A vida só não é bela e plena porque eles, os canalhas, não permitem, por Eduardo Ramos

Relendo textos antigos meus, vejo um em que homenageio grandes estadistas, entre eles Mandela, Lula, Mujica e Gandhi.

A vida só não é bela e plena porque eles, os canalhas, não permitem…

por Eduardo Ramos

No início dessa madrugada me fiz uma pergunta, num insight que sei de onde brotou (logo explico): “qual a vantagem afinal de ter uma consciência, não no sentido moral, mas no sentido de poder ter cognição com as coisas, a vida, a existência? qual a vantagem de não ser como os animais que não compreendem as coisas, nada, a não ser pelo modo instintivo de viver?”

E das várias respostas que me borbulharam na mente e no coração, sintetizo a que mais me convenceu:

A vantagem de ser humano, portanto um ser com a potencialidade da consciência de tudo concernente à vida é essa possibilidade de viver uma vida plena e bela infinitamente superior ao que pode, por exemplo, um animal que não desfruta dessa potencialidade.

E antes de explicar melhor porque essa resposta me convenceu e comoveu, gostaria de dizer que ao começar esse artigo pensei comigo mesmo: “mas porque essa pergunta nessa madrugada?”

E sorri com a resposta óbvia: porque tinha passado várias horas vendo cenas e imagens do esporte, das artes, das conquistas e belezas produzidos por gente “como eu” (suas genialidades e capacidades raras à parte…) e que me trouxeram um “nó na garganta” por diversas vezes.

Primeiro me diverti com algumas jogadas e dribles de Ronaldinho Gaúcho, que junto com Garrincha foi o maior “Chaplin” da história do futebol mundial. E ao rir, vi que meu riso era o mesmo ao ver Chaplin em cenas dos seus filmes… Como é cego aquele que não percebe que em alguns momentos o esporte é a mais pura das artes!

Segundo, um outro jogador ídolo, Leandro, em quem sempre penso como o maior lateral de todos os tempos, já que não pude ver Nilton Santos e Djalma Santos. Ver e ouvir os comentários de gênios do futebol, como Júnior, afirmando numa mesa de bar: “Leandro era o nosso ídolo!”, e ver os filmes no Youtube me trouxe lágrimas aos olhos.

Depois, relendo textos antigos meus, vejo um em que homenageio grandes estadistas, entre eles Mandela, Lula, Mujica e Gandhi. Meu Deus!, penso triste e perplexo, e pensar que produzimos seres humanos desse valor e dignidade, e hoje temos entre tantos esse trio da morte, Biden, Bolsonaro e Netanyahu, genocidas, dois deles ainda em “atividade”, apoiados por uma Europa covarde e cúmplice enquanto todos os dias algumas centenas de palestinos são assassinados de modo descarado, premeditado, insano, por lucro e poder político…

Por fim fui ouvir uma das músicas preferidas – “Tomorrow” do filme “Ali” – enquanto assistia cenas originais da luta do século. De novo me emociono, por tudo o que aquela luta representou para o adolescente de 14 anos, se contorcendo de medo à espera do massacre de Ali pelo gigante Foreman e, no sétimo assalto, o milagre, Muhammad Ali derrubando aquela montanha de músculos que parecia imbatível. Um momento de superação que se tornou uma espécie de “arquétipo universal na história do esporte”.

Foi nesse domingo pacato, a maior parte do tempo em casa lendo, ouvindo música e vendo filmetes no Youtube, que veio essa sensação gloriosa e tenebrosa ao mesmo tempo!

Esse ver o quanto podemos ser lindos, empáticos, contempladores do belo, construtores de sociedades mais justas, civilizadas, HUMANAS, e o oposto horrendo disso, indiferentes aos sofrimentos inimagináveis das pessoas miseráveis e vulneráveis, aplaudir cínicos ordinários como um Zelensky e seu narcisismo ridículo, tentar justificar – como faz parte da mídia – o que fazem Biden e Netanyahu, eleger monstros como Bolsonaro, não nos importarmos em absoluto com o genocídio DIÁRIO de mulheres, negros, favelados, índios, etc. etc. etc – somos o país provavelmente em primeiro lugar no mundo no número de homicídios desses grupos sociais – sem que instituições façam qualquer coisa além do trivial, sem que a sociedade demonstre um mínimo de preocupação ou empatia – à exceção, é claro, quando a classe média começa a ser atingida de modo mais direto por esses crimes.

Não precisava ser assim, na verdade, NÃO ERA PARA SER ASSIM! Vários países pacificaram a si mesmos, civilizaram-se, seus juízes e promotores são juízes e promotores de verdade, seus governantes têm aquela decência mínima que se espera de um governante, seus presídios vivem às moscas, a criminalidade quase zerada. Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca, todos ouvimos falar de como a vida lá parece um paraíso se comparada com a nossa.

Ora, em algum momento de suas histórias, as elites e classes médias desses países OPTARAM por essa pacificação, de não se dar mais salários miseráveis aos trabalhadores, de se ter Educação e saúde de qualidade, das leis serem respeitadas, das instituições AGIREM DE MODO SÉRIO para proporcionarem isso a que chamo CHÃO CIVILIZATÓRIO, que faz uma nação ser uma nação de fato, e que aqui, é essa areia movediça, fétida, onde viver é uma aventura trágica e perigosa, uma tensão constante, é sentir-se num hospício vexaminoso.

Porque nossas elites e classes médias JAMAIS tiveram a dignidade de realizar um projeto de país. Aqui, só há projetos de poder, riqueza e status. Somos medíocres!!!

A vida podia ser plena, bela, lúdica, feliz, em terras brasilis e até no mundo. Há riqueza e conhecimento filosófico e tecnológico para tanto. E exemplos que deram certo.

A vida só não é bela e plena porque eles, os canalhas, não permitem!

(eduardo ramos)

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador