Prudência e coerência
por Mário Ramos
Manifestações de rua na conjuntura presente implicam em grande risco de provocações e factóides serem usados para alavancar iniciativas golpistas.
Os relatos sobre ocorrido na Avenida Paulista descrevem uma modalidade conhecida de abuso policial, em que a tropa da polícia lança bombas de gás, spray de pimenta e balas de borracha contra manifestantes pacíficos e a partir daí surgem várias provocações e vandalismo. Isto é algo visto desde 2012/2013, e tem se tornado recorrente.
Assim, não é recomendável abrir este flanco de vulnerabilidade, inclusive pelo fato de que no mundo de hoje, é mais eficaz e segura a militância virtual e alternativa.
A utilização organizada das redes sociais e demais meios de comunicação eletrônica, aliada a panelaços amplamente agendados podem gerar efeitos surpreendentes.
Além disso, a organização efetiva de uma frente democrática suprapartidária deve ir além das notas e manifestos, precisa mobilizar de fato as instituições democráticas para promover o amplo debate dos fundamentos que devem embasar o urgente afastamento do presidente da república, bem como a realização de novas eleições gerais.
As provas já formalizadas do uso de fake news nas eleições de 2018 são mais do que suficientes para decretação de nulidade do pleito e realização de novas eleições, os inúmeros crimes de responsabilidade de Bolsonero são graves o bastante para tornar inevitável o impeachment, e na medida em que exista pressão política, organizada e institucional, o legislativo e o judiciário vão perceber que o melhor para todos é a efetiva vigência da legislação e da constituição, para salvar a democracia.
Para tanto, é preciso preservar e ampliar a militância virtual, utilizar meios alternativos tipo campanhas de emails, e mobilizar as instituições representativas da sociedade com vistas a cobrar das instituições estatais o respeito às normas constitucionais.
Nesta medida, a fim de preservar meios adequados para o afastamento de Bolsonaro e para realização de novas eleições, todas as lideranças responsáveis têm o dever de evitar manifestações de rua neste momento, para promover o prosseguimento da mobilização política por meios virtuais e através de iniciativas institucionais.