Bolsonaro pode ser investigado pela Interpol, por Wilson Ramos Filho

Há uma interface bastante interessante entre essa determinação judicial e as iniciativas de se coibir a divulgação de feiquiníus

Facsimile Folha

Bolsonaro pode ser investigado pela Interpol

por Wilson Ramos Filho

Segundo a jornalista Mônica Bergamo, na Folha, um dos assessores do ex-presidente teria dito que as instituições “Estão brincando com fogo … querendo incendiar o país”.

A prisão de vários auxiliares próximos a Bolsonaro e ao núcleo duro do fascismo brasileiro, a busca em sua residência e a apreensão dos telefones celulares está propiciando discussões acaloradas nos meios jurídicos.

Os mais formalistas tendem a considerar exageradas as medidas adotadas. No polo oposto, muitos comemoram e até organizam espécies de bolão de apostas de quantos dias faltariam para a prisão do jaguara e dos jaguarinhas. No meio termo, a maioria dos juristas assiste com sobriedade e alguma preocupação o desenrolar dos fatos e tentam entender as motivações e os objetivos da decisão judicial que animaram os debates internos em cada um dos grupos antagônicos que dividem, definitivamente, a sociedade brasileira.

A questão da vacina reveste-se de uma complexidade maior do que aparenta. Se ficar comprovado que Bolsonaro e seus auxiliares não tomaram a vacina e fraudaram certificados de vacinação para poderem viajar ao exterior, a primeira consequência será o ingresso da interpol e do FBI nas investigações e a abertura de processos criminais contra eles em diversos países visitados pelo ex-presidente e seus mais chegados, nos moldes do que ocorrerá também no Brasil. Por outro lado, se ficar comprovado que Bolsonaro realmente foi vacinado e escondeu este fato durante o período em que retardava a compra dos imunizantes e desdenhava daqueles que acreditavam em sua eficácia, estarão configurados vários crimes contra a saúde pública. Não se sabe o que teria consequências mais drásticas.

Mas, ao que parece, a determinação da busca e apreensão no entorno bolsonarista teria objetivos mais amplos. De uma parte contaria com a estupidez dos investigados esperando encontrar grandes volumes de dinheiro em espécie, jóias, armas sem registro, coisas assim, nestas diligências; e, de outra parte, imaginavam topar, aleatoriamente, nos telefones apreendidos, com evidências de participação dos investigados em outros crimes (tráfico de jóias, intentona fascista do 8J, garimpeiros, atentados terroristas, etc) e em outras atividades ilegais, no Brasil e no exterior.

Além de tudo isso, há uma interface bastante interessante entre essa determinação judicial e as iniciativas de se coibir a divulgação de feiquiníus, com uma incrível “coincidência” entre os debates parlamentares, a atuação ilegal das biguetéques na guerra híbrida e a resistência dos grupos de extrema-direita (e uns poucos aliados na chamada mídia alternativa, por razões econômicas) à regulamentação da atividade das empresas que controlam redes sociais.

Seja como for, parece evidente que o conteúdo do que pode ser encontrado naqueles celulares aprendidos e nos depoimentos dos que foram presos por determinação do STF seria muito mais incendiário do que a própria determinação judicial.

Xixo, 03 de maio de 2023.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. A publicação do artigo dependerá de aprovação da redação GGN.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador