Ion de Andrade
Médico epidemiologista e professor universitário
[email protected]

No Sete de Setembro todos na rua em defesa da Amazônia, da Soberania e da Democracia, por Ion de Andrade

– E se o povo não for às ruas atendendo aos nossos clamores? Resposta clara: “- Continuaremos a batalha”, como aliás também se forem. E o que temos de fato a perder, se os atos forem pequenos, quando estamos na iminência de perder até a Amazônia e de as terras do Brasil serem vendidas sem limite definido aos estrangeiros? Que importa perder a face se estamos a perder a vida?

No Sete de Setembro todos na rua em defesa da Amazônia, da Soberania e da Democracia

por Ion de Andrade

Pouca gente sabe que a independência do Brasil só foi concluída em 02 de julho de 1823 na Bahia, em luta campal, na batalha de Pirajá.

Desse episódio nos ficou o poema de Castro Alves, o “Ode ao dous de Julho” de que selecionei alguns versos.

ERA NO DOUS de julho. A pugna imensa
Travara-se nos cerros da Bahia…
O anjo da morte pálido cosia
Uma vasta mortalha em Pirajá.
Neste lençol tão largo, tão extenso,
Como um pedaço roto do infinito…
O mundo perguntava erguendo um grito:
“Qual dos gigantes morto rolará?! …”

Não! Não eram dous povos, que abalavam
Naquele instante o solo ensangüentado…
Era o porvir — em frente do passado,
A Liberdade — em frente à Escravidão,
Era a luta das águias — e do abutre,
A revolta do pulso — contra os ferros,
O pugilato da razão — com os erros,
O duelo da treva — e do clarão! …

Mas quando a branca estrela matutina
Surgiu do espaço… e as brisas forasteiras
No verde leque das gentis palmeiras
Foram cantar os hinos do arrebol,
Lá do campo deserto da batalha
Uma voz se elevou clara e divina:
Eras tu — Liberdade peregrina!
Esposa do porvir — noiva do sol! …

Porém o que menos ainda se sabe é que a vitória das forças brasileiras em Pirajá só foi possível porque um homem, o corneteiro Luiz Lopes, desobedecendo às ordens do comando, pois os brasileiros estavam derrotados, em lugar de tocar “Debandar” como havia sido ordenado, tocou “Avançar Cavalaria”.

O toque de Avançar Cavalaria desorganizou a tal ponto as linhas portuguesas que a batalha perdida foi vitoriosa, e arrematou a Independência do Brasil.

Que semelhanças temos hoje ao que em 1823 “travara-se nos cerros da Bahia”? Forças brasileiras virtualmente derrotadas, guiadas por uma comando que não enxerga na importância simbólica do Sete de Setembro uma janela, uma saída que não podemos deixar de forçar apontando para uma imensa mobilização nacional de rejeição do governo, dos golpistas e de sua política entreguista.

Se pergunta desanimado esse comando: – E se o povo não for às ruas atendendo aos nossos clamores? Resposta clara: “- Continuaremos a batalha”, como aliás também se for. E o que temos de fato a perder, se os atos forem pequenos, quando estamos na iminência de perder até a Amazônia e de as terras do Brasil serem vendidas sem limite definido aos estrangeiros? Que importa perder a face se estamos a perder a vida?

Luiz Lopes era português, lutava pelas forças brasileiras por opção. Embora pouco se saiba a seu respeito tudo leva a crer que tinha inabalável autoconfiança e que era capaz, por análise própria, de tomar decisões, ainda que contrariando aos seus chefes, sobretudo aquelas que não podiam ser obedecidas. Quantos dos que estão à frente das organizações cidadãs de hoje têm a grandeza de Luiz Lopes? Muitos esquecem que a aventura da vida é sempre uma relação da pessoa com o Cosmos. Não que vão desobedecer propositadamente por orgulho. O que está em jogo é a leitura de contextos que mesclam o presente e o futuro, a razão e a emoção, o ato e a necessidade, sintonias que não se mostram a todos a toda hora, mas que apareceram a Luiz Lopes e ele as honrou. O que viu Luiz Lopes? O futuro, o Brasil.

Alguns ansiosos estão preocupados de ter bandeiras que não sejam unitárias e que estejamos divididos. Elejamos a Defesa da Amazônia da Soberania e da Democracia como bandeiras únicas afinal apenas um Brasil soberano e democrático será capaz de defender a Amazônia. Mas com que bandeira for, não deixemos de descer às ruas porque o momento é grave.

Senador Requião, a Frente Nacionalista é visionária e corajosa? Convoque o grande Ato Cívico do dia Sete!

Dom Sérgio da Rocha, a Igreja vem fazendo ano a ano o Grito dos Excluídos, e hoje ele é uma tradição. Hoje o círculo dos Excluídos está elevado à enésima potência, pois além da perda do presente estamos sendo excluídos do futuro. Pode a Igreja emprestar a sua organização a um Grito nacional unitário no dia Sete?

Presidente Lula, a Caravana pelo Nordeste é importantíssima e move o Brasil a um Projeto Novo. Convergindo com esse projeto, a Unidade da Nação e a defesa da Amazônia contribuem para viabilizar o Brasil mais justo que queremos. Convoque a nação para o Ato Cívico do dia Sete!

Companheiro João Pedro Stedile, a Amazônia ferida, índios ameaçados, e a invasão estrangeira em solo nacional através de mineradoras previamente avisadas da extinção da RENCA não fariam por merecer um ato em defesa do Brasil no dia Sete de Setembro? Convoque-o!

Companheiro Boulos, as periferias não deveriam ter presença nessa grave hora como a cobrar mais uma vez o que lhes vem sendo eternamente negado? Convoque-as ao Ato Cívico do dia Sete.

Senador Paim não é hora de reunir os sindicatos e a gente humilde desse país para evitar que esse Sete de Setembro seja convertido no velório do Brasil? Convoque esses brasileiros!

Não posso prever o futuro, não posso assegurar que vai funcionar. Luiz Lopes, também não podia. Mas na dúvida ele teve coragem.

Quem dos senhores encarnará Luiz Lopes?

Melhor que um Luiz Lopes seria termos nos senhores uma banda marcial de corneteiros do povo simbolicamente a tocar um Avançar Cavalaria que nos levará ao grande e necessário Ato Cívico e pacífico em defesa da Amazônia, da Soberania e da Democracia; em defesa do Brasil.

Se não tivermos a coragem de convocar esse Ato no dia Sete num momento de excepcional gravidade como o que vivemos é que os versos de Castro Alves a serem lembrados deverão ser outros, não os das façanhas do Dous de Julho, mas os da vergonha do Navio Negreiro:

“Existe um povo que a bandeira empresta
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!…
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!…
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa… chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!…

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança…
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!…

Não o permitam!

 

Viva o Brasil!

 

Ion de Andrade

Médico epidemiologista e professor universitário

5 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Máfia fhc! Esgoto a céu aberto desde 2002…antes era na moita!

    Pessoal, não entrem nessa de passar o feriadão de 7 de setembro fazendo protesto prá encher a bola dos golpistas ditadores! Alem do mais, feriadão é prá passear, viajar, retiro espiritual, coçar o saco etc…

    Tudo o que os golpistas da máfia fernando henrique cardoso clinton querem, exatamente para dar uns ares de democracia nessa ditadura hedionda que eles instalaram no Brasil depois de roubarem os nossos 55 milhões de votos, são passeatas, marchas, greves e todas as formas de manifestações públicas que CHEIREM DEMOCRACIA! É exatamente por isso que não estão prendendo manifestantes como em 1964, e inclusive até estão promovendo algumas por trás dos bastidores da ditadura, como essa do “post”. Agora meu amigo, se você VIVE DE CHEIROS, boa manifestação prá você apoiando seus donos golpistas!

     

    Resultado de imagem para fhc clinton imagens         Resultado de imagem para fhc ditadura imagens       Resultado de imagem para fhc ditadura imagens   Resultado de imagem para china imagens          Resultado de imagem para brics imagensResultado de imagem para fhc clinton imagens       Resultado de imagem para produtos chineses imagens Resultado de imagem para fhc clinton imagens   Resultado de imagem para fhc odebrecht imagens

     

     

  2. Não diria intelectual

    Não devemos usar o termo intelectualidade, pois este não se aplica a política, não existe pessoa política intelectual.

     

    Mas a parte esclarecida da sociedade brasileira dificilmente voltará a se alinhar com a esquerda deste país.

     

    Independente da quantidade de provas, o que se viu foi um escárnio social 

     

    E esta parte da sociedade hoje, como eu, deseja eata mínimo, muito pequeno 

     

    Nos somos o povo, nos é que devemos dizer o que o político pode ou não fazer e não eles!

    1. Não é bem assim.  Há muitos

      Não é bem assim.  Há muitos intelectuais na Política ou, pelo menos, assessorando eles. Onde NÃO HÁ intelectuais é nas nossas ZÉLITES FINANCEIRAS que são os  que mandam no Brasil.  Até porque TODO intelectual é SOCIALISTA e as exceções só o confirmam isso no MUNDO inteiro.  

      No mais, até os “economistas” da GLOBOGOLPE, contratados para falar só o que lhes é mandado, sabem que, por exemplo, a lava jato é uma piada que serve MAIS PARA LAVAR DINHEIRO  de bandidos confessos (DEVOLVEM 10 FICAM COM 90) QUE DENUNCIAM até a própria mãe para DAR LEGITIMIDADE AO GOLPE  e gozarem a o resto da vida o dinheiro roubado.

      Por isso NÃO haverá protestos suficientes para mudar nada. Quando os americanos resolveram que retomariam a América Latina e suas riquezas ( O GENOCÍDIO DO ORIENTE MÉDIO ESTÁ ACABANDO) , nosso destino estava definido (como o da Venezuela) :M OU entregamos oas riquyezas , ou morrereremos aos milhões.

       

  3. no….

    Nós já não tomamos as ruas nas manifestações dos anos de 1970 por Democracia? Nós não tomamos as ruas seguindo ao Estádio de SBC, nas greves do ABC de 1978? Nós não tomamos as ruas nas manifestações por Diretas Já nos anos de 1980? Não tomamos as ruas por esperança de mudanças na morte de Tancredo, na chegada de FHC, na Presidência de Lula? Não tomamos as ruas nos pedidos de mudança desta farsa de Estado nas manifestações de 2013? Temos quer tomar o Poder e não as ruas. Tomar o Poder Livre, Soberano, Facultativo. Não este Poder de algumas Elites, que não se enxergam Elites. Não este Poder do Politicamente Correto. Ditadura fantasiada de Democracia. O Povo tem que tomar o Poder do Povo, pelo Povo, para o Povo. O Estado que não se submete a seu Povo, não o representa em nada. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador