Zelensky rejeita paz com a Rússia e trata Brasil com sarcasmo em entrevista

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Zelensky negou que tenha faltado "vontade e tempo" para se encontrar com Lula em Hiroshima, na cúpula do G7

Zelensky demonstra desde a campanha presidencial inclinação para um líder que abusa da performance. SERGEI SUPINSKY/AFP/Getty Images
Zelensky demonstra desde a campanha presidencial inclinação para um líder que abusa da performance. SERGEI SUPINSKY/AFP/Getty Images

Durante entrevista a veículos de imprensa da América Latina, o presidente da Ucrânia Volodimir Zelensky desmentiu o Itamaraty ao declarar que “faltou vontade e tempo” ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para se reunir com ele em Hiroshima, na cúpula do G7.  

O jornal Folha de S. Paulo estava presente na entrevista, que ocorreu em Kiev, com a jornalista Patrícia Campos Mello. 

A diplomacia brasileira havia dado uma outra versão, a de que Zelensky não compareceu na hora marcada. A fala do presidente ucraniano revela os desencontros do país com as intenções do Brasil de ser uma nação mediadora da paz no Leste Europeu. 

Nesta quarta-feira (30) durante o encerramento do encontro de presidentes da América Latina, no Itamaraty, em Brasília, Lula ressaltou que as negociações de paz estão inviabilizadas porque os dois lados, Ucrânia e Rússia, entendem que podem vencer a guerra e estão procrastinando um cessar fogo. 

Na entrevista aos jornalistas latinoamericanos, Zelensky reforça a impressão levada ao público por Lula:

“Precisamos conversar. É importante conversar com o maior número possível de países para que eles apoiem a Ucrânia ou não apoiem a Rússia”. 

E completou:

“A Rússia não tem direito de negociar até desocupar os territórios. Veja, não é até que a Ucrânia os desocupe militarmente, é até que a Rússia vá embora. Se querem falar comigo e com o mundo civilizado, não devem esperar até que queiram se retirar à força”. 

Sem acordo

Ao mesmo tempo, Zelensky diz que a Rússia não quer um acordo diplomático. Sobre as intenções do Brasil, o ucraniano adotou um tom sarcástico. 

“O presidente Lula quer ser original (…) Então, se ele quer ser original, pode dizer: “o tribunal que a Ucrânia propõe não é adequado, mas eu sei como colocar os assassinos (do Kremlin) atrás das grades de uma maneira mais rápida, sem tribunal”, declarou.   

O assessor especial da Presidência da República Celso Amorim se reuniu com Zelensky e o presidente russo, Vladimir Putin. Após o encontro, Putin enviou a Brasília o chanceler Sergei Lavrov, que se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. 

Ao lado de países como China, Turquia e Índia, somados ao Vaticano e à espera dos Estados Unidos e União Europeia, o Brasil propôs um Clube da Paz numa tentativa de encerrar o conflito. Se depender de Zelensky, a guerra continua.   

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

6 Comentários

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  1. A Ucrânia está ocupada, negociar o quê ?

    Entregar seus territórios ? Ser anexada à Rússia ?

    Qual seria o próximo passo de Putin ?

  2. Num grupo de whatsapp do qual participo, um dos demais participantes disse que os Estados Unidos vão transformar a Ucrânia em uma potência capitalista com alto nível de desenvolvimento econômico e tecnológico, igual fizeram com a Alemanha Ocidental, a Coréia do Sul, etc. Para dar exemplo. eu repliquei nos seguintes termos:
    “Não. Os investimentos através do Plano Marsal e na coréia do Sul e Japão foram feitos pelos EUA a fim de evitar o avanço do socialismo. Não existe mais socialismo. A Ucrãnia não vai se tornar nem mesmo uma potência militar: ela vai continuar ocupada pela Otan, a fim de desovar seus estoques de armas e munição e infernizar a vida dos Russos, até que o Krlemlin reduza a pó uma ou algumas megalópoles ocidentais com seus mísseis kinzhais. E aí vai ficar difícil neutralizar os kinzhais, porque a Otan pode se concentrar na Ucrânia e assim neutralizar alguns mísseis russos, mas ela não pode se concentrar em toda a Europa e América do Norte. O único investimento que os EUA vão fazer na Ucrânia são os investimentos para promover a carnificina de russos – (Um $enador americano disse há poucos dias: “Russos estão morrendo, é o melhor dinheiro que gastamos”) – enquanto vendem armas e munições, e vão investir na reconstrução do país. Por isso o Zelensky, aliado dos EUA e da Otan, não quer paz. A guerra traz aflição e miséria prá muitos, mas traz muita riqueza para um punhado de warmongers.

    1. Pois é. Se os EUA não conseguem resolver nem seus problemas econômicos internos, vai resolver de um regime absolutamente corrupto como o ucraniano? Essa guerra nada mais é do que dinheiro no bolso nos falcões de sempre

    2. A Rússia não vai fazer nenhum acordo de paz. Porque isso seria uma rendição (derrota da Rússia) ela não vai pro tudo ou dada e vai querer voltar sem nada.

      Diferente do que foi dito pelo estagiário tendencioso de que se depender de Zelenski a guerra continua.

  3. O Brasil quer ajudar a se obter a paz através de um cessar fogo, se a Ucrânia, ou seu “presidente”, não quer, problema deles, mas as bombas nunca caem nos mandatários e sim na população. A Russia tem mais poder de fogo e a OTAN quer apenas usar outras vidas para continuar a sua, são como vampiros.

  4. Nao se pode levar a sério um governante que aceita o papel de gaRoto provocador a serviço da OTAR (ORGANIZAÇÃO DO TRATADEO ANTI RUSSIA) e particularmente dos EUA acreditando que os Russo0s iriam aceitar passivamente a Ucrânia entrar para a OTAR e permitir a instalação de mísseis na sua fronteira mais vulnerável. Seria igenuidade de Zerenski ou ele não passa de um gerente de batalhas da OTAR que não avaliou adequadamente que estava entregando o povo ucraniano em holocausto aos senhores da guerra? dO PONTO DE VISTA DO DIREITO INTERNACIONAL, A RUSSIA NÃO PODERIA INVADIR A UCRÂNIA, mas se em vez da Russis fossem os americanos em seu lugar, a invasão já teria acontecido quando a OTAR começou a incorporar ex repúblicas que faziam parte do antigo Pacto de Varsóvia. Um pequeno país não pode provocar uma grande potencia, acreditando que poderá ser protegio por outras potências que querem apenas provocar conflitos para vendar mais armas, pouco se importando com as desgraças do povo invadido.

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