Por que o brasileiro não vê a Mídia como ator político?, por Francy Lisboa

Por que o brasileiro não vê a Mídia como ator político?

por Francy Lisboa

O fim do principal entrave para o país não é necessariamente o fim das Organizações Globo, mas o contexto na qual ela se alimenta. Um país com pouca fome de cultura democrática, e acostumado a fazer piada com tudo como se isso fosse um traço de genialidade dado por Deus, estará sempre fadado a seguir orientações de qualquer que seja a mídia de massa dominante.

Um traço particular não só do brasileiro, mas de muitas outras nacionalidades, é a incapacidade de enxergar a Mídia como agente politico, com seus próprios interesses, com suas próprias aspirações de se perpetuar.  A maior parte das tentativas de alerta são geralmente ridicularizadas. A palavra consipração é a maior amiga do Status Quo por que ela neutraliza questionamentos pela via da acusação de paranóia, de fanatismo esquerdista, entre outras bobagens.

Parece crescer o consenso de que a Globo é a maior inimiga do Brasil, isso é sedutor devido ao longo histórico de desserviço dessa emissora para o Brasil. Mas ela, a Globo, sabe de algo que talvez ainda não tivessemos atinado, o brasileiro em geral só consegue distinguir as partes de um embate quando elas são diametralmente opostas. Isso significa que, para que o Brasil começar a enxerga a Globo como agentes politico atuante, será preciso que nós deixemos de acreditar que só porque chove no Deserto ele não é predomeninate seco.

A metáfora das chuvas no deserto se enquandra no modus operandi da Mídia tupiniquim, e como ela faz da falta de percepção dos brasileiros seu maior trunfo para acabar com qualquer projeto inclusivo de país. Basta que depois de uma bateria de notícias negativas sobre o país ela, a Mídia, pingue algumas gotas de otimismo para que a ignorância brasileira passe a acreditar na sua imparcialidade, que ela bate nos dois lados. Assim como basta que a Mídia noticie algo negativo sobre Aécio, Temer, Dória, ou qualquer um que não lembre vermelho, para que os fanáticos encontrem suporte para combater a narrative progressista de que a Mídia manipulou o povo para dar o Golpe, ou mesmo que a Lava-Jato não persegue o Lula. Ou seja, basta uma chuva, uma breve garoa, para que a condição dominante de parcialidade seja transformada em imparcialidade no cérebro brasileiro médio.

Esse tipo de estratégia, chuvas no deserto, para disfarçar uma posição dominante, é também usada no braço de humor da Veja, o Sensacionalista. A ideia de “bater em todos” e as piadas que garante o obscurantismo são parte do jogo de esconder um viés. É o acumulado que interessa, é a posição dominate que interessa, mas para milhares de brasileiros, bastou fazer piadas com todos os lados para voltarmos a estaca zero da aparente imparcialidade. Isso é desolador.

Não há o que fazer quando as pessoas são incapazes de detectar vieses. A globo pode sumir do mapa que rapidamente aparecerá um grupo tão ou mais esparto sabendo explorar essa deficiência nata de perceber a Mídia como agente politico.  Até o momento, a operação chuvas no deserto vem garantindo que a corda da Globo não arrebente totalmente. Por exemplo, os patos amarelos que foram as ruas com a FIESP e a FIRJAN, a mando da GloboNews,  são resultado dessa operação. Desse modo, entendo e compartilho da preocupação de todos com o mal que a Globo faz à Democracia, mas a Globo é apenas o instrumentalizador e não a origem do problema.

 

Redação

7 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Mídia como ator político
    No artigo sobre a percepção parcial das pessoas e a tese de chuva no deserto. Só não concordo aceitar que a Globo é instrumento…pela ramificação dos negócios, associação a políticos…ela é mais que osso!

  2. Até cair a ficha…

    As pessoas deviam se perguntar, como sendo os mais humildes a grande maioria da população, a cada eleição os políticos eleitos sempre privilegiam os mais ricos?

    Se na democracia cada pessoa é um voto, como pode ter tanto politico abençoando os mais ricos?

    Primeiro: Quem banca a candidatura é o dinheiro dos mais ricos…

    Segundo e muito importante: Os mais ricos têm sua voz, palavra e imagem multiplicadas quando têm acesso a jornais, rádio e TV!

    Eles falam como multidão, podem repetir a exaustão suas gravações!

    É só pensar um pouquinho…

    É como soro caseiro é fácil, simples e salva vidas…

  3. Na GLOBONEWS o papa-hostia

    Na GLOBONEWS o papa-hostia Camorotti sentiu-se chocado porque a delatora Monica Moura estava falando com naturalidade sobre as operações de marketing politico e seu financiamento. Queria o que o coroinha? A Moura com cara de sofredora de procissão da Sexta Feira Santa? Cada pessoa se expressa da sua forma pessoal, não há dois iguais, qual o problema?

    Quer dizer que para delatar tem que estar arrasada, destruida, para deleite da midia? 

    Camarotti falou a mesma coisa no depoimento de Emilio Odebrecht, achou que ele falava com naturalidade, é crime?

    Camarotti tem cara e expressão de confessionario o tempo todo, o olhar de pixe morto compungido com a vida é o natural dele mas não é o natural de outros, só faltava essa, o delator tem que seguir o “padrão Globo” de pecador arrependido, senão a

    Globo pode embargar a delação, cuidado, atenção delatores, cara de choro e de missa para alegria do Camarotti.

  4. Valor de mercado

    Quanto valia anos atrás a Globo?

    Quanto vale hoje?

    Quanto valerá amanhã?

    Concordo com PHA de que a Globo entrou num caminho sem retorno. Ninguém, nem sequer candidato de direita, vai querer ficar a reboque dessa emissora. Muito menos o Lula se ganharmos em 2018. Aí é que a Globo não valeria nada, em valor de mercado, pois lhe seria até retirada a concessão, e pronto.

    Então, à Globo só resta esta luta frontal contra Lula e tentar passar para frente o negócio, antes das próximas eleições, e sair com o dinheiro para a Suíça (ou Miami mesmo).

  5. A máquina não pode ser sujeito político

    Muito interessante e oportuna a questão levantada.

    É óbvio que as máquinas midiáticas não podem ser identificadas como agentes políticos. São máquinas, empresas, grupos empresariais.

    Os verdadeiros agentes são os donos dessas máquinas, que organizam o Cartel da Mídia e comandam um partido político informal, clandestino e oculto, o verdadeiro partido da plutocracia.

    Os comandantes desse cartel se assemelham muito aos chefões da Máfia. Têm aversão à luz, às câmaras e refletores e, justamente por serem muito discretos e andarem nas sobras, eram praticamente desconhecidos pela grande maioria da população.

     O aumento da percepção desses sujeitos políticos ocultos nos últimos tempos se deve, em grande medida, à atuação dos jornalistas independentes e à expansão do acesso à Internet (redes sociais, blogs, etc.).  Finalmente, lançaram luzes sobre esses personagens obscuros e arredios.  No entanto, ainda falta muito trabalho para desvelar completamente a história dessas eminências pardas ao mundo.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador