatas dos Ministros da Educação, das Relações Exteriores, da Mulher.

Não havia limites, também, para o modelo da militância. Esse tipo de discurso de catarse desperta uma demanda do público mais que proporcional ao atendimento das expectativas pelos atores políticos.

Figura menor, Bolsonaro não tinha coragem de moderar a escalada radical da sua tropa, com receio de perder apoio da base de apoio que lhe restou. E, de exagero em exagero, chegaram aos ataques virulentos contra as instituições, especialmente o Supremo Tribunal Federal e seus ministros.

Como as duas redes – lavajatistas e bolsonaristas – eram simbióticas, não houve a menor dificuldade para Alexandre de Moraes direcionar o inquérito das fake news para o Gabinete do Ódio e similares. As redes eram as mesmas, provavelmente os financiadores eram os mesmos, mudava apenas a fonte original de mensagens. Saia a Lava Jato, seus vazamentos e conclamações políticas, e o discurso passava a ser suprido pelas pirações dos olavistas, com sua irracionalidade atlântica, afastando cada vez mais o bolsonarismo da lógica das instituições normais, Forças Armadas e Judiciário.

Isolando-se cada vez mais, Bolsonaro passou a reagir pavlovianamente. Toda semana, um discurso radical, uma conclamação irresponsável, seguidos de um recuo inconvincente. E, periodicamente, ele e seus generais insinuando a possibilidade do Poder Militar entrar em cena.

Até que o STF pagou para ver.

Peça 4 – o papel de Alexandre Moraes e do STF

Alexandre de Moraes teve papel central em desmascarar o blefe bolsonarista, através de uma serie de medidas corajosas, nem sempre constitucionais:

  1. A suspensão da nomeação do novos superintendente da Polícia Federal por Bolsonaro.
  2. Busca e apreensão em casas de Youtubers bolsonaristas.
  3. Denúncia contra o Ministro da Educação Abraham Weintraub, sujeitando-se à represália física das milícias.
  4. Reconhecimento do poder de estados e municípios de definirem o isolamento.
  5. Revogação de diversos atos de governo

Com essas medidas, expos o rei nu, o tigre banguela, consolidando o novo centro de poder moderador, o Supremo.

Imediatamente, clareou o jogo político, especialmente o papel dos militares no governo.

À medida em que a pressão aumentava, um a um os generais de Bolsonaro colocaram as mangas de fora e as cartas na mesa. O vice-presidente Hamilton Mourão esqueceu o script de democrata civilizado e saiu chutando o pau da barraca. Ministro-Chefe da Secretaria de Governo, o General Luiz Eduardo Ramos vestiu a farda de companheiro de quartel de Bolsonaro, e saiu disparando ameaças vãs. O general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, passou a se comportar como um tuiteiro bolsonarista convencional. O Ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva, mostrou que era Ministro de Bolsonaro, não das Forças Armadas.

Agora, o governo Bolsonaro afunda representando o maior desastre de imagem da história das Forças Armadas.

O fracasso da luta contra o Covid-19 destruiu a tentativa de convencer que quadros militares seriam melhores que quadros civis em funções eminentemente civis.

Peça 5 – os próximos capítulos

Esta semana, o Ministro Gilmar Mendes visitou o Alto Comando Militar. Coincidência ou não, após o encontro deu declarações se dizendo a favor da reconciliação nacional, da normalidade política, da esperança de que caia a ficha de Bolsonaro. Em outra oportunidade, declarou que o julgamento do TSE será eminentemente técnico – isto é, não se baseará em critérios políticos como, por exemplo, uma eventual preocupação com a normalidade democrática.

Mero recurso retórico, preparando os espíritos em geral para o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral, que deverá decidir o futuro da chapa Bolsonaro-Mourão.

Já há consenso no STF, na mídia, no mundo civilizado, que Bolsonaro é uma ameaça irreversível, incompatível com qualquer normalidade democrática. E há indícios de sobra de que o inquérito das fake news baterá nos financiadores da candidatura Bolsonaro, abrindo caminho para a cassação da chapa.

Daí a necessidade de despolitizar as decisões, sabendo haver provas em abundância para convalidar tecnicamente a cassação da chapa.

Em breve, o país se debruçará sobre os temas pós-Bolsonaro, a maneira como será reconstruída a institucionalidade. E, especialmente, como se comportará o novo STF.

O STF emergirá do dilúvio como a barca de Noé, a instituição que, finalmente, assumiu suas responsabilidades constitucionais e foi central para garantir a democracia. Mas tem um histórico preocupante de seletividade política, de protagonismo oportunista, de exacerbação do personalismo, especialmente se mantiver os poderes acumulados nessa guerra mundial contra Bolsonaro.

A grande reconstrução institucional se dará se houve o pacto geral, impedindo manobras oportunistas, um grande acordo, como o que garantiu a transição no governo Itamar, um interregno nas disputas políticas, na destruição das políticas sociais, trazendo todos os jogadores para discutir as saídas econômicas, políticas e sociais do país.

34 Comentários

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  1. Desculpe Nassif, O stf só será o STF para mim o dia em que:
    Julgar o recurso do Lula contra o moro em sessão presencial e inocentá-lo de todas as acusações absurdas dos lava jato;
    Condenar pubilcamente o moro pelos absurdos que fez contra o Lula e Dilma;
    Julgar o mérito do golpe em sessão presencial e inocentar a Dilma de todas a injustiças que sofreu;
    Pedir desculpas pelas omissões e ações que levaram a colocar no presidência este psicótico que agora querem se livrar.
    Só isso pra mim tá bom.

    1. O desespero das Elites do Estado Ditatorial Caudilhista Absolutista Assassino Esquerdopata Fascista é fenomenal !!!!! Estão dando palanque a Collor. Alexandre de Moraes. Michel Temer. Dória. Barbalho,….Realmente, ‘o Afogado se agarra à palha’. Pobre país rico. 43 milhões de Reais para 10 Partidos sem Votos. Fundão Eleitoral. Obrigado Dilma. Obrigado PT. Falta dinheiro para que? Falta dinheiro para quem? Mas de muito fácil explicação. BEZERRA

        1. Alguém imforme ao carluxo que se hoje o picareta do guedes tem dinheiro pra segurar o câmbio é porque as gestões incompetentíssimas do Lula e da Dilma deixou 370 bilhoes de dólares de reserva para que ele possa segurar o câmbio cada vez que o bolsonero fala ou faz merda por seguir as picaretagens dos seus três filhos fascistas.

    1. Prezado juruna

      Vai ser sim. Bozo é um camundongo (nem é um rato). Já estão todos os valentes bozonaristas (esses deputados lamentáveis, ministros ridículos, youtubers que mordem grana grana pública) piando e chorando 9a deputada vidente não está se borrando se medo? Seus vídeos têm lágrimas que vão encher o Rio Piracicaba.
      Este governo acabou, não foi nem um peido; foi um traque

    2. O Moraes, quem diria, hein?
      E pensar que ele foi colocado lá pelo TEMER(!!!), enquanto os ministros “petistas” são um mais covarde que o outro.

  2. É vergonhoso notar que se o STF dependesse de algum indicado do período petista pra ir pra cima como o STF está indo, com Moraes (o que um nude não faz, né Michel Temer?) e Celso de Mello ( indicação de Sarney), o STF já teria virado um puxadinho do executivo com as bênçãos de Totófolli. A única exceção é Lewandoviski, mas ele tem perfil de jogador de xadrez numa hora que se pede saber lutar MMA. Se há alguma coisa que FHC podia ensinar ao Lula é essa = escolher de forma decente um ministro do TSE, alguém que no primeiro bafo de opinião pública não só abandone quem o indicou como se torne seu carrasco.Dos que estão no STF, Lula indicou Carmen Lúcia e Tófolli e Lewandoviski = os três juntos não chegam aos pés tanto em combativididade ( o principal ponto fraco de Lewandoviski, já que este foi o único que não traiu quem o indicou ) e em lealdade ( fez de tudo pros tucanos chegarem ao poder a partir do impeachment e perseguição a Lula – mas o psdb se mostrou aquele estudante que o pai compra o gabarito do vestibular mas o menino faz a façanha de colocar o nome errado na prova e não passa rs )

  3. Ainda vige o ultimato de boçalnaro: isso num República dita democrática, de que acabou o jogo do stf. Adicion-se a isso o que foi escrito por Jânio de Freitas, de que o presidente do stf, logo o porta-voz da corte, é um covarde e mentiroso, o que torna esse exercício de otimismo de Nassif um tiro no escuro.

  4. “O STF emergirá do dilúvio como a barca de Noé” : menos, Nassif. O STF não atua como guardião inflexível da constituição e dos direitos individuais. Ele legisla prioritariamente em causa própria e está se defendendo de uma ameaça. Ameaça esta que chegou ao ponto que chegou por vários atos omissos deles mesmos, eles chocaram o ovo da serpente em conjunto com outros, né? Bozo existe por conta de toda uma historinha lá atrás, por conta ativa do consórcio mídia/lava-jato e com a conivência do STF. Tanto que Bozo espertamente puxou para si Moro, para ter o controle desse “poder de justiciamento” sem regras, manipulativo e com um “capital corporativo” junto ao STF. Já a mídia, Bozo dividiu SBT/Edir Macedo da Globo e garantiu sua rede de de mídias sociais para se impor. Foi mais esperto que o PT, neste ponto. Tanto que está bem mais difícil da Globo tira-lo agora, não está sendo um passeio como foi com Collor e Dilma.
    Não vou fazer aqui uma crítica destrutiva ao STF, é claro que é melhor com eles do que sem eles. Mas eu sei que, dependendo até onde vá esta queda de braço, o STF que ressurgir deste embate pode se tornar até mais perigoso, com esta aura de poder salvador da pátria. Se antes já sentavam em cima de processos, desengavetavam quando era conveniente e se politizavam vexativamente (se esqueceram das entrevistas de Gilmar?)…. Seria muito bom que os membros do STF sentissem algum medo real, ao ponto de serem obrigados a refletir e estabelecer uma relação de causa e efeito sobre tudo que estamos colhendo agora. O medo instrui e faz a soberba cair por terra. Um aprendizado é necessário para que tudo o que estamos passando não seja em vão.

    1. Ora, foi uma defesa corporativa, e esperar que eles se tornem uma luz para o povo é uma vã esperança…………….acabaram de afirmar que a terceirização da atividade-fim é constitucional, com o argumento que o capital e trabalho estão em pé de igualdade…….é a precarização do trabalho em seu estado máximo, inclusive no serviço publico……..quem sabe um dia teremos ministros terceirizados, não?

      1. Minha avó já dizia: o dono do defunto carrega o caixão. E o dono do defunto é o povo, não é o STF, o senado, os partidos e nem toda a parafernália institucional que em tese manteria as regras constitucionais e a democracia funcionando.
        Não existe saída, líder bonzinho, câmara funcionando para o país, sem um povo instruído e organizado. E que por instrução entenda-se senso crítico, noção de cidadania e conhecimento das regras do jogo político. Ou a organização e representatividade do povo muda, ou sempre estaremos sujeitos a isto que está aí. Salvador da pátria? Nem de direita e nem de esquerda.

  5. STF,frente ampla e outros similares são a grande discussão da direita que se pretende civilizada. A mesma direita que foi civilizada o suficiente para golpear uma presidenta eleita legitimamente.A mesma direita civilizada que soltou rojões quando o presidente Lula foi condenado e preso injustamente e,com isso,achavam que a eleição estava no papo. A mesma direita civilizada que votou nesse sujeito no segundo turno.A mesma direita civilizada que foi para Paris e não quis apoiar o candidato que se opunha a essa figura.
    Por que agora seria diferente? Tiveram oportunidade de evitar que o barco afundasse e agora querem a ajuda daqueles que foram jogados para fora do barco para tirar o barco do fundo do mar ?
    Não,obrigado!

  6. O STF é um dos criadores do Bolsonaro, nada mais justo que tenha a obrigação de detê-lo.
    Mas depois disso, e se um dia voltarmos à normalidade democrática, chegará a vez do STF e do Judiciário, de forma ampla. Não serão varridos, mas colocados em seu devido lugar, e pagando uma conta financeira bem grande, perdendo salários e vantagens.

  7. Poxa, belo resumo do ultimo SÉCULO …O QUE ? Isso tudo aconteceu em 5 anos no BRASIL ?! ..PQP !!!
    Só uma questão : e como fica a suspeição de MORO frente a LULA e, por isso, como ficará a condição política do LÍDER petista ? ..já que Celso de Melo, já já sai de cena ?
    Hummm ..aposto que o tal “novo centro de Poder” ainda mija nas calças só de pensar como tratar essa tema que ELES MESMOS permitiram que acontecesse, né ? O tal julgamento político baseado, NÃO em provas, mas em convicções..

  8. sempre tem o “mas” perfeitamente sintetizado nas conclusões do Nassif: “Mas tem um histórico preocupante de seletividade política, de protagonismo oportunista, de exacerbação do personalismo, especialmente se mantiver os poderes acumulados nessa guerra mundial”.
    O “mas” é lei constitucional destes togados e tem um único articulo enunciado por Tommasi di Lampedusa: Cambiare per non cambiare.!

  9. A covardia e a preguiça costumam dar suporte para a hipocrisia. Esta tem sido constante, como resultado corriqueiro das duas primeiras. Estão arraigadas e com o passar do tempo trazem mais relaxamento aos sujeitos. Como as instituições são formadas pelo coletivo dos sujeitos, destes senhores covardes e preguiçosos não é saudável esperar mudanças profundas. Pactos, reconciliações e frentes de preguiçosos e covardes, a única rede que pode criar é a de balanço.

  10. O STF não está agindo pela democracia. Se estivesse, não faria as barbaridades que ajudaram a chegar onde chegamos. O que pega é que a instituição sente que há um presidente que quer enquadrá-los – e não hesitaria em fazer isso na marra. Por isso o contra-ataque – e tendo como cabeça o ministro que mais sabe como funciona o crime organizado ( foi advogado de uma cooperativa de perueiros de São Paulo acusada de ligação com o PCC ). Que ponto chegamos = um embate velado entre PCC e Milicias do RJ.

  11. Outros fatos a serem considerados:
    1 – o Gilmar Mendes se manifestou contra o impeachment um dia depois do Psdb se posicionar contra o impeachment. E o Psdb trabalha para a oligarquia brasileira
    2 – as instituições brasileiras sempre trabalharam para a oligarquia do pais e o exemplo recente mais gritante foi a cumplicidade do STF com a Lava Jato para a prisão ilegal do Lula. E de outro lado tem como regra constitucional proteger ladrões confessos do Psdb cujos expoentes mais brilhantes são o José Serra e o Aécio Neves.
    3 – outro empregado da oligarquia é o Rodrigo Maia que preside um dos poderes do Legislativo que acabou com a aposentaria, os direitos trabalhistas e por onde não passa pedido de impeachment
    Isso posto e como “jabuti não sobe em árvore” duvido muito que o STF finalmente tenha encontrado sua vocação democrática e constitucional como poder da República. Estão mais obedecendo ordens da oligarquia brasileira para quem se ajoelham e trabalham. E essa oligarquia quer domar Bolsonaro para o mais rápido possível pilhar o país no roubo de suas riquezas naturais e na aquisição de empresas públicas lucrativas como a Eletrobrás, por exemplo, ou nacos dos Correios, do Banco do Brasil, do Bndes, Caixa Econômica etc.
    O resto é ilusão de nós que achamos que vivemos num país que tem as instituições democráticas que compõe uma República.
    PS. A afirmação de que as instituições da “república brasileira” sempre trabalharam e representaram a oligarquia do país não é pessoal. Eu copiei do Vladimir Safatle. Aceitei o argumento porque a prova é o país bárbaro, atrasado e desigual que permanece desde sua “descoberta”.

    1. concordo. e o que não se aborda, nem nos ditos sítios progressistas, muito menos e compreensível, nos sítios de ultradireita (capitaneadas pelas organizações globo e, p. e., dizer que senior abravanel não é de extrema direita é uma piada):

      Art. 21. Compete à União: X – manter o serviço postal e o correio aéreo nacional

      Art. 177. Constituem monopólio da União:

      I – a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; (Vide Emenda Constitucional nº 9, de 1995)

      II – a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

      III – a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores;

      IV – o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;

  12. Caro Nassif, existe um página da história politica recente do brasil que precisa ser reescrita, sem ela a nódoa
    vai permanecer: As condenações de Luiz Inácio Lula da Silva precisam ser revistas. O País pede isto, o mundo de igual forma. O STF precisa fazer o Brasil se reencontrar com sua vocação democrática. Numa democracia plena, os fins jamais podem justificar os meios.

  13. O STF conduziu o golpe na sua esfera de poder. A constituição federal foi transformada num farrapo. Estamos sob uma ditadura de fato, o mesmo acontece na Bolívia e em tantos outros países da América. A quem serve a ilusão de que ainda existe um regime democrático ? Até mesmo os partidos de esquerda participam dessa farsa. Tanto faz Bolsonaro, Mourão, Maia, o processo de destruição nacional prosseguirá.

  14. Não consigo ser esperançoso com uma corte formada por Celso de Mello, Kojak, Toffoli e o inacreditável Gilmar Mendes. è muita nota de repúdio e pouco “teje preso”. O fato de Mendes estar propondo pacificação com Bolsonaro depois de tudo que ele fez já é péssimo sinal. E, mesmo que cheguem ao ponto de derrubá-lo, o fato é que foram esses juizes que derrubaram o PT e colocaram Bolsonaro lá, e se tirarem Bolsonaro, será para botarem alguém que realize seus interesses mesquinhos (isto é, alguém para atacar o País, o Povo e o Estado Brasileiro). Não consigo ter esperança com estes protagonistas e seus interesses.

  15. Não é só necessária a mudança de governo como principalmente do modelo econõmico neonliberal e político cujo estado de exceção e autoritarismo inerente ao esquema capitalista macula e amplia o processo de fascistização da sociedade inclusive com a participação dessas grandes empresas da rede social – vide ooogle e fascibuques da vida e o escambau que permitem e lucram com as famigeradas fake news de infames mamadeiras de pirocas e congêneres que só as tiazonas cafonas e ignorantes de taubaté e redondezas acreditam em sua ingenuidade de sublletradas.

    Falta uma vaza jato para esse setor da rede social.

    Todo mundo tá careca de saber que aqueles sempresários norte-americanios – çls hermanos koch além dos incaraturizáveis nacionais e o escambau patrocinaram esses sucessivos golpes contra lula, dilma e o brazil desde 2013.
    Os próprios CEOs dessas empresa vivem repetindo as teorias skinneanas de que liberdade, dignidade e democracia só estorvam o chamado capitalismo de vigilância.
    A professora Shoshana Zukof escreveu o genial capitalismo de vigilância, onde explica o processo de empoderamento e enriquecimento dessas grandes empresas, que se transformaram num poder superior aos dos próprios estados.
    Os quais deveriam criar regras e leis para o setor mas foram engolidos por portentosos lobbies desse super-poder tecnológico, praticamernte insuperável, se não houver uma profunda redemocratização e regulamentação para preservar a privacidade das pessoas, que acabam admitindo sem opção o uso de seus dados pessoais para a coleta de informações que resultam em criação de técnicas comportamentais behavioristas qgeradoras de fenomenais lucros para esses grupos, sem qualquer retorno para as pessoas
    – quem paga as informações e os dados pessoais desses milhões ou biljhõs de pessoas que vivem e curtem e clicam o dia inteiro na internet?
    – quem paga os dados engolidos por esse sistema que, quando quer, bloqueia e extingue e manipula os dados que têm sobre todos e tudo?
    – e quando o cara vive nas nuvens e elas de repente somem?

  16. “O STF emergirá do dilúvio como a barca de Noé, a instituição que, finalmente, assumiu suas responsabilidades constitucionais e foi central para garantir a democracia.”

    tchan tchan tchan!!!!

  17. Análise brilhante da realidade nacional.

    Fato jocoso foi o comportamento do STF em prescindindo da iniciativa do MPF (órgão inútil atualmente) instaurar o inquérito das fake news com grande grita dos ‘democratas’ de ocasião.

    Moro fez todo o tempo isso contra Lula e foi guindado a posição de herói nacional.

    Até o tradicional cinismo brasileiro deveria ter um limite.

  18. Daí a necessidade de despolitizar as decisões, sabendo haver provas em abundância para convalidar tecnicamente a cassação da chapa.

    Vou raspar meu capital aplicado no Brasil e vou aplicar em Dubai. Bye, bye, Brazil

    O último a sair, acenda a luz

  19. Belo texto, Nassif. Não esqueço que seu Xadrez foi o primeiro a apontar que Janot estava totalmente atrelado aos lavajatistas do Parana. Foi também um dos primeiros a apontar que o Bozo não chega até 2022. Aguardemos.

  20. Legal apoiar o STF agindo.
    Mas não passo panos para este inquérito ferindo várias áreas ou leis, mesmo que seja contra o atual governo.
    Tem coisas do passado de atitudes do STF que nunca foram para frente. Por que?
    Seletividade não deve ser sinônimo da justiça. A pouco tinham vários grupos que faziam o que queriam no País. É nada foi feito. Inclusive no governo Temer. Até o parlamento fez coisas que não devemos concordar.
    Se estivesse no lugar de algumas pessoas com direitos desrespeitados não ia gostar.
    E outra coisa, agora toda imprensa reclama das redes sócias, é brincadeira. Por que a pouco tempo não tinha reclamações. Estranho ! Será por que perderam audiência.
    Votei demais em Lula. E me decepcionei.
    Agora acho que tudo e todos, são meros gostos políticos.

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