Fernando Horta
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Só resta fechar o Supremo, por Fernando Horta

Ocorre que a vontade do STF de passar pano não consegue acompanhar a quantidade de vazamentos de óleo que o milício-clã consegue fazer por dia

Nos últimos quatro dias, a escalada político-criminal do Brasil bateu o enredo de qualquer série enlatada norte-americana.

Já que os peixes estão na moda … lembremos que “o peixe morre pela boca”. A rede Globo, sabedora, muito provavelmente, do submundo da investigação sobre o assassinato de Marielle e Anderson, lançou a isca que o inteligentíssimo clã Bolsonaro se enredou, de forma mais rápida do que peixe em mancha de petróleo no mar.

Primeiro, ficou evidente que o MP do Rio de Janeiro, e talvez até mesmo a polícia civil de lá, não podem mais conduzir as investigações. Qualquer análise dos atos processuais, da demora em todas as fases, do apagamento de provas, perdimento de gravações, inabilidade para perícias, para oitiva de testemunhas e TODOS os atos processuais de uma investigação séria deveria ensejar a federalização das investigações.

Contudo, aí a federalização encontra o ex-juiz Moro que parece “matar no peito” melhor que o ministro Fux. Moro conhece um artigo do código que fala que “pedir desculpas”, depois de um crime, isenta o perpetrador de qualquer punição. Ele já usou o mesmo artigo para o ministro Lorenzoni e para vários filhos do presidente. Só não teve ainda o cuidado de nos dizer qual é este maravilhoso artigo que diminui tanto o trabalho do judiciário, ou se ele vale para todos os brasileiros ou só os brancos, ricos e milicianos.

Depois, em flagrante desespero, Bolsonaro saiu fazendo “lives confessionais” falando em “prender um filho meu” e, mais recentemente, confessando que pegou as gravações-chave do condomínio e as adulterou. Isto se chama “réu-confesso”. No mesmo momento, a associação de peritos do RJ lançou nota dizendo que a tal “perícia à jato”, feita a pedido da promotora bolsonarista que vivia numa “ditadura esquerdopata”, não é somente equivocada como fora de qualquer padrão mínimo de aceitabilidade. E seguem os peixes bolsonaros se enredando no óleo.

Um dos filhos que Bolsonaro fez para aumentar as “rachadinhas” fez outro vídeo-confissão, mostrando que ELE próprio havia adulterado o arquivo que ELE usava para safar-se das suspeitas de que ELE teria sido a pessoa que permitiu a entrada e recebeu os milicianos-assassinos de Marielle, vizinhos do presidente.

No mesmo período, vem à público que o filho-vereador havia brigado (quase chegando às vias de fato) com Marielle e seus assessores dias antes do assassinato. A ligação do clã milício-presidenciável com as milícias do RJ é público e notório. Com fotografias, empregos, homenagens e até depósitos em conta pessoal da primeira dama. Se fôssemos um país da América Central receberíamos o epíteto de “narco-república” …

Para piorar, o próprio peixe-presidente declara que “pegou as gravações” “antes das adulterações”. Certamente porque se elas contivessem qualquer coisa que incriminasse a ele ou aos filhos, os princípios da “disciplina consciente” do exército fariam o ínclito milício-presidente entregar as gravações para punir todos os culpados. Talvez até repetindo o bordão de campanha: “bandido bom é bandido morto”. Na cabeça dos seus peixes-votantes, não há motivo algum para se duvidar da honestidade do defensor do torturador Ustra e chefe-mor das rachadinhas.

Isto tudo na mesma semana que outro filho feito com fins arrecadatórios ameaçou o país com um novo AI-5, e o próprio presidente publicou um vídeo se colocando na posição de “leão” atacado pelas “hienas do STF”.

Sabemos da vontade desesperada do STF em passar um pano para tudo isto. Um pano verde-oliva reluzente, com os generais ganhando aumento enquanto os praças seguem na miséria. Pano verde-oliva que, afinal, construiu a carreira política de Sarney, de Maluf e de tantos outros.

Ocorre que a vontade do STF de passar pano não consegue acompanhar a quantidade de vazamentos de óleo que o milício-clã consegue fazer por dia. Certamente os ministros do Supremo deveriam pedir aumento por acúmulo de função. Não é fácil trabalhar fazendo faxina jurídica para o clã de milicianos que nos governam e, nas horas vagas, violentar a constituição reiteradas vezes.

O fato é que Marielle vive e assombra o Palácio do Planalto. E nem o Torquemada do Paraná e sua legião de coroinhas fascistas apoiadores, colocados nas posições-chave de juízes, promotores ou policiais federais, parecem estar conseguindo conter as assombrações. Deve ser a confluência cósmica do dia de Finados com o dia das Bruxas.

Daqui a pouco, o clã milício-presidenciável vai ter que apresentar o Queiroz, ou arrumar algum show intelectual com a Damares e o Weintraub para desviar a atenção do Brasil. Ainda há a possibilidade de soltarem o Lula com o mesmo fim. Porém, para o clã, esta opção é muito perigosa. Um político, com a experiência, respeitabilidade e carisma de Lula, solto a dar entrevistas, viajar o país e criticar o governo é suicídio político.

Entre deixar as investigações chegarem a um dos seus filhos, imolar algum alto apoiador no altar das imbecilidades alienantes ou renunciar ao governo, Bolsonaro prefere fechar o STF. Como a ditadura, aliás, fez. Isto porque o pouco de vergonha na cara que restam aos onze ministros parece ser suficiente para evitar um “grande acordo nacional”.

Bolsonaro e sua prole milício-boçal “morrem pela boca”. Piores que os peixes que, segundo o inteligente secretário da agricultura, “desviam das manchas de óleo”. Os bolsonaros se jogam dentro delas. Todas. Crentes que nada lhes atingirá …

E a Globo prepara Berlusconi-Huck para 2022 …

 

Fernando Horta

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