Projeto Brasil Nação, mas sem povo
por Fábio de Oliveira Ribeiro
Assinei o Projeto Brasil Nação e há alguns dias recebi por e-mail um convite para o lançamento do manifesto. O evento ocorreu hoje entre as 19,00 e 20,30 horas na sala dos estudantes da Faculdade do Largo São Francisco. Dentre outros presentes estavam Bresser Pereira, Celso Amorim, Suplicy, Lindberg Farias, Carina Vitral, Paulo Henrique Amorim, Fernando Hadad, Luis Nassif, Raduan Nassar, Fábio Konder Comparato e Ciro Gomes.
Sai do evento às 20,30 e cheguei em casa, na periferia de Osasco, por volta das 22:30. No caminho pensei sobre como relatar o que vi e ouvi. Todavia, como o vídeo será disponibilizado na internet resolvi narrar algo mais interessante: o meu longo trajeto entre a ilusão e a realidade.
Há algumas dezenas de metros da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a caminho do metrô, topei com um punhado de sem tetos. Alguns deles já estavam deitados e cobertos, outros estavam arrumando a tralha para dormir. A conversa melancólica entre eles, companheiros de abandono que se juntam para derrotar o frio e afugentar o medo da violência, estava tão distante do Projeto Brasil Nação quanto a Terra está distante da Lua.
A falta de contato entre estes dois universos, um universitário e altamente politizado e o outro popular e carente de tudo é chocante mas raramente choca os intelectuais. Em nome de que povo eles falam? De um povo que eles não conhecem a não ser como uma categoria discursiva presente nas suas preocupações políticas, econômicas, sociais e jurídicas.
No trem e no metrô, um outro povo – obviamente melhor aquinhoado que o povo sem teto – fazia aquilo que os intelectuais e políticos presentes no evento não conseguem ver porque eles não usam transportes públicos. Grudados nos seus telefones celulares, os trabalhadores consumiam informação* nas redes sociais, conversavam com os colegas sobre os problemas cotidianos. Não ouvi ninguém falando da nação brasileira, da desnacionalização do petróleo ou da greve que ocorrerá amanhã e que segundo Lindberg Farias será um evento político importante.
A verdadeira importância do evento, contudo, será o distanciamento entre os políticos de esquerda e a população. Se ocorrer uma greve ela será mais involuntária do que voluntária. Constatei este fenômeno no ônibus que me levou do centro de Osasco até o bairro periférico em que resido. Durante o trajeto várias pessoas perguntaram ao cobrador se ele e seus colegas entrariam em greve. Ele dava invariavelmente a mesma resposta.
– Não sei não. Estou escalado para trabalhar a tarde e se der vou comparecer ao terminal onde devo me apresentar para iniciar a jornada de trabalho. Parece que vai haver uma paralisação parcial pela manhã, mas não é certeza não. Pelo que sei, a greve é certa mesmo só no trem e no metrô. Minha empresa disse que vai cortar o ponto de quem não trabalhar então vou tentar cumprir minha jornada.
Não vi um único passageiro dizer que pretendia entrar em greve ou que apoiava a greve. Os curiosos queriam apenas saber se conseguiriam ou não chegar ao trabalho, o que é bem diferente. Portanto, o sucesso da greve consolidará apenas o fracasso das lideranças de esquerda que só conseguem se aproximar do povo brasileiro quando discursam sobre ele.
Durante seu discurso, o professor Comparato lembrou três episódios exemplares da história do Brasil. O primeiro foi a chegada do Vice-Rei a uma colônia que não tinha um povo que pudesse ser governado. O segundo foi a proclamação da república, quartelada que foi encarada como uma parada militar pelo povo boquiaberto que ignorava o que estava ocorrendo. E o terceiro foi a revolução de 1930, feita antes que o povo a fizesse sua própria revolução. Aos três episódios, podemos acrescentar um quarto: o lançamento do Projeto Brasil Nação para um punhado de estudantes, militantes e jornalistas que estão tão distantes do povo quanto os sem-teto estão do cotidiano dos usuários de metrô, trem e ônibus.
A hierarquia social que separa os oligarcas de direita do povo se reproduz ironicamente na vida cotidiana da esquerda que fala de um povo com o qual não tem muito contato. Esta falta de contato foi, aliás, reconhecida por Bresser Pereira. Ao fim de sua preleção sobre os aspectos econômicos do Projeto ele frisou que o projeto havia sido feito por intelectuais… mas teria que ser encampado pelo povo. O povo real, contudo, estava se arrumando para dormir na rua, se deslocando de metrô e de trem fazendo aquilo que as pessoas comuns fazem (se distanciar da realidade para poder suportá-la) ou querendo saber se poderia ou não ir trabalhar no dia da greve geral.
A belíssima Carina Vitral fez o elogio da universidade pública e exaltou a força do “movimento estudantil”. Enquanto ela falava lembrei-me de um discurso proferido há mais de 30 anos pelo presidente do CACO** durante um CONERED que ocorreu ali mesmo na sala dos estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Eu estava presente como representante do Diretório Acadêmico XVII de Abril dos alunos da Faculdade de Direito de Osasco.
Depois que vários líderes estudantis haviam falado, Júnior (o presidente do CACO) pediu a palavra e proferiu o discurso que ficou gravado na minha memória. As palavras abaixo são minhas, mas o sentido do discurso dele foi exatamente este que vou reproduzir mais de três décadas depois:
– Todos que aqui falaram antes de mim, elogiaram o movimento estudantil, ressaltaram a importância do movimento estudantil, a politização do movimento estudantil e a força do movimento estudantil. E eu nem mesmo consigo entender a expressão “movimento estudantil”. Gente, a gente está se enganando. Não existe “movimento estudantil”. O que existe é uma porra de “inércia estudantil”. A ditadura está acabando, mas a PM é a mesma e continua matando gente prá caralho, as prisões continuam sendo depósitos de pobres, o Judiciário continua autoritário e distante da realidade brasileira e o povo brasileiro continua na merda. desdentado e morando em favelas cada vez maiores, mais violentas e medonhas. Quando a gente vai parar de se enganar, heim…
Em razão de ser um jovem pedetista ligado a Leonel Brizola, Júnior foi hostilizado pelos petistas e comunistas presentes. Mas ele ganhou minha simpatia e respeito. Ao contrário de meus colegas eu entendi o valor profundo que as palavras dele tinham… e continuam tendo.
Quando o ônibus que eu estava passou próximo a uma escola no Alto do Farol o trânsito estava parado. Confusão na avenida.
Duas massas de estudantes se empurravam. Alguns adolescentes entraram excitados no coletivo conversando sobre a confusão. Os dois partidos de adolescentes gritavam palavrões e demonstravam imensa valentia. Alguns tentavam trocar sopapos, outros separavam os mais exaltados.
O motivo da briga, contudo, não era a política, a nação, o petróleo ou a necessidade de eleições gerais em 2017 sugeridas pelo senador Lindberg Farias no evento ocorrido no Largo São Francisco. Os garotos estavam brigando por vaidades, ciúmes e, sobretudo, porque estão abandonados à própria sorte num ambiente social que nem os inclui nem os rejeita. Frustrados eles atacam uns aos outros enquanto são programaticamente massacrados pela direita e defendidos por uma esquerda que está distante deles. Em sua fala Celso Amorim disse que o Brasil precisa de uma revolução não violenta. Se depender daqueles garotos do subúrbio a violência cotidiana despolitizada não produzirá nada além da conservação do status quo***.
Por inclinação pessoal e convicção política não sou um pessimista. Tampouco otimista. Procuro participar da política, mas não sou ingenuo. O projeto lançado hoje na sala dos estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco é bom, sério e feito por pessoas que conhecem a fundo os problemas brasileiros. Mas não sei quantos deles querem abolir ou conseguirão romper as barreiras invisíveis que os separam do povo que eles pretendem fortalecer e representar.
