Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
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Lula é o melhor comunicador do seu governo, por Francisco Celso Calmon

Ao trazer ao sol da democracia o debate econômico, Lula quebra o tabu de que economia é para técnicos

Sergio Dutti – PSB

por Francisco Celso Calmon*

E o é porque a rede de comunicação do governo ainda claudica.

Denunciar o comprometimento do Banco Central com a banca financeira, apontar o Campos Neto como bolsonarista raiz, galvanizou a mídia e a sociedade a debater o cancro dos juros altos. 

E o diagnóstico do Lula também foi preciso: a cultura dos juros altos no Brasil e a impossibilidade de realizar a política econômica do governo apartada da política monetária do BACEN. 

Quando não há sinergia entre elas, a gestão monetária subverte, mina, a gestão econômica.

É como se uma perna fosse para a direita e outra para a esquerda, cujo resultado será tropeçar e cair, elas devem andar para a frente. E para a frente significa crescimento econômico com estabilidade e justiça social.

Ao trazer ao sol da democracia o debate econômico, Lula quebra o tabu de que economia é para técnicos. Não, não é! É para toda a sociedade, assim como o direito e a política o são.

Economês, juridiquês, são linguagens pseudos herméticas, para criar um fosso entre especialistas e leigos, entretanto, nada difícil de ser transposto, com boa didática e pedagogia. 

Outrossim, vale reputar: não há técnica aplicada isenta da política.

Se o poder emana do povo, conforme reza a nossa Constituição, cabe aos políticos e especialistas ouvirem o povo, e se para isso é necessário ensinar, conversar e debater, a rede de comunicação tem que assumir essa tarefa com urgência. 

Nosso povo é inteligente, aprende rápido, e sabe por razão e intuição o que lhe é melhor.    

Há duas categorias que gostam de juros altos, a dos rentistas e a dos jornalistas da mídia corporativa.

Do pobre ao remediado da classe média há ojeriza aos juros altos, sabem bem como compromete o orçamento, como leva à bancarrota e ao SPC. 

“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn”      

A política monetária não é uma questão de Estado, mas de governo. É instrumento de gestão econômica, que varia de governo para governo, de condições concretas às circunstâncias reais. 

O BACEN não é um poder, é uma autarquia bancária que cuida, em teoria, da proteção da moeda. A sua autonomia é recente, 2021, e como tudo que é novo, requer reavaliação a partir dos resultados conseguidos.

Os erros que cometeram nós conhecemos, quais foram os acertos? Houve controle da inflação, tivemos uma moeda estável?   Não e não!

Os demais países errados e o Brasil do Campos Neto certo? Poupe-nos do viés da hipocrisia.

BC admite erro no cálculo do fluxo cambial do país, revisa e inverte o sinal em 2022 de +9,5 bilhões para -3,7 bilhões, e a compra sigilosa de 62 toneladas de ouro, de maio a julho de 2021, sem provar a origem idônea do metal e a sua necessidade, vão deixando sinais de incompetência e suspeição.

A moeda não é uma categoria abstrata, ela é um meio de troca, que tem um determinado valor nominal e um real, sua diferença requer a administração da política monetária (câmbio e inflação), a cargo da autoridade encarregada, cuja gestão afeta toda a economia, daí que não pode haver divórcio entre elas, não podem marchar com passos trocados.  É o que está acontecendo com um bolsonarista dirigindo o Banco Central.

Não pode haver teto de gastos por questões fiscais e não ter teto dos juros por questões sociais.

O poder emana do povo e não do capital, segundo a Constituição.

O bolsonarismo não tem amor ao país, ao povo, aos mais necessitados. Assim como foram responsáveis pelo genocídio da covid-19 e a dos yanomamis, pelo desemprego de 12 milhões, da miséria de 33 milhões, da insegurança alimentar da metade da população, são sabotadores de um projeto de bem-estar da população.

O caso do Campos Neto é atávico, não surgiu com o bolsonarismo, está em seu DNA familiar.

Quem está defendendo os juros altos, quem está defendendo a manutenção da autonomia do BACEN?

Os jornalistas da mídia comprometida com o capital financeiro parasitário, os rentistas, como Armínio Fraga, e o chamado mercado.  

Será que esses jornalistas, ou seus parentes, quando vão ao crédito para comprar um imóvel, um carro, não reclamam?

A mídia corporativa e incautos saúdam os lucros dos bancos e das empresas, mesmo num quadro social trágico, parecendo desconhecer que o lucro advém da mais valia do trabalho.

O anonimato não tem credibilidade, sem identificar quem é o mercado, devemos considerá-lo um clandestino, um forasteiro à cidadania, um fora da lei, um agitador à paz institucional.

A Carta Magna dispõe em seu artigo 5º, IV, que é “livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. 

Os jornalistas não podem acobertar o anonimato do mercado!  

Quem quer usufruir da liberdade de expressão, tem que assumir o ônus de identificar-se e responsabilizar-se pela autoria do que produzirem, pois, em caso de eventuais danos, responder por eles.

A sociedade organizada, como outrora já lutou contra a carestia, tem hoje o dever de lutar contra os juros exorbitantes, que afetam a toda a cadeia produtiva e de consumo.

É uma loucura a lei que deu autonomia ao BACEN e um mandato não coincidente com o do maior mandatário do país.  

Se hoje acarreta uma bipolaridade na política econômica, amanhã vai ocorrer o mesmo com o sucessor de Lula, pois herdará alguém indicado por ele.  

Como cobrar resultados do presidente, se uma perna da política econômica está com uma pessoa que não foi de sua escolha?

Por fim: não há poder maior do que o da soberania popular, que em sufrágio universal derrotou o bolsonarismo e elegeu o Lula, portanto, que respeito é esse ao resultado eleitoral se um bolsonarista permanece no poder do Banco Central?

Polícia Federal, Forças Armadas e outros órgãos de Estado tiveram seus comandos trocados pelo atual presidente da República, quando da sua posse, por que o do BACEN não pode? 

A atual gestão do Banco Central é incompatível com a gestão do governo federal. Sendo que o presidente Lula foi escolhido pela maioria da população brasileira e o Campos Neto pelo Bolsonaro, perdedor do pleito eleitoral.

Evoé democracia, evoé carnaval pelos juros baixos, fora Campos Neto!

*Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected].

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1 Comentário

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  1. O problema dos jornalistas é que, antes de irem a um banco pedir empréstimo, precisam de um emprego para lhes dar renda de salário que pague a prestação. Quem hoje paga as contas das grandes empresas jornalísticas, fonte das notícias que circulam por toda a rede, são os negócios financeiros. Os anunciantes de outros ramos dependem dos bancos para manterem suas “quitandas” abertas. Não existe isenção jornalística no campo econômico. Somente artigos de opinião inacessíveis para a maioria podem se dar ao “luxo” de buscar equilíbrio de argumentos.

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