* Desnecessário dizer que informação neste caso não é um sinônimo de formação cívica ou política.
** Centro Acadêmico Candido de Oliveira, da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
*** Como podem ver eu também estou fadado a usar expressões sofisticadas que muitos garotos do subúrbio não compreendem.
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Comentário à postagem
O Fábio de Oliveira faz um relato do seu trajeto para casa e continua vendo o povo do mesmo modo que acha os intelectuais do Largo o vêm. O modo como a consciência se forma é muito mais sutil, especialmente em palavras e manifestos, em falas no cotidiano. Já ouvi aqui nos ônibus do Rio na época do impeachment gente simples se queixar da Dilma e do PT para explicar o próprio sofrimento nos ônibus do subúrbio e da região metropolitana. Mas já ouvi gente falando mal do Temer em momentos recentes. Como vejo a maioria dormitando ou lendo as redes sociais. Isso não diz muita coisa. Mas diz o que aconteceu ontem com planfetagem feita na Central do Brasil (Rio de Janeiro). Gente com mais de setenta anos, que já fizera plafetagem a vida toda, nunca havia encontrado um público tão receptivo e tão revoltado. É preciso muito mais para entender o momento. E greve geral sempre foi assim, as lideranças e as táticas sempre reforçam a paralização.
Você acredita que eu continuo
Você acredita que eu continuo “…vendo o povo do mesmo modo”.
Interessante.
Fale mais sobre isto para que eu possa ver o modo como você vê a si mesmo enquanto me observa como se eu fosse um rato no seu laboratório comportamental.
Bom texto
Essas reflexões no texto tem me atormentado muito nos últimos tempos.
E a midia quadrilheira e
E a midia quadrilheira e corrupta trata de despolitizar a greve,
tratam esse movimento ou como caso de policia ou de sindicalistas tresloucados, nunca colocam o microfone na boca dos trabalhadores, agora mesmo pouço a moça da record (do pha) dizer sobre o “vandalismo causado pelos sindicalistas”, essa á a nossa midia, corrupta, quadrilheira, antinacional e antitrabalhista…..
Comungo desta opinião
Comungo com tudo o que esta escrito neste post.
A única diferensa com a minha realidade é que moro em uma pequena cidade do Triângulo Mineiro.
Aqui ninguém conhece o “Projeto Brasil Nação” as pessoas estão espremidas pela necessidade de trabalhar para sobrevivier e manter condições mínimas de dignidade.
A política é tratada com despreso e distante das suas necessidades.
Neste mundinho aqui estamos a deriva e acreditem o Bolsonaro esta crescendo muito rápido.
Grato pelo seu comentário.
O
Grato pelo seu comentário.
O seu mundinho é na verdade o mundão, aquele que em que se decide qualquer eleição.
No mais, sua observação é bastante pertinente: enquanto o Bolsonaro cresce no mundão, a esquerda intelectualizada fica presa ao seu mundinho de ilusão.
O resultado, creio, não será nada bão… inclusive para quem vive no seu mundão. Bolsonaro é um tremendo recalcado. Ele tem horror à vida nas pequenas cidades, pois ele cresceu na mesma cidade em que eu passei minha infância (Eldorado Paulista, SP) onde o pai dele era dentista prático.
Post que mostra a
Post que mostra a realidade.
Mas esconde o viés paternalista do autor, que culpa as lideranças pela falta de politização do povo.
Mas como politizar o povo de um país do tamanho de um continente e cheio de riquezas naturais, mas que só falta POVO ?
Paternalismo? Nem não.
Em
Paternalismo? Nem não.
Em nenhum momento disse que represento o povo, tampouco fiz qualquer proposta sobre o que deve ou não ser feito.
Apenas relatei o que vi e ouvi a caminho de casa depois do evento referido.
Isto o incomodou? Explique. Mas seja mais didático, caso contrário seu comentário será interpretado como um ataque pessoal.
E a anulação dos crimes dos golpistas contra os trabalhadores…
E a anulação dos crimes dos golpistas contra os trabalhadores e o povo?
O manifesto organizado pelo ex-ministro Bresser Pereira é assinado basicamente por profissionais liberais e assalariados.
É estranho que esse manifesto não tenha como um dos seus objetivos EXPLÍCITOS a anulação dos atos criminosos do governo golpista – os que já cometeram (congelamento por 20 anos, reforma do ensino médio, terceirização, …) e os que intentam cometer em breve – nos campos dos direitos trabalhistas, previdenciários e sociais.
Como, aparentemente, propõe o manifesto uma aliança com uma certa burguesia não financeiro-rentista, ou seja, principalmente uma parte da burguesia industrial que abdicasse dos seus ganhos financeiro-rentistas, fica parecendo que OS FATOS CONSUMADOS anti-trabalhistas, anti-previdenciários e anti-sociais QUE ESTE GOVERNO DE BANDIDOS GOLPISTAS deixar de herança, quando se encerrar, SERÃO MANTIDOS EM GRANDE PARTE, revertendo-se algumas migalhas como enganação, de forma que a “burguesia atraída” mantenha os ganhos pelos quais apoiaram, NA SUA TOTALIDADE, o golpe, que são exatamente estes, já consumados ou por consumar.
Ou seja, similarmente ao Plano Real, que trocou o “imposto da inflação” pelo “imposto dos juros”, o que se propõe no manifesto, implicitamente, é que se troque agora o “imposto dos juros” pela “perda de direitos trabalhistas, previdenciários e sociais”.
É importante lembrar, a propósito, que Bresser-Pereira, Belluzzo e outros economistas com base paulista são progressistas, sem dúvida, mas essencialmente são batalhadores a favor dessa “burguesia a atrair”, tão “nacionalista” e, no entanto, “tão docemente obrigada, contra a vontade” a, desde o Plano Real, “sobreviver duramente apelando a ganhos financeiro-rentistas”. Pelo que se depreende da matéria, em relação aos objetivos econômico do manifesto, parece que tenham sido esses economistas os redatores principais.
O que se pode questionar é como a grande maioria dos subscritores do manifesto, que, simplificadamente, podemos dizer “serem representantes dos trabalhadores”, não tenham conseguido colocar no mesmo AS ANULAÇÕES DOS CRIMES CONSUMADOS OU A CONSUMAR, pelo governo dos bandidos golpistas, contra os trabalhadores e o povo em geral.
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PS 1) Comentário publicado no Viomundo, considerando a lista de subscritores apresentada em http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-blog/acordao-entre-fhc-temer-e-lula-se-de-fato-houver-e-tentativa-de-ressuscitar-defunto.html
PS 2) Do jeito que está, não se duvide que até o cínico golpista Delfim Netto tope assinar, pois, afinal de contas, se se aceita “fazer crescer o bolo por 20 anos” (congelando os gastos sociais) e, ainda mais, ferrando trabalhadores e aposentados com reformas genocidas, certamente o gordo golpista verá ali, com muita satisfação, muito mais do que conseguiu fazer na ditadura.
“Ou seja, similarmente ao
“Ou seja, similarmente ao Plano Real, que trocou o “imposto da inflação” pelo “imposto dos juros”, o que se propõe no manifesto, implicitamente, é que se troque agora o “imposto dos juros” pela “perda de direitos trabalhistas, previdenciários e sociais”.”
Francamente… seu comentário produziu em mim o mesmo efeito devastador que aquele que foi feito pelo Junior do CACO há trinta anos na sala dos estudanes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (episódio mencionado no texto). Terei que refletir bastante sobre o que você disse.
Compreendo o desalento, o que
Compreendo o desalento, o que não quer dizer que o subscreva.
O fosso que separa os intelectuais e o restante da população é real, mas não é restrito à esquerda.Contudo,é justamente quando esta “intelectualidade” faz um esforço para construir um projeto que inclua os que não são eles,que deve ser louvada. Olha só, categorias de análise dão isso e só. A forma decepcionada com que você se refere à população indica uma certa idealização destas categorias; mas, você mesmo, ao citar o discurso de seu colega universitário, mostra que o tal fosso pode ser transposto.
Talvez menos ME e mais convivência com as pessoas “comuns” possa surpreendê-lo.
Você disse que eu estou
Você disse que eu estou decepcionado com a população.
Minha decepção ou não é irrelevante.
Apenas relatei o que vi e ouvi.
Relevante é a “verdade factual” que precisa ser encarada de frente, inclusive pelos intelectuais e políticos.
Caso contrário… tudo estará perdido.
A Globo é Quem Opera “Separar o Brasil dos Brasileiros”
Um país não é “feito” pelo povo que será sempre coadjuvante, o representado com maior ou menor relevo, quanto mais ou menos democraticamente informado e politizado for.
Quem faz um país é a sua elite, no sentido amplo, e no caso do Brasil não existe essa elite, pois o poder de fato nunca deixou de pertencer a hereditária, anacrônica e incompetente (como brilhantemente Darcy Ribeiro a identificou) classe econômica dominante, que interdita a construção da elite com que se faz um país em função da ausência de raízes com a terra e a atávica tara colonialista.
Uma nação mais ou menos justa é construída pelo “país” mais ou menos justo, conforme o povo representado, mais ou menos democraticamente informado e politizado, e a proximidade ou o afastamento, maior, apenas reflete essa realidade.
Democraticamente informar e politizar o povo é que aproxima o país da nação Brasil que deseja-se construir e para tanto faz se necessário mudar os donos do poder não apenas de direito, mas também de fato.
Ainda não podemos deixar de observar que, além de anacrônica, é extremamente contraproducente, vergonhoso e estulto, manter a Casa Grande ativa, em país entre as dez maiores economias mundiais, em pleno seculo XXI.
E bota incompetência e estultice nisso, certo merval?
Um dia…
Caro Fábio. Entendo a sua angústia que vivi na Universidade pós-64 com os líderes de então todos de esquerda e filhos bem situados na vida. Seu discurso era aparentemente desligado do povão. Aprendi no entanto que o povo que trabalha segue líderes, sejam intelectuais ou não, portanto, só líderes conseguem arregimentar pessoas que trabalham para um objetivo político maior. Brizola em seu tempo e Lula depois conseguiram isso não sendo intelectuais de esquerda nem com discurso de esquerda. Mas ambos em seu tempo foram levados ao poder graças aos intelectuais de esquerda desligados do povo como você mostra muito bem que prepararam o caminho para líderes como eles chegarem lá. E como líderes, a partir daí, eles alçaram vôo. Esse é o papel dos intelectuais de esquerda que agora se unem para tentar uma saída POLÌTICA decente ao país. Neste andar e arregimentação política surgirão líderes que falarão mais de perto para as pessoas que trabalham e vivem suas vidas aparentemente desligadas de tudo. Grão a grão um dia as coisas acontecem pode crer.
Talvez você tenha razão,
Talvez você tenha razão, talvez não. A conferir… só o tempo dirá ao seu próprio modo qual será a verdade histórica.
#ficaadica
“A belíssima Carina Vitral fez o elogio da universidade pública (…)”
Olha, eu sei que o assunto é relativamente novo e ainda não foi muito bem absorvido pela a turma com mais de trinta, quarenta anos, que costuma reagir a este tipo de observação como se fosse picuinha ou questão de menor importância; mas não custa lembrar: a menção à beleza da única mulher elencada no relato serve para quê? Seus atributos físicos por acaso são respaldos para o elogio que ela fez da universidade pública?
No texto, o nome de Comparato foi precedido pelo seu cargo, “professor”, assim como Lindberg Farias, no fim do texto, é apresentado como “senador”. De Carina Vitral não se diz que é presidenta da UNE, apenas que é “belíssima”.
Vamos evitar fazer menções aos atributos físicos das pessoas, especialemente de mulheres, quando estes não contribuírem em nada para a compreensão do tema daquilo que está sendo relatado, ok? #ficaadica 😉
Mano, na boa… o relato é
Mano, na boa… o relato é meu e eu o faço como bem entender.
Policie os seus textos.
Dos meus textos cuido eu.
Se não gostar do meu estilo fique à vontade para não ler.
Assim como não perderei meu tempo me submetendo aos “policiais do discurso” você não deve perder tempo comigo.
No mais, continuarei a escrever do meu jeito goste você ou não.
Estamos entendidos ou terei que ser mais didático?
Fábio, você está certo. Mas
Fábio, você está certo. Mas como fazer esssa aproximação ? O PT, enquanto governo, e as esquerdas em geral, erraram ao não estabelecer um vínculo poderoso com a população que depende do Estado para melhorar de vida. O instrumento mais poderoso para isso seria uma rede globo, mas ela está nas mãos do inimigo. O caminmho mais curto é a esquerda voltar ao poder e fazer tudo o que não fêz quando teve a oportunidade. Mas essa volta ao poder pode não acontecer mais. Então, resta acreditar nesse projeto de nação, sem a população. Normalmente, quem deveria mudar o país para melhor é a classe média, mas o golpe de estado de 2016 enterrou para sempre esse caminho. A plutocracia do 0,1% está no comando e os que tem consciência disso também deve corresponder ao mesmo percentual.
Mas como fazer esssa
Mas como fazer esssa aproximação? Mano, na boa… esta é a melhor pergunta que você poderia ter feita. É a pergunda de um bilhão de dólares cuja resposta infelismente eu nem mesmo ouso formular.
A resposta de Getúlio Vargas nos anos 1930 for usar a força bruta. Ele rompeu com a oligarquia e seguiu em frente até ser encurralado pela história.
A resposta de Lula nos anos 2000 foi usar a empatia para ganhar a eleição e o jogo de cintura para governar sem provocar uma ruptura.
O problema é que neste caso a resposta da sua pergunga de um bilhão de dólares não pode ser dada com base no que aconteceu nos anos 1930 e nos anos 2000. Tenho a impressão que as regras do jogo (do jogo que é jogado na arena mundial e que se reflete de alguma maneira na arena nacional, regional e local) mudaram e os líderes de esquerda ainda não perceberam.
Muito bom
Muito bom.
Mas o que desanima nisso tudo é esse hábito passadista de fazer “manifesto”, “nota pra imprensa”, “abaixo assinado”…
Ora, são acadêmicos, juristas, legisladores, jornalistas experientes… Quero ver é o Projeto de Lei, artigo por artigo, inciso por inciso. Sinceramente, o resto é mera retórica.
Os golpistas já sabiam muito bem o que fazer. Aliás, o sabem desde a década de 40, pois sempre foram contra a Petrobras, a CLT, a Previd`ência, etc. Outro exemplo: no dia seguinte ao 11 de setembro o Patriot Act saiu da gaveta já prontinho e acabado.
E me aparecem com “manifesto” e discurseira…
Já era. É a Pós Republica.
Eu e o porteiro apoiamos a greve, mas eu posso parar.
Eu apoio a greve, mas o Alex, porteiro do prédio onde eu moro, está trabalhando desde as 7h da manhã. Para refletir… Os demais funcionários não vieram, por não ter transporte público e não por adesão consciente e intencional à greve.
E o Alex, paciente e gentil como sempre, interfonou para cada apartamento para avisar que hoje o lixo não seria recolhido nos andares, os elevadores não seriam limpos etc. e para que os moradores compreendessem a situação… Agradeci a atenção, disse que eu apoiava a greve e, um pouco constrangido, agradeci novamente a presença dele no prédio, cuidando da segurança e conforto dos moradores, mesmo nesse dia de “greve geral”. Ele me respondeu que também apoia a greve, mas que deu um jeito e veio trabalhar, pois se não viesse, o porteiro da noite teria que trabalhar mais de 12h e isso não seria justo.
Aqui as “categorias analísticas” não são “consciência de classe”, e sim “empatia” , honestidade e uma solidariedade bastante espontânea com o colega de trabalho. E eu, ainda mais constrangido, pensei que nós, os moradores (e sei que vários são favoráveis à greve), deveríamos ter discutido e planejado ao longo da semana um esquema para liberar os porteiros, fazer um rodízio de 2h na portaria cada um, algo assim… Por vezes, a direitona tem certa razão em criticar a “esquerda caviar”.
Grato pelo comentário Alex.
Grato pelo comentário Alex. Todavia, você também imagina uma sociedade hierarquizada em que os condominos discutem e planejam o que fazer para possibilitar que os porteiros façam greve. No dia que desrespeitarem a hierarquia fazendo greve sem nem mesmo avisar os condôminos os porteiros se tornarão protagonistas da própria história. E o que vale para os porteiros, vale também para os demais trabalhadores.
Eo sou o João. O Alex é o
Eo sou o João. O Alex é o funcionário do condomínio. 🙂
Não pensei nos condôminos se organizando para “permitir” que os funcionários façam greve, para conceder a eles essa prerrogativa. Pensei numa situação de reconhecimento de antemão desse direito fundamental dos trabalhadores e que os condôminos (patrões) simplesmente se organizem para realizar, nessa situação, a função essencial que eles desempenham .
É por aí…
Saudações,
Projeto Brasil Nação, mas sem povo
Gosto de ler os posts do sr. Fábio. O considero muito objetivo e lúcido em suas análises. As questões que ele apresenta sempre me incomodaram também. Quando estou diante da “vida real”, aquela cotidiana no bairro, no ônibus ou no metrô, percebo claramente essa distãncia abissal entre os que falam, teorizam até com muita competência e aqueles cuja luta é diária pela sobrevivência, pelo pão e pela água. Não sei, parece que os discursos não ressoam,não chegam, não se aproximam e isso talvez seja um dos inúmeros aspectos que tornam a luta ainda mais difícil.
Parabéns pela análise.
Qual a solução então????
Pois é, Fábio…. O diagnóstico está correto, mas qual a solução??? Do lúmpen que dorme em calçadas não dá para esperar nada mesmo. Do povão que anda em ônibus e metrô e se aliena para aguentar a m… em que vive, midiotizada pela TV e pela internet, também não dá para esperar muita coisa, pq trata-se de gado que sequer sabe que é gado, tangido para lá e para cá pelas oligarquias e seus representantes políticos e midiáticos. Como já se disse, ninguém consegue se levantar puxando os próprios cabelos, e essa parece a situação descrita. Assim, ou alguém de fora puxa essa gente para cima pelos cabelos, ou não vai acontecer nada mesmo, nunca….. Se os intelectuais estão um pouco distantes do povão, pelo menos conseguem ver o que está acontecendo, pq o povão não vê nada mesmo, infelizmente…..
Algumas centelhas de esperança:
1 – Movimentos pela Moradia. Capilarizados, cada vez mais presentes nas maiores cidades. Boulos é a maior liderança da nova geração, fala a língua do povo. Vejam o docfilme “Era o Hotel Cambridge” e confiram!
2 – Garotada que ocupou as escolas públicas. Minoria, mas numerosa, decidida, aguerrida.
3 – O apoio que o Lula continua a ter, apesar da “sala de guerra” da Globo contra ele. Fala o dialeto do povão. Por isso as elites o ODEIAM.
Não adianta ficar se lamentando. Como diria Lenin, “o que fazer?” “Os filósofos até hoje trataram de explicar o mundo. É preciso transfomá-lo” (Véio Marx)!
É necessário
Não vejo de forma alguma como negativa a criação e difusão do Manifesto Brasil Nação. É necessário movimentos que criam novas possibilidades para que possamos enxergar para além da experiência sensorial.
No dia-a-dia, há poucos momentos para visualizarmos o que está em jogo. A mídia golpista elogia Temer e os congressistas hipócritas. A internet cada vez mais aumenta nossa bolha. Por onde podemos ver outras versões? Sim, com juristas, intelectuais, artistas, jornalistas, economistas, historiadores e tantos outros pensadores progressistas.
Portanto, considero que não devemos excluir de forma alguma o boca-a-boca dentro das empresas com os trabalhadores, mas também devemos ter aqueles que possuem possibilidades de pensar para além da correria do dia-a-dia para apresentá-los a população em geral.
é necessário….
“Do povo, pelo povo, para o povo”. E isto elite brasileira alguma aceita discutir. Nem mesmo as que se dizem socializantes. A destruição do Plebiscito do Desarmamento mostrou que as esquerdas nunca aceitaram a opinião soberana do povo. E não tem nada a ver spmente com esquerdas ou com desarmamento. Tem a ver com a farsa de uma democracia que nunca existiu e da qual nada sabemos.
Projeto Brasil Nação
O que é “povo”? Acho que “povo” é conceito em disputa e construção permanente. A esquerda se distanciou desse “povo” quanto mais se negou a disputar outro conceito, o de nação, abraçando outros tão ideológicos quanto, como de “globalização”, “hibridismo cultural” ou “identidade”. A cultura (em sentindo amplo, que engloba a economia e o lado material da vida) se faz e se reproduz a depender de quais são seus impulsos, de um lado e de outro, sempre em retroalimentação. A reação do “povo”, depende de uma ação (qualquer uma) que se projete sobre ele. E a muito não se olha sobre os jovens da periferia como um “povo”, no máximo a intelectualidade tem se preocupado em examinar seu exotismo de “tribo” ou “gang”, e assim ela vai se reproduzindo a partir de suas “identidades culturais”, às vezes esvaziadas. Acho que o ato da São Francisco e o Manifesto do Projeto Brasil Nação tem várias falhas, mas pensar numa ideia de “povo brasileiro”, é para mim a sua maior virtude.
Cultivar
Então! Quem aqui é capaz de criar grupos de discussão (de esquerda) e ir para a periferia “instuir” os jovens e “O POVO”?
Quantos aqui se acham acima desta tarefa e ficam “revolucionando” com a bunda em suas confortáveis cadeiras?
A direita tem as igrejas, maçonaria, as “Fiesps” de cada estado com o sistema “S”, fazendo proselitismo com dinheiro público.
Quem da esquerda se habilita a encarar horas depois do trabalho ou finais de semana para palestrar e debater com o “POVO”?
“Eles” tem esta disposição, além da midia pregando o dia inteiro seu estilo de vida. Se a esquerda “iluminada” não é capaz de se organizar minimamente para competir com a direita, então parem de mimimi, e entreguem o jogo.
Projeto Brasil Nação
O distanciamento das bases é uma dura realidade, porém, mesmo distanciado e tendo que vender a alma ao diabo pra fazer, talvez, 25% do seu programa, o governo de “esquerda” de 2002 a 2016 conseguiu fazer bastante pelos desvalidos. Infelizmente muito do que se fez não te autossustentável e depende do querer de governos fururos.
Tampouco dá pra imaginar que os desvalidos (do artigo) se organizem de moto-próprio para participar do projeto.
Na essência, o Brasil inteiro paga o alto preço das alianças espúrias.
Vejo o Projeto Brasil Nação não como um fim, mas como o começo de soluções efetivas para os problemas do Brasil, inclusive dos desvalidos.